Olha só quem resolveu dar as caras – Ele diz e cumprimenta meu pai com um aperto de mão que retibui e ri – Por onde andou o nosso Dom Juan? – Ele brinca, eu e Anne nos entreolhamos e olhamos para o meu pai.
-Andei meio ocupado nos últimos dois meses – Ele diz tentando disfarçar e eu mordo o lábio olhando para o lado disfarçando uma risada.
-Estou vendo, dessa vez veio logo com duas, mas ela não é meio nova? – Ele fala baixo e aponta para mim com a cabeça, sinto minhas bochechas corarem e sei que meu pai também está envergonhado e querendo matar o atendente falante.
-Ela não é meio nova, ela é muito nova e é minha filha, Henry – Ele diz ao rapaz e eu dou um sorriso sem graça.
-Bem que notei a semelhança – Ele diz e olho para a Anne que está claramente sem reação alguma, ela me devolve o olhar e eu tento deixa-la menos constrangida com um sorriso.
-E ela é minha namorada – Ele puxa devagar a Anne e passa o braço em volta da sua cintura, sorrio e fico constrangida com a cena de afeto.
-Eu não sabia, sinto muito – Meu pai faz um sinal com a cabeça e ele olha para o caderninho disfarçando – Mesa para três?
-Quatro, estamos esperando mais uma pessoa – Meu pai diz e ele assente nos guiando até uma mesa no centro do salão.
Sento e olho tudo em volta impressionada, até que meu pai tem bom gosto, pouco tempo depois que nos sentamos um garçom vem até a mesa e nos entrega o cardápio, agradecemos e eu abro o mesmo e começo a ler os pratos.
Me sento no jardim em frente à minha nova casa e olho cada detalhe, olho as casas em volta todas em perfeita harmonia com os telhados feitos para suportar o inverno rigoroso e o verão que faz parecer que estamos vivendo dentro de um vulcão, um cenário completamente diferente de onde eu vim, aproximo minhas pernas perto do peito e as abraço, até uma semana atrás eu era uma adolescente que vivia com a avó e agora, sou uma adolescente que passou a viver com o pai em um lugar totalmente desconhecido, com pessoas desconhecidas, eu mal sei da vida do meu pai, quem dirá da minha vida a partir de agora, fico sentada no gramado do jardim por pelo menos uma hora até que a senhora que trabalha para o meu pai me chama para comer algo, desde que cheguei aqui não sinto vontade de comer, mas ela sempre diz que preciso me alimentar, meu pai passa o dia todo na empresa e bom, eu ainda estou desempacotando as minhas coisas e me encaixando neste novo cenário.
-Filha? – Meu pai estala os dedos em frente ao meu rosto, abaixo o cardápio e o olho soltando um suspiro – Está tudo bem Cecília?
-Sim, desculpa, chamou?
-Querida, este é o Christian, meu filho – Anne diz com um sorriso e eu me levanto para o cumprimentar, fico paralisada quando nossos olhos se encontram.
-Não acredito – Dizemos ao mesmo tempo fazendo com que meu pai e a Anne se entreolhem.
-Vocês já se conheciam? – Meu pai e Anne perguntam confusos e eu faço que sim com a cabeça e continuo olhando para o mesmo.
-Ela foi algumas vezes a cafeteria – Ele diz e sua voz arrepia os pelos do meu braço – Mas que mundo pequeno – Eu assinto e ele me lança um sorriso.
-Ela é a garota de quem você comentou? – Anne deixa escapar e depois leva a taça de vinho até a boca disfarçando, em que momento o garçom trouxe isso que eu não percebi?
-Como assim? – Eu desvio o olhar e foco em Anne que está quase engolindo a taça de vinho.
-Que tal se deixarmos isso para depois do jantar? – Meu pai faz um sinal chamando o garçom e Anne assente aliviada.
O jantar foi tranquilo e aquele clima estranho acabou se dissipando pelo ar, eu e Christian trocamos alguns olhares tímidos durante o jantar e percebi que ás vezes sem perceber ele mesmo se pegava me olhando, como se estivesse anotando cada movimento, pedimos a sobremesa, anúncio que preciso ir ao banheiro enquanto a sobremesa não chega e Anne diz que vai me acompanhar, quando voltamos meu pai e Christian estão conversando sobre algo e ficam em silêncio assim que nos aproximamos, arqueio a sobrancelha mas decido não tocar no assunto.
-Então Cecília, fiquei sabendo que aqui tem um jardim incrível, quer ir conhecer? – Christian pergunta e me pega de surpresa.
-Ahn... Tá, claro – Sorrio fraco e me levanto – Posso ir pai?
-Claro, mas estou de olho em – Ele diz e eu reviro os olhos saindo logo após o Christian.
Assim que nos aproximamos do jardim, sorrio e imagino como daria uma bela foto para o Instagram, ele é todo iluminado com pequenas lanternas e várias mesinhas brancas de ferro espalhadas por todo jardim e um pouco mais distante das mesas, duas pérgulas uma ao lado da outra com um banco de madeira em casa e algumas luzes pequenas penduradas sobre as mesmas.
-Hey, se importa se tirar uma foto? – Pergunto tímida e ele sorri, uma gracinha de sorriso.
-Claro – Ele tira o celular do bolso e eu me sento em uma das mesinhas fazendo pose – Daria uma bela foto ali – Ele aponta para a pérgula, ando até a mesma e me sento – Pronto madame – Ele diz brincando e eu dou risada.
-Obrigada – Continuo sentada no banco olhando os detalhes e ele se senta ao meu lado em silêncio, um silêncio enlouquecedor – Desculpa não te chamar, depois daquele dia aconteceu tanta coisa, acho que você deve saber – Quebro aquele silêncio e ele me olha.
-Tá tudo bem, lógico que considerei aquilo como um fora – A sinceridade em sua voz me faz parecer um monstro – Quando sua amiga voltou aquele dia e me entregou seu número eu pensei em chamar, mas pensei comigo que seria inconveniente já que se você não chamou, não queria ser incomodada – Eu mordo o lábio, por esse lado ele tem razão, eu estranhei mesmo quando ele não chamou, mas também nem fiz questão, sem contar que eu tenho quase certeza de que ele está tendo algo com a colega dele de trabalho – E olhe agora, sua mãe namora meu pai e vamos nos ver bastante nos almoços em família – Dou risada –
-Não tinha parado para pensar nisso, mesmo se não quiséssemos o destino ia nos dar uma rasteira e nos trazer aqui – Digo rindo e ele me olha surpreso, é claro que ele sendo mais velho que eu e tendo os pais divorciados não vai acreditar em destino, queria ter colocado uma fita na boca agora.
-Aconteceu algo? – Ele parece preocupado o bastante para não tocar no assunto e eu nego com a cabeça.
-Não, vou entrar, a sobremesa já deve ter chego – Digo me levantando – Você vem?
-Claro...
-Aliás, como você tem meu número, poderia me mandar as fotos?
-Uhm, assim podemos nos comunicar – Ele diz em um tom brincalhão.
*Cap NÃO revisado
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Destinos cruzados: vôo 8.552
RomanceCecília viu sua vida virar de cabeça para baixo quando seu pai ganhou sua guarda e ela se viu obrigada a ir morar com ele nos Estados Unidos por conta de seu serviço, mas ela nem imaginava que com essa mudança conheceria suas melhores amigas e passa...