Capítulo 39

100 11 3
                                    

Cristal

   Alguns dias depois Noah recebeu a notícia de que as crianças seriam tiradas de Joseph, as provas eram mais do que suficientes, fomos correndo para a delegacia, ao chegarmos fomos direto ver as crianças, os advogados tinham feito sua mágica e a guarda das crianças tinha ido para Noah, ajudou muito nenhum dos parentes reclamar a guarda, Joseph resistiu, agrediu um dos policiais e tudo virou uma bagunça com as crianças levadas pelos policiais.

Fomos levados até eles, estavam sentados em uma cadeira, o menino tinha quatro anos e estava no colo da irmã de doze, pareciam assustados, estavam confortáveis aparentemente, mas era evidente que morrendo de medo, uma mulher estava com eles, provavelmente a psicóloga infantil, quando nos aproximamos mais senti Noah nervoso, apertei sua mão com força.

- Tudo bem, estou aqui com você. - Ele balançou a cabeça e olhou novamente para as crianças, a mulher se levantou e se aproximou quando chegamos mais perto.

- Olá, sou a Dra. Julie, pelo que pude notar eles estão assustados porque tem medo de sofrer mais maus tratos, se vocês forem pacientes vão ver que são crianças maravilhosas. - Ela sorriu e se afastou nos dando privacidade, as duas crianças olharam para nós, aquilo deveria ser assustador demais, mesmo sendo ruim e violento o pai era tudo o que eles tinham, decidi me aproximar primeiro, Noah parecia não saber o que fazer.

- Olá. - Sorri para eles, me sentei na cadeira ao lado - Sou Cristal.

- É você que vai cuidar da gente? - Sorri para a menina e olhei para Noah.

- Também. - Ele se aproximou e se ajoelhou na frente das crianças - Eu sou o Noah, sei que estão assustados, mas prometo que nada de ruim vai acontecer com vocês.

- O que vai acontecer com o papai? - Ele respirou fundo.

- Nada de ruim vai acontecer, mas ele fez coisas muito ruins, e as pessoas boas acham que isso não é certo, não é certo machucar vocês.

- Mas ele dizia que era para educar a gente, não queria crianças malvadas. - O pequeno menino falou e depois começou a chorar acompanhado da irmã.

- Calma, não precisa chorar, está tudo bem agora, ninguém mais vai machucar vocês ok? - Eles balançaram a cabeça concordando comigo - O que acham de comermos um lanche bem gostoso em algum lugar?

- Pode ter chocolate? - Sorri para o menininho.

- O que você quiser querido.

- O que você é da gente? Não iam deixar você nos levar assim, a Dra. Julie disse que você é nossa família, e que estaríamos seguros com você, mas eu nunca vi você. - Era uma garota esperta, ela não soltou o irmão nem por um segundo.

- Eu sei que não Selena, mas eu sou alguém que está a muito tempo querendo conhecer você e seu irmão, e se você deixar e quiser, prometo que nada vai faltar pra vocês dois, vocês não vão mais sofrer, nem vão voltar pra aquele lugar. - Eles se encaravam com uma intensidade impressionante - Você não quer levar seu irmão pra uma casa grande, com camas quentinhas e confortáveis e muita comida?

- Sim, mas não quero me separar dele, e agora que nosso pai não pode mais ficar conosco, talvez isso aconteça, eu já sou bem grandinha, já sei o que acontece.

- Você é muito inteligente também Selena. - Noah se sentou no chão, sem se importar com nada além das crianças - Quando minha mãe era muito jovem ela conheceu o seu pai, e eles tiveram um filho, e esse filho sou eu, você entende querida?

- Sim, isso te faz nosso irmão. - A menina parecia menos tensa e Noah também, era como se eles se entendessem pelo olhar.

- Sim, o que acha de nós irmos? Acho que estão com fome não é?

Ela balançou a cabeça, Noah pegou Derek no colo, ele não ofereceu resistência, Noah tinha essa aura de confiança, essa coisa que nos deixava a vontade, Selena seguiu ao meu lado, coloquei o braço em seus ombros, todo apoio e afeto era importante.

Noah assinou os papéis, falamos com a assistente social, Noah não poderia sair de Londres com as crianças por enquanto, logo fariam visitas para saber se as crianças estavam se adaptando e se tudo desse certo elas poderiam ir para a Itália.

Fomos para o restaurante, no caminho liguei para Sofi, ela estava se tornando uma amiga maravilhosa, as crianças conheciam os funcionários, com a chegada de Sofhia tudo ficou perfeito, todos ao redor das crianças, aliviados, felizes, sabiam que agora elas estavam em boas mãos.

Na parte da tarde fomos comprar roupas novas para elas, agora já estavam bem mais confortáveis ao lado de Noah, compramos de tudo, Selena parecia retraida no começo, então pedi para que Noah ficasse com Derek enquanto nos duas procurávamos roupas.

- Não sei se aqui tem algo para mim, eu não sou muito bonita. - Parei de mexer na arara e olhei para ela.

- Quem te disse isso? - Ela mexeu no cabelo e olhou ao redor - Não olhe ao redor Selena, olhe pra mim, você só tem doze anos, eu sei que parece que nada vai mudar, mas vai, um dia você vai acordar e olhar uma mulher linda no espelho, e será forte, porque você já é, a algumas horas você estava segurando seu irmão caçula nos braços temendo que alguém o tirasse de você, e não se engane, Noah só fez isso porque infelizmente seu pai não fazia as coisas que um pai deve fazer, nós sabemos pelo que você passou anjinho, você não está mais sozinha, você confia em mim?

- Sim, confio.

- Ótimo, então confie quando eu digo que você é linda, agora, chega disso, vamos lá provar essas roupas e acabar com o dinheiro do seu irmão, não se engane, também vou gastar do dinheiro dele. - Pisquei para ela que sorriu e começou a tirar roupas das araras.

Quando enfim fomos para o apartamento já estava escurecendo, entramos cheios de compras e de risos, Derek estava quase dormindo, mas o convenci a ficar acordado quando falei da banheira enorme do quarto de Noah, banhos com muita água quente era o fraco das crianças.

Quando entramos quase pulei de felicidade ao ver Mariah em uma divertida conversa com a empregada, ela abriu um enorme sorriso quando nos viu, as crianças pareciam desconfiadas.

- Aí estão vocês, eu estava muito empolgada para conhecê-los. - Coloquei todas as sacolas dos meus braços no sofá e fui ate ela lhe dando um beijo.

- Quem é você? - Derek perguntou curioso, Mariah pegou duas sacolas que estavam perto dela e sorriu.

- Eu? Eu sou a vovó, e trouxe presentes para meus novos netinhos. - Da primeira sacola ela retirou uma caixa com bombons, Derek foi até ela sem pensar duas vezes, já Selena ficou parada perto de Noah - Um passarinho me contou que alguém aqui gosta muito de desenho.

Primeiro ela retirou um caderno de desenhos, e colocou na mesinha, depois uma caixa retangular com tintas a seco, era linda, decorada de branco e vermelho, em cima estava escrito Selena.

- Pedi para que gravassem seu nome, veio diretamente de Paris.

- Paris? - Eu podia jurar que os olhos de Selena brilharam quando ela viu os pincéis, de tamanhos e formas variadas - É pra mim?

- É claro minha criança, venha cá.

E ela foi, sem medo, me aconcheguei nos braços de Noah enquanto olhávamos os três na sala, Mariah dava atenção as duas crianças que pareciam muito felizes, tudo estava bem. Por enquanto.

Cristal - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora