Capítulo 20

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Noah

   Dois dias depois de ter voltado para a Itália eu ainda estava atolado em problemas, saia de casa antes do sol nascer e só voltava durante a noite, mau tinha parado para falar com minha avó e revezava entre ser um empresário e ajudar nos vinhedos, eu nunca tive problemas com isso, mas nos últimos tempos eu estava me dividindo demais entre a Inglaterra e a Itália, e isso estava me deixando exausto.

E agora tinha ela, Cristal puxava meu pensamento mas nas mais variadas horas do dia, eu não queria deixá-la, ela podia muito bem estar com outro cara nesse exato momento, ela era livre, não tínhamos nenhum compromisso, mas isso não me impedia de ficar irritado só de imaginar, eu estava apegado demais a ela, e isso não me incomodava nenhum pouco, mas fazia falta, sua alegria, sua risada e sua voz.

Desço do carro e caminho devagar até a entrada, o sol estava se pondo, eu tinha muito trabalho, mas estava morrendo de saudades da minha avó, ela por outro lado estava sempre cercada de pessoas que adoravam sua companhia, mas nunca, em hipótese alguma me deixou de lado, e era mais do que minha obrigação retribuir o carinho e amor.

- Aí está... - Falei entrando na sala de estar á encontrando sentada com uma xícara na mão - A mulher mais linda do mundo.

- Minha criança. - Beijo sua testa e bochecha e ela sorri quando sentei ao seu lado - Achei que não teria um tempo de verdade para mim nunca.

- Mi dispiace mamma... Estou atolado em trabalho e problemas, prometo que tentarei resolver tudo o mais breve possível.

- Ah sim, é o que espero, um tempo para essa velha senhora.

- Não estou vendo a velha senhora. - Olho ao redor fazendo teatro - Apenas uma mulher bonita e jovem ao meu lado.

- Você e seus primos são uns galantes, não é atoa que se casaram tão bem, estou velha mas ainda quero ver essa casa cheia de crianças, incluindo as suas.

- Mamãe, não pretendo ter crianças minhas tão cedo. - Beijo sua mão e sorrio.

- É mesmo? Mesmo assim eu adoraria, pelo menos antes de morrer, estou velha, adoraria de verdade outra crianças de olhos azuis, azuis como... Meu colar de Tanzanita. - Olhei para seus olhos, nos encaramos por alguns segundos até que eu desisti.

- Como sabe?

- O mundo evoluído é uma maravilha não é? Falo com minha família todos os dias.

- Eu vou matar o Matthew, ele fala da Scarlet mas é igualzinho.

- Ora essa, o que tem de mau, se não fosse por ele eu nunca saberia, você não faz a mínima questão de me contar.

- Não é isso mamma. - Acaricio sua mão entre as minhas - Só aconteceu, não é nada sério.

- Entendo, gosto daquela menina, é muito gentil, cheia de vida, e educada.

- Sim, ela é. - Sorrio comigo mesmo ao lembrar dela, mas paro quando percebi minha avó me encarando - Mas não é por quê ficamos juntos que você já tem que imaginar crianças parecidas com ela correndo pela casa, Deus do céu, já imaginou? Criança megeras como aquela mulher, eu enlouqueceria.

- Eu á acho esplêndida.

- É claro que acha. - Somos interrompidos por Emira que entra avisando que o jantar está pronto - Eu também acho a Cristal maravilhosa, mas eu não sei onde vamos parar, não quero que tenha esperanças demais, pode não ser nada, não acho que algo sério seja algo que queiramos.

- Vocês jovens são muito complicados, Matthew é o meu orgulho, você é um cabeça oca igualzinho ao Tyler, não é difícil perceber qual mulher é a certa.

- Porque você gosta dela?

- Não, porque você gosta, só quero os bebês.

- Nada de bebês pra senhora. - Seguro sua mão e á ajudo a levantar - Já tem o Harry, a Hanna e o Gael, que tal esquecermos isso? A comida está com um cheiro incrível.

- Homens são umas pestes, todos iguais, sempre mudando de assunto.

- Não, só quero saber de você. - Beijo sua bochecha enquanto caminhamos arrancando um pequeno sorriso dela - Você é minha prioridade senhora Callow.

- Vamos meu menino, tenho muito pra contar.

Jantamos em uma animada conversa, contei a ela sobre o progresso em meus planos, minha avó era minha cabeça em muitos momentos, sempre que me sentia perdido ela estava lá me indicando o melhor caminho, era uma mulher forte, construiu tudo o que a família tinha ao lado do meu avô, quando minha mãe morreu eu era apenas um garoto perdido, ela me deu amor e apoio para superar sem traumas a perda, quando meu avô morreu engoli minha própria dor e fiz o mesmo por ela, éramos uma dupla, eu era seu filho e ela minha mãe.

E me conhecendo dessa forma era a única que sabia sobre tudo o que acontecia, ter falado sobre Cristal não me impressionou, não era recente a admiração que minha avó sentia por ela, nem o carinho, eu só não sabia onde tudo ia dar, poderia dar em um simples nada, não importava o quanto vivêssemos a sair e tranzar, eu só não queria que minha avó se enchesse de esperanças que seriam enterradas junto com uma relação que nem existia.

Eu e Cristal pareciamos cão e gato a maior parte do tempo, as birras acabaram na cama mas não anulava o fato dela ser uma megera, de me enlouquecer e me alfinetar várias vezes, o pior de tudo era que eu me peguei desejando aquilo várias vezes durante os últimos dois dias.

Tínhamos nos falado por mensagem mas não era a mesma coisa, não era como vê-la, toca-la, ouvir suas voz e risadas de perto, sentir seu cheiro, Cristal tinha um estado de espírito de calmaria, felicidade, de paz.

- Estou pensando em reformar algumas partes da casa. - Sou tirado de meus pensamentos pela voz da minha avó - Mas não quero fazer sozinha, acho que vou precisar de ajuda.

- Se eu for útil de alguma forma, estou a disposição.

- É claro que não está, você tem um milhão de negócios para administrar, e quero algo mais feminino, mas obrigada filho. - Sorrio para ela e coloco a xícara na mesinha á frente da poltrona.

- É sua casa, faça o que preferir, tenho certeza de que ficará lindo.

- Sim, eu também, acho que semana que vem posso começar, tem previsão de voltar a Londres?

- Infelizmente não. - Suspiro frustrado - Acumulei problemas demais aqui, não devo conseguir sair por pelo menos duas semanas.

- Que pena, mas não esqueça de avisar está bem? Pretendo ir com você, levar alguns presentes para as crianças, ver aquele homem com meus próprios olhos.

- Não sei se é uma boa ideia mamãe.

- É claro que é, quero ver se também vai fingir que não me conhece, aquele cretino.

- Tudo bem mamma.

Cristal - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora