Capítulo 3

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Cristal

   Depois de horas, ouvindo o mesmo paciente, sai em busca de algum lugar para almoçar, o Sr. Clarkson sempre pagava por horas extras, era um homem solitário, rico, mas sem família ou amigos, e descarregava todas as horas calado falando sem parar em meu consultório.

   Suspirei e senti meu estômago se remexer quando senti o cheiro de comida do restaurante, era perto do prédio onde se localizava meu consultório, não era extravagante e naquele horário não estava cheio, a hostess me levou até uma mesa perto da cozinha e o garçom se aproximou com o cardápio, fiz meu pedido sem precisar olha-lo, já estáva acostumada a comer ali.

   Depois de alguns minutos uma risada chamou minha atenção, quando levantei a cabeça vi que o som vinha de uma mulher loira, alta e magra, muito bonita, tipo uma modelo da Victoria Secret's. E o homem que a fazia rir era ninguém menos que Noah Callow.

   Senti meu bom humor sumir em segundos e pensei em mudar de cadeira e ficar de costas para aquele casal que me irritava logo de cara. Quem era aquela mulher? Com certeza tinham algo, era bonita demais pra um homem solteiro e bonito deixar passar.

   Desviei o olhar sentindo raiva, e desejo de ser eu a mulher ali com ele, mas senti mais raiva do que desejo. Ouvi o barulho do meu celular indicando uma nova mensagem e procurei na bolsa quase seseperada para que fosse algo que chamasse a minha atenção, desbloqueei o aparelho e abri o aplicativo de mensagens que continha uma mensagem de um número desconhecido.

" Porquê  você está brava? "
  
   Abri a foto do perfil, um Noah muito sorridente estava estampado lindamente ali, revirei os olhos.

" Onde você conseguiu meu número?"

" Somos praticamente da mesma família, conseguir seu número é a coisa mais fácil que tive de fazer, e você não respondeu minha pergunta "

" Porquê você está falando comigo? Não devia dar atenção a sua acompanhante? Eu não estou brava, apenas com fome. "

  Pego a taça de água e olho para o lado enquanto bebo um gole, como quem não quer nada novamente olho para frente e flagro Noah me encarando com aquele sorrisinho descarado de quem está tentando segurar o riso. Reviro os olhos. Babaca.

" Você por acaso me chamou de babaca em pensamentos enquanto revirava os olhos? "

" Meu Deus Noah, você é telepata? "

" Isso seria bastante útil não acha? Mas não, apenas conheço você, pequena megera. "

" Vai se foder, seu idiota. "

   Jogo o celular dentro da bolsa e finalmente minha comida chega, suspiro e solto um gemidinho baixo de satisfação com o gosto do tempero em minha língua, eu estava faminta.

   Após terminar meu almoço me dei o presente do dia, uma bela fatia de torta de chocolate, cheguei até a esquecer que Noah estava ali com sua "amiguinha" até o momento em que estava retocando meu batom e ela entrou no banheiro, caminhava com classe e falando ao telefone.

   Continuei passando batom como se nada tivesse acontecido e ignorei enquanto ela falava sobre as qualidades de Noah, como se eu não soubesse, eu não deveria estar tão incomodada não é, nós nao tínhamos nada, ele podia almoçar com quem quisesse.

   Mas mesmo assim eu me sentia magoada, me sentia murchar um pouco por dentro, eu sabia esconder minhas emoções, droga eu sou psicóloga, faz parte do meu trabalho não deixar transparecer, mas fica difícil quando é ele a primeira pessoa que vejo quando saio do banheiro, encostado na parede.

- Não sabia que vinha muito aqui. - Ele cruza os braços e sorri - O que acha da comida?

- Talvez eu venha demais, a comida é maravilhosa, o atendimento também mas... - Noto seu olhar na minha boca e quase sorrio em provocação - Como eu disse, talvez eu pare de vir.

- Por quê? Só porque me viu aqui com uma mulher?

- Não seja idiota, o que você faz da sua vida não me interessa, nem me afeta.

- Tem certeza? - Ele da um passo em minha direção ficando muito próximo, e meu bobo coração salta com a proximidade - Você parecia bem até olhar para nós.

- Você estava...

- O tempo todo, desde que entrou no restaurante balançando esses quadris deliciosos, deveria ser um pecado deixarem você trabalhar nessa saia, a única coisa em que pensei foi em como foder você sem tira-la.

-Noah... - Digo ofegante, mas antes que eu diga algo sou interrompida.

- Noah!

   Olho em direção a loira parada perto de nós, Noah nem se deu o trabalho de desviar, me deixando inquieta com seu olhar quente sobre mim.

- Noah, estou pronta, podemos ir? - A loira tenta mais uma vez obtendo sua atenção.

- Claro Stefani.

- É Estella. - O olhar mortal da loira-ele-não-lembra-seu-nome se direciona para mim e não é nada gentil - Que tal irmos embora? Estou cansada desse lugar.

- É mesmo? Eu acho um lugar bem agradável, a Cristal também, mas me diga o que não a agrada? - Noah parecia quase divertido ao falar, levantei a sobrancelha, ele estava aprontando algo.

- É claro que ela achou. - A loira novamente me olha dos pés a cabeça - Eu gosto de lugares mais refinados, aqui é tudo, normal demais, é lugar de gente comum, não é pra gente como nós dois querido.

- Nós dois? - O sorriso do cretino se abre, com lindos e perfeitos dentes brancos. - Você tem razão, Cristal não deveria estar aqui. - A loira sorri arrogante e Noah pisca para mim antes de continuar. - Sendo herdeira dos Immers e provavelmente tendo uma conta bancária absurda ela poderia estar no melhor restaurante da cidade, e não aqui ouvindo coisas como as que você acabou de falar, mas veja só, aqui está ela, em um restaurante que pelas palavras dela é um lugar maravilhoso, e eu como proprietário fico extremamente feliz em ouvir isso.

   Tentei segurar o riso, ou uma gargalhada, a loira arregalou os olhos e abriu a boca variar vezes, Noah continuava com a expressão divertida, eu me surpreendi um pouco ao saber que ele era o dono do restaurante, aquele não era o tipo de investimento que um homem como ele parecia fazer, se bem que ele era dono de vinícolas muito sofisticadas e importantes, muitas herdadas pelos avós, talvez investir em restaurantes fosse o negócio perfeito.

Cristal - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora