Cristal
Suas mãos grandes passeiam pelo meu corpo, estávamos na sacada de pedra, meu corpo estava nu e eu estava no chão sorrindo, as velas estavam ao redor do meu corpo e eu podia ver aquela cabeleira negra na altura da minha barriga, eu podia sentir seus beijos molhados e quando ele levantou a cabeça eu me perdi naqueles olhos negro, e no peito descoberto, eu queria tanto senti e beijar sua boca mais uma vez.
Quando o despertador tocou eu quase cai da cama, e quase chorei, eu não acredito, era a melhor parte do sonho, isso sempre acontecia, fazia uma semana que eu tinha voltado da Itália, e eu tinha tido alguns sonhos com Noah, em um deles ele queria me matar, talvez seja porque eu não paro de pensar nele, volta e meia estou pensando na noite em que ficamos juntos aos beijos em uma sacada de pedra com velas e um luar bonito.
No dia seguinte voltei para Londres, não podia simplesmente abandonar meu trabalho, e de lá pra cá ele não deu sinal de vida, nenhuma ligação, nenhuma mensagem, isso não deveria me afetar, foram só beijos em uma noite agradável, provavelmente para ele não foi nada, eu é que devia pôr um freio nos pensamentos e agir como se nada tivesse acontecido entre nós.
Ninguém notou nossa ausência, ficamos juntos até o dia clarear, depois Noah me levou até a porta do quarto em que eu estava e esse foi nosso último contato, a uma semana atrás, e martelava em minha mente uma vontade insana de mandar uma mensagem, mas eu não me rendi a tentação, se ele quisesse poderia muito bem falar comigo, se não falou é porque não quer.
Trabalhei normalmente durante todo dia, volta e meia me pegava pensando no sonho e consequentemente em Noah, olhava o celular mas não havia nada, almocei no restaurante como sempre, voltei e trabalhei mais, no fim do dia tinha feito tantas coisas no automático que estava cansada e nem sabia direito o porque.
- Merda! - Praguejo ao sair do prédio e ver a chuva torrencial caindo, eu estava sem guarda-chuva e tomaria um banho até chegar no meu carro.
Conto até três e entro na chuva, que me molha em segundos, entro no carro o mais rápido que consigo e logo o aquecedor, dirijo devagar tendo que parar duas vezes por não enxergar nada com toda aquela água, assim que chego ao prédio corro para o elevador da garagem mas o mesmo parece não funcionar, encosto minha testa na parede e suspiro.
- Ótimo. - Provavelmente está em manutenção.
Sinto meus lábios tremendo, estou toda molhada e com frio, forço minhas pernas a caminhar até a entrada e abraço meu próprio corpo, assim que entro o porteiro me dá um tchalzinho que devolvi quase chorando por ter que desgrudar a mão do corpo.
Aperto o botão do elevador e graças a Deus aquele estava funcionando, após alguns segundos ele se abre e quando aperto para o andar uma mão segura as portas, não levantei a cabeça, observei as pernas do homem e fechei os olhos, estava muito frio.
- Você está péssima. - Tinha que ser ele não é? Tantos momentos em que sai bonita, outras vezes não, mas pelo menos não estava molhada e patética.
- Nem todos têm a sorte de estar sempre secos não é? - Levanto a cabeça e observo ele tirar o sobretudo enquanto me olha - Não precisa...
- É claro que precisa, você está ficando azul. - Ele o coloca sobre meus ombros e me puxa para seu peito, imediatamente relaxo no calor - Você pode ficar doente se continuar tomando essas chuvas.
- Esqueci o guarda-chuva, não que você se importe. - Fecho os lábios com força, não devia ter dito isso.
- O que quer dizer com isso?
Sou salva pelo elevador se abrindo, imediatamente saio de seus braços, enquanto caminho pelo corredor consigo ouvir seus passos e o barulho das rodinhas da mala que ele trazia consigo, coloco o dedo na fechadura da porta mas nada aconteceu, ótimo.
- Se seu dedo estiver enrrugado não vai abrir.
- Que sorte a minha então. - Desdenho e encosto a cabeça na porta, ouço o barulho e o click da porta dele.
- Venha, não vou deixar você aí congelando.
Me viro e olho para ele, tão bonito, depois para a porta aberta, penso no aquecedor e em toalhas secas, depois olho para minha própria porta fechada e para minhas mãos.
- Eu tenho café, em dez minutos você vai estar seca e com uma xícara fumegante mas mãos. - Olho para ele e por um segundo amaldiçoo aquele sorrisinho cretino.
- Só vou pelo café!
Ela empurra a porta e me da espaço para entrar, o apartamento era bem decorado e masculino, era aberto e da sala era possível ver a cozinha, tinha móveis sofisticados e com cores escuras, o que contrastava com as grandes janelas do teto ao chão, me assustei quando senti suas mãos em meus ombros.
- Vou te mostrar onde é o banheiro e enquanto você se seca vou preparar aquele café. - Balancei a cabeça, ele tirou o sobretudo dele e depois o meu próprio - Venha.
Subimos as escadas, ele entrou em uma porta e quando passei por ela pude notar que não estávamos em um quarto de hóspedes, era nítido pelo cheiro dele no lugar, a decoração bem mais íntima e as fotos dele e da família.
- No banheiro tem toalhas e roupão, vou deixar você a vontade.
- Obrigada.
Assim que ele saiu entrei no banheiro espaçoso, tirei toda roupa e fui pra debaixo do chuveiro quente, foi maravilhoso, meus dedos estavam enrugados de verdade, dei verdadeira atenção ao meu rosto para tirar toda a maquiagem borrada, eu teria que me virar com o que tinha ali até conseguir entrar em meu próprio apartamento.
Depois que terminei me sequei e todo meu cabelo até tirar todo excesso de água, achei algumas escovas em uma gaveta e penteei, cobri meu corpo com um roupão, eu não era baixinha, mesmo assim ficou um pouco grande, mas confortável, em seguida sai do banheiro e do quarto, já na escada eu pude sentir o maravilhoso cheiro de café, estava forte e foi bem vindo.
- Já estava subindo pra levar seu café. - Noah saia da cozinha com duas xícaras na mão, descalço e com as mangas do suéter levantadas - Sente-se no sofá, aumentei a temperatura para que fique bem logo.
- Obrigada. - Pego a xícara de café e me sento no sofá confortável, ele sentou ao meu lado - E obrigada também por me deixar ficar aqui, foi muito gentil.
- Eu não poderia te deixar congelando, sorte a minha de ter chegado na mesma hora em que você, agora estou com você aqui.
- Você tomou banho? Eu poderia ter tomado no quarto de hóspedes, você não precisava, a casa é sua Noah.
- Eu tomei uma ducha rápida, só queria trocar de roupa.
- Você não ligou. - Mordo a língua e desvio o olhar para meu café tomando em seguida.
- Ah, então é esse o problema. - Eu sabia que ele estava sorrindo mesmo sem olhar, fechei os olhos quando ele acariciou meu queixo e me fez olhar em seus olhos - Achei que fosse fugir se do nada eu começasse a ligar e mandar milhões de mensagens, mas pode ter certeza de que quase fiquei louco, muito mais louco eu fiquei quando os problemas não pararam de aparecer me deixando preso na Itália, eu amo aquele lugar, mas só queria vir correndo pra Londres e te encontrar pessoalmente, não se engane Cristal, eu pensei em você muito mais do que gostaria.
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Cristal - Livro 3
Roman d'amourCristal Immers é sem dúvidas espirituosa, muitas vezes sem papás na língua mas sem dúvidas uma observadora nata. Cristal é mais uma das jóias Immers, dotada de grande beleza, atitude, independência e exóticos olhos azuis, Cristal não é uma mulher qu...