Cristal
Janeiro de 1986
Hoje dei meu segundo beijo, o primeiro tinha sido com dezessete anos, eu queria saber a sensação, então deixei um dos amigos do meu irmão me beijar, não tinha sido nada demais, e meu interesse tinha morrido ali com Vicenzo Manderinni.
Mas hoje, o beijo que recebi foi... Não sei explicar, eu achava que o olhar dele me incendiava mas estava tão enganada, seu beijo era o verdadeiro ateador de fogo, foi maravilhoso, ele foi paciente com minha inexperiência e sorriu, eu estou apaixonada.Janeiro de 1986
Meu caro rapaz de olhos escuros, é assim que gosto de pensar quando lembro dele, agora eu tinha certeza de que estou apaixonada, ele é um rapaz humilde, da pra ver pelas roupas, pelos lugares onde ele me leva, como fala.
Ele gosta de falar sobre flores, sobre comida e como sou linda, me sinto bem perto dele, me sinto leve, se eu soubesse que a paixão era assim tão maravilhosa teria tratado de me apaixonar antes, se fosse correspondida claro, e sendo assim decidi contar a ele sobre meu verdadeiro sobrenome, de onde venho e para minha surpresa ele não se incomodou, continuou agindo normalmente e é que alívio foi para mim saber que ele não via impedimento para nós dois.
Agora eu sentia meu coração flutuar, não existia mais segredos entre nós, ele até mesmo brincou dizendo que, ja me chamava de princesa e agora tinha certeza de que eu era uma, a princesa das uvas, disse ele sorrindo e me roubando um beijo.
Não existia hora mais empolgante pra mim do que a que eu escapulia para encontra-lo, era empolgante e agora necessário no meu dia a dia, eu dormia pensando nele, acordava sorrindo e pensando nele, tudo era tão perfeito entre nós, amores assim existiam e agora eu tinha a prova, eu era uma prova.Paro um pouco minha leitura e olho pela janela do meu consultório, eu apriveitava cada tempo livre para ler os diários, isso aplacava um pouco a saudade que eu sentia de Noah, fazia dias e eu não tinha notícias suas, não diretamente dele, eu queria tanto ouvir sua voz, abraça-lo, contar para ele como eu estava boa em italiano, era uma língua magnífica e eu me esforçava muito para aprender cada dia mais, já lia o diário sem precisar de ajuda do tradutor ou dicionário.
Mariah me dizia que ele estava bem, Aileen me dizia que ele não queria falar do assunto e eu me neguei veementemente a falar, só contei que nos brigamos, que não estamos bem e nada além disso, eu não queria fazer mais tempestade em como d'água, Aileen iria até o fundo do poço para arrancar a verdade dele, eu não queria que ele me odiasse, eu não poderia contar nada até saber de toda a verdade.
Suspiro e volto a minha leitura, Sthefania falava sobre seu romance com o rapaz inglês, sobre os negócios do irmão estarem dando mais do que certo, era incrível saber como tudo começou lá atrás por uma perspectiva diferente, Sthefania parecia muito criativa e liberta, gostava de explorar, estudar, se aventurar e descobrir coisas, era uma mulher bem a frente, e gostava de lutar pelo direito das mulheres, eu já admirava aquela mulher.
Fevereiro de 1986
Amanhã vou voltar para Itália, esperarei meu amor, ele me jurou que logo estará lá comigo, por isso tomei a decisão de me entregar para ele, logo estaremos casados e eu não aguento mais esse fogo que queima dentro de mim sempre que ele me toca.
Ele me disse que tem muito mais e é que pode me fazer muito feliz, e eu quero mais que tudo ser feliz, é minha prioridade, logo estarei casada com o homem que amo, na faculdade e vamos morar na Itália, serei dele para sempre, meu querido Joseph.Abro a boca no ato, Joseph, coloco a mão na boca, as peças começam a se encaixar na minha cabeça, por isso eu achei o homem do restaurante familiar, Sthefania falava o tempo todo dos olhos, os olhos, os olhos que incendiaram aquela mulher a anos atrás eram idênticos aos que incendiaram meu próprio corpo.
Por isso eu achei o homem familiar, eu não conhecia ele, conhecia o filho dele, Joseph era o pai de Noah, como não percebi, como fui tão burra? É claro, por isso o filho de Joseph parece tanto com Noah, eles são irmãos e aquele homem tinha uma capacidade extraordinário de passar genes adiante porque os filhos se pareciam demais.
Voltei meus olhos novamente para o diário, eu tinha mais alguns minutos até o próximo paciente, e Mariah me disse que eu encontraria as respostas naqueles cadernos.
Fevereiro de 1986
Aconteceu, não foi como eu esperava, não foi ruim, mas foi desconfortável e doloroso, Joseph pareceu gostar muito mais, minha mãe era uma mulher bem a frente e já tinha me explicado tudo, eu tenho certeza de que não alcancei meu clímax, mas pelo que eu sabia muitas mulheres não sentiam, muito menos da primeira vez.
Finalmente nos unimos como um só, foi uma sensação incrível saber que estava dando prazer a ele, se olhar por esse lado também tive o meu prazer, ele me fez sentir muitas sensações antes de tomar para si minha virgindade, foi bom.
Eu estava tão nervosa, pensei em parar mas Joseph me garantiu que logo nos casaremos, então eu confiei, me joguei, e agora estou aqui, precisando de um banho, me sentindo culpada por mentir para meu irmão é muita mais para Anna, minha cunhada é uma das minhas melhores amigas, mas Joseph disse que era melhor manter tudo em segredo.
Eu confio nele, voltarei para casa manhã, estou nervosa, com medo, mas logo ele estará lá, pedirá minha mão a papai e se for preciso chorarei por duas para que ele permita que eu me case, estou amando e ninguém que ama assim deve ser separado de seu amor, sinto que poderia até mesmo flutuar, tudo de mais importante bainha vida agora é ele, meu amor, meu Joseph.
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Cristal - Livro 3
RomansaCristal Immers é sem dúvidas espirituosa, muitas vezes sem papás na língua mas sem dúvidas uma observadora nata. Cristal é mais uma das jóias Immers, dotada de grande beleza, atitude, independência e exóticos olhos azuis, Cristal não é uma mulher qu...