Capítulo 28

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Cristal

   Se toda a situação tivesse acontecido a alguns anos atrás eu com certeza teria jogado na cara de Noah que não devo satisfações a ele, teríamos brigado, provavelmente nunca mais nos falariamos, isso já tinha acontecido antes, mas agora não acontecia mais, depois que comecei a entender que nem tudo depende de mim passei a ver as situações com outros olhos.

Eu prefiro pensar, ver toda a situação e pensar em minhas ações, se tivesse algo que eu pudesse fazer, eu faria, se não, não perdia meu tempo pensando, e no caso da situação da noite passada eu podia sim fazer algo, Noah me pegou desprevenida, mas ele era uma das poucas pessoas que me deixavam sem ação, então depois de ver tudo o que podia fazer eu dormi, descansei e no dia seguinte meu plano estava saindo melhor do que o esperado.

Noah estava quase entregue, eu queria ver ele me implorando perdão por agir como um idiota, depois eu me jogaria naqueles braços fortes, aquele não era o tipo de situação que me afetava, eu queria aquele homem e um mau entendido não me tiraria aquilo, ele também me queria e o ciúme só deixava isso cada vez mais sólido.

- Estou pronta, podemos ir? - Saio do provador com a cesta nas mãos, não olho para ele, fiquei no provador tempo suficiente para que seu corpo se acalmasse.

- Tudo bem. - Caminho até o caixa e entrego alguns conjuntos de lingerie e dois biquínis, tudo sob o olhar atento de Noah. - Achei que fosse levar o azul.

- Acho que não, talvez eu tenha ficado nua demais nele, não usaria em público. - Noah Colocou a mão na pequena pilha enquanto eu pagava minhas compras.

- Vou levar este. - Ele entregou a moça no caixa, mas se quer olhou para ela enquanto falava, ele olhava para mim, apenas para mim, inteira - Quero alguém usando para mim, é uma peça muito sedutora, não acha?

Abri a boca e o cretino sorriu e olhou para a pobre moça que estava até mesmo vermelha, Noah sorria para ela, que concordava com tudo que ele falava, se ele achava que viraria esse jogo a seu favor estava bem enganado, aquele jogo era meu, e as regras eram minhas.

- Acho que vai ficar ótimo, aposto que ela vai gostar. - Desvio meu olhar para a moça - Você poderia embrulhar pra presente? Aposto que a pessoa que vai ganha-lo é muito especial.

- Claro. - Ela sorriu e começou a colocar em uma caixa, Noah continuou me olhando e eu ignorando seu olhar, ela colocou a caixa numa sacola e entregou a ele - Aqui esta, ela é uma moça de sorte.

- Pode apostar. - Ele piscou para a moça e eu pude apostar que se ela fosse manteiga teria se derretido ali mesmo.

Revirei os olhos e sai andando, vi o carro dele parado e caminhei na direção dele, Noah destravou e correu para abrir a porta pra mim, entrei e coloquei o cinto enquanto ele dava a volta, me remexi um pouco e meu vestido subiu, eu estava fazendo de propósito com certeza, eu tinha consciência de que se quisesse faria ele chorar de desejo.

Joguei minhas sacolas no banco de trás enquanto Noah dirigia pela cidade, eu tentava decorar o caminho e as ruas, não era uma cidade tão grande, mas também não era pequena, era organizada e bonita.

- Você se importa se formos a fábrica? Deixei algumas coisas pendentes.

- Não, se não se importar vou adorar conhecer, sua avó diz que a loja de vinhos é linda, e que recebe pessoas do mundo todo. - Ele balançou a cabeça positivamente.

- Você costuma sair com esse vestido? - Segurei o sorriso e olhei para ele.

- É um dos meus favoritos, você não gostou?

- Você está fazendo de propósito não está? - Sorrio para ele.

- É claro que estou.

Noah entrou em uma rua estreita e deserta, virou algumas esquinas até estarmos em um beco sem saída, esquisito e deserto.

Ele tirou o cinto de segurança, empurrou o próprio banco para trás, soltou o meu cinto, segurou minha perna e me puxou de vez para seu colo, ele fez aquilo com uma facilidade tão grande que eu podia apostar que ele tinha feito várias vezes.

Suas mãos escorregaram pelo meu corpo, meu vestido era amontoado de pano em minha cintura e era possível ver minha calcinha azul, Noah colocou as mão entre meus cabelos e juntou nossas testas.

- Fiquei louco quando vi aquela foto.

- Por que? - Não era uma necessidade, mas eu queria saber.

- Porque não imagino você com outro homem, não quero imaginar, só consigo te ver comigo, desse jeito que estamos agora, apenas nós dois, é mais do que nítido o quanto você encanta os homens, qual deles não iria querer você? Não é estranho que Mark te queira, que te ache fantástica, porque é isso que você é, mas não consigo não ser egoísta com você, porque não quero outro homem te tocando, quero você apenas para mim.

Fiquei olhando para ele por alguns segundos, passei a mão pelo seu rosto, a barba por fazer arranhava um pouco, mas dava ao rosto dele um toque mais másculo e bonito, deixei minha mão ali no queixo, beijei sua boca devagar, com calma.

Talvez eu quisesse que nossa discussão e minhas provocações acabassem em coisas mais quentes que um beijo, mas naquele momento aquilo pareceu o ideal, não havia espaço para desespero, apenas para um beijo, sincero e profundo.

- Nunca tire conclusões precipitadas, antes de qualquer coisa fale comigo Noah, farei o mesmo com você, temos que aprender a lidar um com o outro antes de tudo. - Ele aperta minha bunda e cheira meu pescoço - Eu entendo o seu lado também, entendo que foi desconfortável e que de alguma forma te magoou, eu sentiria o mesmo, mas eu não sabia, então da próxima vez é melhor esclarecer os fatos.

- Tudo bem, me desculpe Cristal, eu fui imaturo.

- Eu te desculpo. - Rebolo no colo dele, suas mãos me apertam com mais força - Senti sua falta ontem.

- Eu também, vamos logo embora daqui, vou resolver tudo o mais rápido possível e depois vamos ficar o resto do dia trancados no meu quarto.

Trocamos alguns beijos quentes, nada mais que isso, infelizmente estávamos no meio da manhã e a qualquer momento podia aparecer alguém, a situação poderia ser bem desconfortável, mas se fosse em um lugar sem perigo, como o caminho até a casa dele, nada impediria a gente, não é?

Cristal - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora