O1.

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Já se faziam anos em que eu estava na vida mais comum possível. E isso era tão agradável ao ponto de chegar a ser tedioso as vezes. Finalmente decidi abandonar essa vontade dos meus pais em que meu destino seria "se tornar uma soldada".

Eu não queria nada disso.

Desde que Annie partiu juntamente ao Reiner, Berthold e Marcel, eu me aproximei muito do Sr. Leonhart e comecei a dedicar todo o meu tempo livre a este senhor, que com certeza me respeitava mais do que meus próprios pais. Comecei a trabalhar em uma cafeteria, que ficava perto da residência do pai de minha amiga, onde eu praticamente morava.

Não tinha pretendentes, eu ao menos queria um relacionamento agora. Sempre soube que conseguia tudo sem precisar de um homem no meu caminho, principalmente se for um querendo mandar em mim. Eu finalmente era uma mulher independente.

Eu amava meu trabalho assim como amava o Sr. Leonhart que era como uma família para mim. Ainda falava com meus pais, lógico, mas nossa relação era desgastante demais para mim.

– Já está indo trabalhar? – O velho me perguntou enquanto se espreguiçava no sofá.

– Sim, acredito que tenha tido uma noite ruim dormindo aí, não? – Ele assentiu, ri fraco – Pegue um pouco das minhas economias e vá fazer uma massagem. Deixei o café da manhã na mesa da cozinha para o senhor.

– Você com certeza é uma filha mais prestativa do que Annie – Ele se levantou do sofá e andou lentamente até mim – Bom trabalho, querida. Não se esqueça de visitar seus pais depois.

Assenti e o abracei rápido antes de me retirar da casa e ir até meu serviço, eu ficava no caixa enquanto meus outros colegas ficavam na cozinha ou atendendo os clientes. Era confortável para mim.

Longe de estresse, de titãs, de soldados e tudo que envolva guerra ou a política de Marley. Eu já estava cansada daquilo, dessa pressão.

O caminho não era tão longo, pelo menos não parecia, já que passava a maior parte dele viajando dentro da minha própria cabeça. Cantarolava enquanto pensava em meus amigos que não estavam mais aqui comigo.

Annie...

Reiner...

Eu com certeza o superei. Passei por alguns relacionamentos depois que ele se foi, mas só de lembrar no rosto dele, meu coração ainda bate forte. Queria saber como ele está agora, se continua o mesmo de antes ou se sua personalidade mudou. Ele era importante para mim.

Annie também, com certeza continua a mesma, com seu jeito marcante e seu espírito de briguenta. Ela fazia tanta falta que antes de dormir anotava algumas coisas que eu poderia dizer a ela quando voltasse.

Se estivesse viva.

Fui a primeira a chegar na loja, como sempre. Abri as portas e acendi as luzes. As coisas ainda estavam bagunçadas por conta de ontem, já que eu havia saído às pressas e esqueci de pedir para que alguém cuidasse da limpeza. Coloquei meus pertences no caixa e preparei o estabelecimento, limpei todas as mesas e ainda ajeitei o que estava na medida do possível. Entrei na cozinha e deixei tudo preparado para quando o cozinheiro chegasse, eu gostava de ser prestativa nesse emprego.

Meus aumentos sempre eram generosos, eu também tinha que ser.

Me direcionei até o caixa e fiquei lá, esperando alguém chegar. Chegaram alguns clientes e eu os atendi sozinha, era normal que alguns funcionários demorassem para chegar.

– Bom dia, desculpa a demora – Amalie acabou de chegar, ela estava toda bagunçada.

– Parece que se atrasou hoje – Comentei segurando o riso enquanto guardava o troco do cliente que havia acabado de sair.

𝐑𝐀𝐒𝐏𝐔𝐓𝐈𝐍 • reiner braunOnde histórias criam vida. Descubra agora