O3.

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– Quando formos hoje a Pub eu não sei se vou conversar com algum menino bonito... Seu amigo me chamou tanta a atenção que agora estou meio deslocada – Amalie coçou a nuca enquanto voltávamos para a cafeteria.

Eu não aguentava mais ter que ficar ouvindo ela falando de Reiner, entendo o impacto que ele causa mas acho que minha amiga está exagerando um pouco.

– Eu não tenho nenhuma roupa, você vai me ajudar, né? – Perguntei enquanto terminava de beber água.

– Sinto-lhe em informar mas não tenho nenhum vestido de freira – Ela brincou e eu me engasguei – Podíamos ser mais modernas e usar aqueles vestidos que não possuem mais mangas bufantes, o que acha?

– Eu só quero usar algo que fique bem em mim, não entendo nada de beleza... Passo muito tempo com o Sr. Leonhart e a única coisa que eu aprendi com ele foi a fazer palavras cruzadas em jornais – Comentei – Pelo menos exercita o cérebro.

Amalie começou a rir e eu jurei que ela estava passando mal, seus olhos pareciam que iam lacrimejar a qualquer momento enquanto ela segurava sua barriga. Franzi o cenho e desviei o olhar para as pessoas da rua que provavelmente estariam confusas com todo esse escândalo.

Eu estava envergonhada pelo barulho alto mas disfarcei porque Amalie era uma das únicas pessoas que me dou bem, fora Annie.

Annie... Eu sinto sua falta, amiga.

– Conviver com velhos deve ser horrível – Ela parou de rir aos poucos, me senti incomodada pelo jeito que ela se referiu ao Sr. Leonhart, mas de fato, não estava errada –  Prometo que vou te deixar linda para a Pub. Você merece um namorado mais do que eu.

– Eu não me preocupo muito com isso – Voltei a olhar para ela, que me estranhava pelo olhar – Acho que minha saúde e situação financeira é mais importante.

– Tsc – Ela me empurrou levemente – Diz isso porque não sabe como eles conseguem te tratar igual uma rainha apenas para ter a sua mão.

Realmente, eu nunca tive uma visão do que seria um relacionamento saudável para ambos. Meus pais pareciam estar juntos por terem interesses pessoais que se coincidiam, mas nunca demonstraram amor um pelo outro; apesar de que eu ache que isso só exista em livros. Amalie era completamente oposta a mim, ainda morava com os pais e tinha o costume de ler romances, ela era bonita e chamava a atenção de muitos rapazes. Nossas realidades são diferentes, o que ela disse não se aplica a mim.

Mesmo que me parecesse interessante.

Acabei não comentando nada depois disso e o caminho até a cafeteria foi em silêncio, que para mim foi absurdamente agradável. Tomei meu lugar do caixa novamente e agradeci Spencer, que voltou a atender as mesas.

Não tinham muitos clientes e isso me deixava um pouco mais calma, minha cabeça têm ficado uma bagunça e eu realmente preciso achar alguma coisa que me desestresse.

Eu não queria colocar a culpa em meu trabalho, nem em meus pais e muito menos em Reiner. Mas minha fonte de estresse vinha de algum deles, já que Sr. Leonhart só sabe me tratar bem e me mimar. Acho que recompenso ele muito bem cuidando de sua casa, alimentação e roupas.

Demorou um pouco para que o expediente terminasse. Depois que o último cliente se retirou eu pude finalmente suspirar e me espreguiçar pelo dia longo que tive. Ainda que a rotina seja sempre a mesma, ainda é cansativa e monótona para mim.

Mas hoje era diferente, eu iria sair com Amalie.

Eu estava claramente ansiosa e nervosa para ir a Pub com ela, afinal eu nunca frequentei esse tipo de lugar e muito menos saí para me divertir com alguém que era claramente menos responsável que eu. Em outras palavras, nunca me deixei se divertir pelo mínimo que seja.

𝐑𝐀𝐒𝐏𝐔𝐓𝐈𝐍 • reiner braunOnde histórias criam vida. Descubra agora