Desespero.
Eu nunca imaginei como era vivenciar um sentimento tão forte como estava sendo agora. Eu sentia a adrenalina percorrer minhas veias numa velocidade absurda, meu coração batia tão rápido que eu estava com medo de acabar tendo algum problema.
Meu corpo balançava agarrado ao de Sr. Leonhart, que fazia de tudo para tentar acalmar o animal no qual estávamos montados agora, sem sucesso. O cavalo corria numa velocidade pressurosa, o que me deixava mais assustada do que o chão tremendo a cada passo que os grandes titãs davam.
Não era mais necessária a ajuda do binóculo para enxergar aqueles seres, que eram nítidos o suficiente a olho nu. Meu coração batia tão forte enquanto eu os olhava, era capaz que o Sr. Leonhart conseguisse o escutar sem muitos esforços.
– Estamos bem longe deles. – O velho falou ofegante, tão desesperado quanto eu.
– Mas hora ou outra irão nos alcançar. – Tive que me segurar com mais força, estava tremendo demais. – A ajuda do cavalo não vai bastar.
– Vai sim, ela tem que bastar! – Se exaltou, quase gritando. – O governo precisa fazer alguma coisa para detê-los, não podem deixar que o mundo inteiro morra.
– Nem todos os soldados do mundo juntos irão conseguir pará-los! – Respondi no mesmo tom. – Não consegue ver quantos são? É impossível para qualquer um.
– Annie, oh céus, minha Annie... – Sua voz agora estava chorosa, podia ver o velho esconder seu rosto entre as mãos. – Minha menina já deve ser um anjo.
– Não fala isso! – Comecei a sentir o choro vir. – Annie é a pessoa mais forte que eu conheço, ela irá conseguir se virar! – Minha visão estava ficando embaçada por conta das lágrimas.
Era óbvio que estava tentando me auto-consolar enquanto acalmava Sr. Leonhart, homem que eu nunca havia visto chorar desta forma até então.
A este ponto, eu já limpava meu rosto molhado rudemente com o dorso das mãos. Eu não queria aceitar que iríamos morrer em breve, mesmo não tentando colocar um pingo de esperança para que algo impeça o que está acontecendo.
– Não vamos mais conversar sobre isso, eu não quero mais discutir com você. Não quero morrer assim. – Falou.
– Idem.
– Imaginei passar meus últimos minutos lá em casa, e não discutindo com você. – Eu ri fraco e ele continuou: – Agora deveria ser o momento de união, então sem mais discussões, certo?
Sr. Leonhart parecia já ter aceitado o nosso novo destino.
– Tudo bem por mim. – Forcei um sorriso mesmo que ele não veja.
Talvez fosse a hora de eu também aceitar o que estará por vir, mesmo que isso signifique abrir mão de todas as minhas esperanças sobre Reiner, Annie e Amalie. Afinal, se agora realmente for o fim do mundo não fará mais diferença.
Não irão sobrar nem mesmo as memórias que juntei com todos eles.
Respirei fundo e fechei os olhos com tanta força que os senti doerem, eu precisava procurar um vestígio de paz dentro de mim. Eu não queria sentir tanta pressão, gostaria de me entregar com os braços abertos, como Sr. Leonhart neste exato momento.
Eu vivi muito feliz, com certeza.
Reiner, desde que voltou, me deixou tão confusa quanto alguém fora de si, ele em pouco tempo reverteu todos os meus princípios e me fez ver que aquela chama que sempre senti por ele continuava acesa. E mesmo que as coisas estejam assim agora, eu sou grata por cada lembrança e carinho que ele me proporcionou.
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𝐑𝐀𝐒𝐏𝐔𝐓𝐈𝐍 • reiner braun
FanfictionEra difícil amar um soldado, ainda mais quando ele viaja para um lugar distante e volta anos depois. Mas ainda não era tarde o suficiente.