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MAIA

Eu detesto não ter nada para fazer. Eu já até fui ao mercado e fiz faxina e continuo entediada.

É o tédio que me faz colocar uma roupa de ginástica no fim da tarde e sair para caminhar. Mais ou menos no meio do caminho eu descubro que gosto disso, de colocar fones de ouvidos, ouvir uma música boa e caminhar, passar por pessoas seguindo suas vidas no fim da tarde de um dia comum. Gosto mais da sensação de fazer isso do que ir a academia.

Aliás, academia e eu não nos encontramos há pelo menos três semanas. Eu até que não estou paranóica com isso recentemente, estou pensando mais em terminar de preencher minha inscrição para a pós graduação, em receber uma resposta daquela entrevista de emprego e nas horas vagas pensando em beijar meu melhor amigo.

Juro que é só as vezes. Talvez algumas vezes desde que chegamos em casa há quase dois dias.

Nós jantamos juntos ontem, ele não tentou nada, o que para mim é um sinal claro de que não vai rolar. E tudo bem, eu não estava criando expectativas, eu mesma disse que tudo ia ser como sempre foi quando voltássemos.

Mas talvez lá no fundinho eu teria gostado de ele ter tentado, embora eu já devesse saber que depois de Barbara aparecer era óbvio que ele ia lembrar de quanto ama a ex e nós dois somos só melhores amigos que passaram por dois dias de atração.

Paro de caminhar quando a respiração fica difícil, e meu peitos doem parecendo pesar uma tonelada, e só então noto que tinha começado a correr sem perceber.

Dou um gole na água que estou carregando e volto a caminhar aumentando o volume da música. Tenho que distrair minha mente.

— Você foi correr?

Estou na rua de casa quando o carro desacelera ao meu lado indo bem devagar enquanto eu caminho pela calçada.

— Caminhar, não correr. — Eu tiro um dos fones para escutar Devon melhor. — Se eu tivesse corrido meu corpo estaria caído em algum lugar do caminho.

— Isso é meio estranho de se dizer.

Dou um leve dar de ombros para ele que continua a dirigir lentamente ao meu lado.

— Não precisa me acompanhar, estamos a meia quadra de casa. — Eu aponto nossas casas logo a frente. — Deve estar louco por um banho.

Eu olho para o carro enquanto caminho, sei que ele vai continuar até chegarmos em casa.

— Você também. — Ele solta uma mão do volante e aponta para mim. — Quantos acidentes causou vestindo esse top?

As vezes eu realmente me questiono se ele me acha mesmo bonita ou diz isso para fazer graça. Se eu me basear na forma como ele me olhou no fim de semana...

Foco Maia!

— Não tem nada demais no meu top.

Dev ergue a sobrancelha e dá um sorriso que o entrega antes mesmo que ele fale.

— Sério? Está tudo demais aí dentro dele.

Por que estou constrangida de receber comentários sobre meus seios? Não é como se Devon não tivesse dito várias vezes que eles eram de ótimo tamanho, mas também antes ele não tinha visto de perto e sem nada.

Suspiro tentando esquecer o comentário e mudar meus pensamentos.

— Essa é aquela hora que você fica quietinho. — Brinco com ele e abro a garrafa de água jogando um pouco nele pela janela aberta. — Boa noite Devon!

Por toda a vida (Metrópoles #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora