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MAIA

Aperto enviar depois de fazer uma pequena prece silenciosa. Talvez seja minha chance de trabalhar na minha área e na área da pós que vou começar no próximo semestre, é uma vaga de auxiliar de projetista de móveis, em outra empresa de design.

Não vou dizer a ninguém por enquanto que estou pensando em deixar o emprego de secretária de Mark, se der certo eu conto na hora certa, para ele, para Devon, Tess, meus pais. Aliás, por falar neles, preciso retornar a ligação da minha mãe.

Aproveito que ainda estou no fim do meu horário de almoço e chamo por ela que impressionantemente atende após um toque.

— Ah finalmente minha garotinha ligou! — Ela grita em meu ouvido. — Como você está mulher da cidade grande?

— Sentindo falta de ser uma garota da cidade pequena. — Eu confesso e sei que estou ficando emburrada enquanto falo. — É difícil demais sair da cidade pequena aos dezoito, cheia de sonhos, e agora aos vinte e quatro morar numa casa alugada e sem ter um bom emprego. É exaustivo.

Minha mãe é a única pessoa, além de Devon, para quem desabafo sobre meus fracassos. Ela sempre foi uma mãe incrível, muito amiga e compreensiva. Quando comecei a desenvolver bulimia provavelmente só não ficou mais grave porque ela notou logo e me levou a quem podia me ajudar.

Ela é maravilhosa e nossa relação só se solidificou depois do divórcio dela e do meu pai após uma traição. Foi como se nós garotas só tivéssemos uma a outra para confiar de verdade.

— Você vai conseguir um bom emprego em breve, as coisas boas vem para quem acredita. — Mamãe diz com toda seriedade.

Eu dou risada. — Onde leu essa? No saco de pão?

— Claro que não. Na embalagem de café.

Dessa vez nós duas rimos juntas, minha mãe ama frases prontas e ler rótulos, se os dois vierem juntos é perfeito.

— Precisa de alguma coisa? — Pergunto porque embora a gente se ame demais, normalmente nos falamos por mensagens e não ligações. — Juro que vou tentar ir a Brunswick em breve.

— Pode ficar sem vir garotinha, Devon veio no fim de semana passado e quase morreu de tédio. E estamos falando de Devon, ele gosta de calma, então nem quero imaginar que essa cidade vai te colocar em um túmulo após morrer de tédio. — A tagarelice dela também é uma marca registrada. — Mas enfim, quero sua opinião sobre umas luminárias para a sala, na verdade quero que me diga se vão ficar boas e se posso comprar, se puder terá que as pegar para mim aí em Atlanta.

— Não podia me mandar uma mensagem? Leslie Ann Richards você sabe que odeio falar ao telefone. — Reclamo de brincadeira. — Me mande as fotos e dou uma olhada.

— Obrigada, garotinha. — A voz dela está mais doce agora. — Então, vamos falar de vida pessoal, já conheceu ele?

Ele? Quem é ele? Eu também não disse nada a minha mãe sobre Mark, o que é uma droga porque estou apaixonada e queria contar ao mundo, mas uma das garotas adoeceu na semana passada e acreditam que seja emocional por causa dos pais. Então isso fez as coisas estagnarem quando achei que podiam andar.

— Quem é ele mãe?

— Você sabe, o cara que te deixa de pernas bambas, aquele que você olha e pensa o quanto precisa do seu lado e como é sortuda de o ter na sua vida.

Isso soa tão brega, tão bobo, mas me faz pensar se a relação dela com meu pai costumava ter isso. E, principalmente, se eu me sinto ou me senti assim antes.

Por toda a vida (Metrópoles #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora