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MAIA

Julienne, a designer com quem trabalho diretamente, está me olhando preocupada enquanto faço uma pesquisa de tecidos e cores, acho que está me olhando porque estou meio desconcentrada hoje.

Eu acordei cedo, muito cedo, só porque queria surpreender Devon com mais um abraço antes dele ir. Então eu fui até a porta das nossas salas e abri devagar.

Mas nem deu para abrir muito porque vi ele e Barbara se beijando e fechei de novo.

Portanto, estou chateada desde essa manhã. Eu sabia que tinha chances deles se acertarem, afinal foram seis anos e não seis dias. O que me decepcionou foi estarmos tendo uma conversa verdadeira ontem e ele ter me olhado e dito que nada estava acontecendo entre eles.

Devon mentir para mim é completamente inesperado.

— Teve alguma ideia?

Apesar da minha desconcentração eu tive sim. Vou até a mesa de Julienne falar sobre a poltrona que ela está desenhando.

Nós gastamos a última hora de trabalho empolgadas com o desenvolvimento desse projeto, isso é ótimo para me distrair.

Deixo o trabalho e ao invés de ir direto para casa resolvo ir para o shopping. Eu detesto, mas é melhor do que deixar para ir amanhã, nos fins de semana sempre tem mais movimento.

Preciso de uns dois pares de sapatos novos, os meus ou estão velhos ou apertados, preciso de mais conforto para trabalhar.

Mais uma coisa que detesto? Dirigir. E estacionar no estacionamento quase sem vagas do shopping deixa tudo absolutamente pior.

Quando desço do carro já me sinto mentalmente esgotada. Por isso tento achar os sapatos o mais rápido possível para ir embora.

Para o meu azar é necessário entrar em três lojas para encontrar sapatos que me agradem. Recebo uma ligação de Devon depois que saio da última loja, já com as sacolas em mãos, mas eu recuso.

Sou incapaz de conversar com ele, exigiria muito sangue frio e hoje estou sendo movida a emoções a flor da pele.

É exatamente por isso que preciso de chocolate. Chocolate me relaxa.

Vou até o supermercado só para isso, o que prova para mim mesma mais uma vez que tudo sempre me leva a comer. É ridículo.

Pelo menos antes de ir até o chocolate passo em outros corredores e pego outras coisas saudáveis, e por último vou ao doce.

Me abaixo para pegar uma barra de chocolate branco que está na última prateleira. É o meu preferido, mesmo que Devon tenha passado a vida toda dizendo que chocolate branco não é chocolate.

Ainda assim é o melhor.

— Maia? Cheguei a pensar que nunca mais ia ter a chance de a encontrar. — Vejo os pés parados ao meu lado. — Você parece bem, um pouco mais magra.

Teria sido muita sorte a minha nunca mais ter tido o desprazer de encontrar Mark, mas aqui estamos nós. Não sei o que me irrita mais, ele falar comigo ou ele falar sobre o meu peso.

Pego o chocolate e me levanto rápido não dando mais que uma olhada rápida em Mark e me afastando sem dizer nada. Infelizmente ele vem atrás de mim.

— Olha eu sei que está chateada, mas será que podemos conversar? Cinco minutos? Vamos em um café na praça de alimentação.

Paro de andar e me viro o olhando. — Não temos nada para conversar e não vou a lugar nenhum com você. — Eu digo a ele. — Teve um motivo para eu não querer mais te ver ou te ouvir, e esse motivo continua valendo.

Por toda a vida (Metrópoles #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora