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DEVON

A porta da sala de Maia bate e é aí que sei que ela está em casa, as quatro da manhã.

Eu adquiri esse péssimo hábito de só dormir depois que ela chega em casa porque eu tenho um bom senso de proteção com a minha melhor amiga.

Consigo escutar os saltos dela clicando pela sala até que para e sei que os tirou.

Minha sala e de Maia dão de lado uma para a outra, e é bem ali que tem uma porta anexando uma casa a outra. Isso foi nossa escolha, morar separados, mas ainda juntos e estarmos ali um para o outro. A porta só fica trancada se minha namorada está aqui ou se Maia traz algum cara.

As duas casas costumavam pertencer a um ex casal que se divorciou e queria que os filhos pudessem circular entre as casas. É meio bizarro, talvez não tenha funcionado para eles, mas para nós definitivamente funciona.

Enquanto eu sou um cara que usa as sextas a noite para chamada de video com minha namorada de longa data e os domingos para churrasco no almoço com amigos, as sextas de Maia sempre envolvem clubes e barzinhos e os domingos são inteiros para dormir.

Vários minutos se passam antes que ouço outra porta bater, e então me levanto do sofá e vou até a porta e a abro enfiando só o rosto para dentro do apartamento. Quando escuto o som do vômito entro de imediato.

Quando nós tínhamos quatorze para quinze anos Maia teve um problema com comida, ela vomitava quase tudo o que comia. Ela melhorou aos poucos, mas é algo que pode as vezes voltar para a mente dela alguma vez. Acho que nos últimos dois anos ela desencanou mais, embora as vezes ela ainda tenha algum comentário auto depreciativo sobre seu corpo.

Na dúvida eu entro, mas provavelmente ela está passando mal porque bebeu demais. Vou até o banheiro e empurro a porta que está aberta, ela já está de pé escovando os dentes.

- Você está bem? Quer que eu faça algo?

Maia já está com seu pijama de costume que se resume a uma camiseta grande e velha.

Ela cospe a pasta de dente. - Desculpe, eu não queria te acordar.

O sorriso doce dela é minha coisa favorita na minha melhor amiga, ela pode sorrir e conseguir qualquer coisa.

- Eu não estava dormindo ainda. Você se divertiu?

- Bastante, você deveria ter ido.

Maia sempre diz isso sabendo que dificilmente eu gastaria minha sexta a noite em uma festa.

Ela enxuga o rosto na toalha e para de frente para mim.

- Barb está bem? - Pergunta. - Vocês se falaram hoje?

- Por vinte minutos, ela estava com sono. - Eu conto.

Barbara e eu começamos a namorar na escola secundária, o namoro adolescente ficou sério e muito provavelmente ela será a mulher com quem me casarei, mas ela ainda tem mais um ano na faculdade. O fato é que quando ela apareceu eu já era inseparável com Maia e eu precisei aprender a conciliar meu tempo entre elas.

No início foi estranho, afinal Maia e eu somos amigos desde o berçário, literalmente.

Nós dois tiramos um semestre sabático antes de entrar para a faculdade. Logo depois ela foi aprovada na Universidade da Carolina do Norte, eu recebi uma bolsa esportiva em Duke para jogar basquete, mesma cidade. Nós moramos juntos durante os quatro anos.

Nos formamos em dezembro passado, diferente da maioria dos alunos que se formam na primavera nós nos formamos no inverno. Agora é março e estamos de volta a Georgia, mas em Atlanta, porque é onde nós dois conseguimos empregos, no mesmo edifício.

Por toda a vida (Metrópoles #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora