Quando eu cheguei na sorveteria, Becca já estava com um milk shake em mãos olhando pela janela que tinha a vista para um parquinho onde havia várias crianças brincando. Me aproximei, ganhando sua atenção. Os cabelos dourados se balançaram quando sua cabeça virou e eu sorri, sentindo meu coração se despedaçar.
— Oi — falamos ao mesmo tempo. Sorrimos e ficamos em silêncio.
Me sentei, do outro lado mesa. Encarando-a. Já sabíamos o que iria acontecer, não éramos idiotas. Mas eu sabia que ainda nos amávamos e nenhum tinha coragem para fazer tal coisa. Nenhum de nós dois queria dar o primeiro passo para o fim.
— Adrian — me chamou, deslizando a mão sobre a mesa até encostar seus dedos sobre minha palma.
— Becca, eu... — perdi a fala.
— Eu te amo, Adrian. Sabe disso — balancei a cabeça, concordando — Mas também sabe que nós dois... Não é a mesma coisa. Crescemos. E estamos diferentes.
— Eu sei, só pensei que talvez poderíamos dar um jeito. Como sempre fizemos.
— Não nesse caso. Nós dois planejamos uma vida, só esquecemos de perguntar se era isso que o outro queria — meus olhos ardiam, dando sinal das lágrimas que ameaçavam cair — Poxa, você merece ser feliz. Eu mereço ser feliz. Não estou dizendo que esses últimos cinco anos foram infelizes, ao contrário, foram maravilhosos. Só que, a realidade veio e não somos mais crianças para fingir que ela não existe.
— Você conheceu outra pessoa? — negou, com os olhos brilhando a lágrimas — Então, estamos tendo um término saudável?
— Idiota — sorri, apertando sua mão — Você vai encontrar alguém que queira ter filhos com sua cara, que queira sair por aí e se aventurar e até a Austrália queria conhecer. Demorei cinco anos para perceber que esse alguém não sou eu, desculpa.
Passei a mão por meus cabelos. Doía. Muito. Mas ao mesmo tempo, era reconfortante saber que tínhamos alcançado tal maturidade para que reconhecemos nosso erro, ou melhor, concertar algo para que não nos magoar.
Em alguns segundos, senti o cheiro familiar e logo depois suas mãos macias me circulando. Retribui o abraço, descansando minha testa em seu ombro.
— Vamos continuar amigos, não é? — perguntei, olhando seus olhos.
— É claro, não vai se livrar de mim tão fácil — uma lágrima desceu por seu rosto — Obrigada, Adrian. Por tudo.
Se levantou, deixando cinco dólares na mesa pagando sua bebida. Andou até a saída e com um último olhar passou pela porta. Eu sabia que não ia ser a mesma coisa entre a gente.
Por isso, me sentindo totalmente deprimido pedi o maior copo de sorvete e fui andando pelas ruas e como se minha mente gostasse dessa melancolia, a cada lugar que eu passava me lembrava dos momentos de Becca. Desde de criança fui apaixonado por ela e agora toda nossa história acabou, deslizou por meus dedos e eu não pude fazer nada.
Em cerca de dez minutos eu me vi na frente de casa mas, é claro, fui até a casa de Marco que abriu a porta no primeiro tocar de campainha. Sem dizer nada caminhamos até a sala, ligando o vídeo game.
— Você está bem? — me virei para ele — Não conseguiu vencer nenhuma até agora.
— Becca gostava desse jogo — a almofada atingiu meu rosto — Aí!
— Não quero que me ache grosso, mas sabe que não gosto de drama — sorri, devolvendo a almofada.
— Acho que ainda preciso digerir. Pensei que eu não ficaria tão afetado porque já sabia que ia acontecer — respirei fundo — Mas, não. Dói pra caralho.
— É claro que dói, você a amava — arregalei os olhos — O que? O que eu disse?
— Eu não falei que a amava — falei, baixinho — Ela falou, eu não.
— Estava passando por um momento crítico e não precisava falar que ama. Gestos bastam. E só o fato de vocês dois saberem o momento de colocar o ponto final já é o suficiente.
Fiquei encarando-o em silêncio. Marco nunca foi de falar. Era na dele, se mostrava extrovertido apenas com algumas pessoas.
— Não fica me olhando assim, até parece que quer me beijar — brincou, me fazendo revirar os olhos.
— Idiota.
A porta da sala de abriu com força, era Hulk, o cachorro da família que vinha correndo com uma bolinha na boca. Em seguida, a gêmea do mal entrou seguindo o mesmo rumo do Pastor Alemão. Ela nos lançou um olhar antes de gritar com o cachorro mandando o parar. E claro, apenas para aumentar o ódio que ela sentia eu gritei:
— Hulk! Vem cá, amigão — o cachorro parou no meio das escadas, dando meia volta.
Sorri convencido.
— Dá a bolinha pra mim? — ele me entregou, se sentando na minha frente esperando que eu a jogasse.
Olhei para Marley que fechou a expressão no mesmo instante. Com a bolinha na palma da minha mão, estendi para ela.
— Aqui — revirou os olhos e caminhou em minha direção pegando o objeto com brutalidade.
— Hulk, vem — sem nem me olhar, foi com o pastor alemão para o andar de cima.
— Cara, você também não colabora — Marco riu.
Dei de ombros, voltando a pegar o controle dos vídeos games. Depois de longas horas eu decidi que era hora de voltar para a casa e como sempre, ela estava vazia. Meus pais trabalhavam noite e dia em viagens a negócio, as vezes, pensava que eles esqueceram que tem um filho. Ou só fingem esquecer.
Fui direto para meu quarto deixando meu corpo cair sobre a cama que ficava ao lado da cômoda onde fotos minhas e de Becca estavam espelhadas. Acho que nunca foi tão fácil superar um término.
Apesar de estar triste não foi algo que me deixou depressivo. Talvez porque já estava acostumado e porque talvez teríamos outra chance. Assim como sempre tivéssemos. Era nisso que eu queria acreditar. Que eu e Becca teríamos nosso final feliz.
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Te vejo no futuro.
RomanceAdrian é jogador do time de hockey de sua escola, aquele que todas as garotas são apaixonadas pelo simples fato dele ter um cabelo bonito e saber patinar. Ele acabara de sair um relacionamento de cinco longos anos, não estava disposto a procurar alg...