Durante os dois meses que se passaram, eu e Marley corriamos pela manhã antes do colégio para fazer exercícios físicos, ela se juntou a mesa do time, sorria mais, eu ajudava ela nas tarefas de casa, Helen já sabia do nosso caso, Marco ainda era um pé no saco e meus pais não deram sinal de vida. Estava tudo perfeito.
As cartas também diminuíram, agora eram pequenas e não tinham nem a parte romântica e nem a triste. Era como se ela estivesse mandando mensagens para um amigo. Marley, eu tinha certeza que era ela, e se ela não estava mais mandando cartas de amor em anônimo... Uma esperança surgiu meu peito. Marley ainda não tinha dito nada sobre seus sentimentos e eu ia dar todo tempo para ela mas, eu sabia que estava perto de ouvi-la dizer que tudo o que eu sentia era recíproco.
Como um bom emocionado, deixei escapar que estava apaixonado há duas semanas atrás. Foi embaraçoso. Ficamos em silêncio durante bons segundos e por sorte, Marco apareceu chamando-nos para o jantar.
Suas crises de ansiedade diminuíram depois que eu comecei a conversar com ela. Preferia muito que ela fosse em um psicólogo mas a garota era difícil e dizia ter vergonha. Com pesquisas, descobri o que era bom para ocupar a mente. Esportes, música, conversas, brincadeiras e muitas sessões de beijos. No fim do dia, ela estava exausta. Era apenas deitar e dormir, sem tempo para a mente se virar contra ela.
Dormir... Tia Helen tinha uma regra: nada de dormir juntos. Me sentia um monstro quando me via escalando a árvore de madrugada para ir dormir com minha garota.
Estávamos no parque, era quase sete da manhã. Me sentei no banco olhando Marley brincar com seu cachorro. O único momento que ela ficaba brava, Hulk tinha um preferido para jogar a bolinha e esse preferido era eu. Amava ver a ponta do nariz vermelho de raiva.
— Oi, Adrian — virei minha cabeça em direção à Kim.
— Oi, Kimberly — sorri.
— Está sozinho? — neguei e apontei para Marley — Ah, a irmã do Marco não é? Estão juntos?
Suspirei.
— É complicado.
Kimberly assentiu olhando para ela, que agora estava sentada no gramado de costa para mim.
— Se é complicado, o que está fazendo aqui? Vai lá e descomplica as coisa — ri — Eu estou falando sério! Levanta daí e vai lá.
A garota me puxou fazendo-me levantar e ainda me obrigou a andar. Doida.
Me sentei ao lado de Marley que rapidamente tentou esconder os pulsos. Olhei para ela que desviou o olhar. Ela ainda tinha vergonha de me mostrar seus cortes, um bobeira ao meu ver mais não obrigava-a. Marley teve algumas recaídas mas sempre que se mutilava, me ligava aos prantos pedindo ajuda. Ela pedia ajuda e esse era outro grande passo para a melhora.
— Era Kimberly? — perguntou... Com o nariz vermelho. Sorri abertamente.
— Sim. Algum problema? — negou desviando o olhar — Marley, está com ciúme?
Virou-se para mim.
— Não? — gargalhei segurando seu rosto — Adrian, não estou com ciúme.
Beijei a ponta de seu nariz.
— Idiota — resmungou enquanto eu espalhava beijos em seu rosto, não demorou para se render ao meu toque e um lindo sorriso surgir em seus lábios.
Olhei para ela e eu tenho certeza que meus olhos estão brilhando.
— Você é perfeita, não se preocupe com outras garotas. É só você com quem eu quero ficar.
— Adrian, eu não quero me machucar e nem te machucar.
— E não vai, não por causa de mim. Eu nunca seria capaz de te machucar, de brincar com seus sentimentos ou qualquer coisa. Pelo amor, eu já falei que era apaixonado por você em semanas. E você não vai me machucar.
Seus olhos desviaram dos meus
Nos levantamos, pegamos Hulk que estava perto do lado tentando pegar algum pombo e seguimos para nossas casas nos arrumar para escola.
Passei quase o dia todo com Marco, um jogo importante estava perto e precisávamos conversar sobre. Apesar de nenhum nós ser o capitão, éramos o melhor em estatística e o treinador nos confiava essa posição.
Ficamos até a noite treinando como loucos. Queríamos muito ter a taça aquele ano e se a sorte estivesse do nosso lado, ganharíamos. Estávamos quase mortos quando chegamos em frente nossas casas. Decidi que iria para a casa de Marco, estava com muita fome.
Paramos no meio do caminho quando vimos Helen aos prantos descendo com Marley caída em seus braços. Não demoramos para voltar para a realidade e corrermos até às duas.
— O que aconteceu? — Marco perguntou pegando a irmã no colo.
— A chamei e quando ela não respondeu fui até seu quarto. A encontrei desmaiada no chão — segurei sua mão levando-nos para fora.
Corremos, ultrapassamos sinais vermelhos, esquinas sem ligar para nada. Apenas queríamos chegar no hospital o mais rápido possível. Foram os piores minutos da minha vida, vê-la sem consciência, sem saber o que estava acontecendo foi horrível. Eu estava com medo, muito medo. Mil coisas passavam por minha cabeça, principalmente, a culpa. Se ela estivesse tentando se suicidar... Eu deveria ter contado, deveria ter conversado com sua mãe ou qualquer pessoa que tivesse responsabilidade.
Se alguma coisa acontecesse com Marley eu me culparia para o resto da minha vida.
Eu era apaixonado pela aquela garota que agora estava sendo carregada por uma equipe médica. Meu mundo girava, meu amigo tentava falar comigo e tudo o que eu conseguia escutar era um zumbido alto dentro da minha cabeça. Coloquei as mãos no ouvido tentando parar de ouvir aquele barulho irritante. Minha culpa.
A família foi chamada. Eu não era família. Fiquei sentado no banco, inerte, como se eu estivesse em estado vegetativo. Não sei quanto tempo passou, só vi Marco vir em minha direção como uma fera raivosa.
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Te vejo no futuro.
RomanceAdrian é jogador do time de hockey de sua escola, aquele que todas as garotas são apaixonadas pelo simples fato dele ter um cabelo bonito e saber patinar. Ele acabara de sair um relacionamento de cinco longos anos, não estava disposto a procurar alg...