Te vejo no futuro.

NOVE

Se eu recebi notícias? Não. Se eu sei que deu certo? Também não. Estou surtando? Sim, preste a subir pelas paredes.

Mas, hoje era dia de esquecer. Marco e Marley estavam fazendo aniversário. Ajudei eles a decorarem a casa como sempre faziam, não iriam muitas pessoas apenas os mais próximos. Era o que ele sempre diziam mas, no fim, Helen sempre surtava com a quantidade de jovens na casa dela.

Estava no fundo da casa deles, arrumando as luzes que ficariam penduradas de canto a canto iluminando o local. Hulk passou por mim, indo para sua casinha improvisada. Ele não era bravo mas, era um pouco antissocial e só se aproximava quando tinha comida em jogo. Um interesseiro.

Terminei de colocar as luzes e as liguei. Minha nossa! Eu era muito bom em decorações.

Caminhei até o deque, abrindo a porta para entrar dentro da casa. Pelo menos hoje não estava tão frio assim. Segurei o corpo que se chocou contra mim.

Marley se afastou puxando as mangas longas do macacão preto que usava. Sem querer, a analisei por muito tempo até parar em seu rosto que estava bem a visita por conta do cabelo preso em um penteado simples de duas tranças na lateral que se prendiam atrás.

— Nossa, está linda Marley — ela franziu o cenho — Estou falando sério!

Sorri, passando por ela e indo até a cozinha de onde vinha um cheiro maravilhoso. Me aproximei de Helen.

— Oi, tia — a abracei de lado — Sabe que te amo, não é?

— Fala logo o que você quer.

— Estou com fome — fiz careta — Adianta uma coisinha pra eu comer. Por favor?

Helen colocou as mãos na cintura me encarando no fundo dos meu olhos. Pisquei um par de vezes antes de olhar para a panela que ela preparava uma receita de família que ia frango e maionese.

— Tá, tá — levantou as mãos em rendição — Pega um prato.

Sorri animado. Não tinha comido nada a tarde inteira e não sei se aguentaria esperar até todos os convidados chegarem. Peguei o prato no armário e entreguei a mulher que colocou uma porção de sua receita. Me sentei no balcão a sua frente.

— Adrian — olhei para ela — Seus pais falaram que dia eles vão ficar mais de dois dias na cidade?

Neguei.

Helen saiu resmungando pela cozinha. Ela não gostava mesmo dos meus pais.

Marco entrou na cozinha parando no meio do caminho assim que viu. Olhou incrédulo para sua mãe e voltou a me olhar.

— Eu pedi comida pra você e não me deu! Mas deu pro Adrian?

— Você lanchou, querido.

Sorri levando o garfo até a boca.

— Me dá um pouco? — balancei a cabeça negando — Qual é?!

Me levantei segurando o prato quando ele andou em minha direção.

— Caralho Marco — Helen coçou a garganta chamando minha atenção — Desculpa, tia.

Joguei um beijo para ela antes de sair correndo protegendo minha comida do esfomeado. Subi as escadas me desviando das fitinhas coloridas que enfeitavam o local caindo como cascata. Por sorte, Hulk apareceu no meio do corredor atrás de mim e por causa do tamanho, atrasou os passos de Marco.

Entrei na primeira porta que vi e a fechei atrás de mim, me sentando no chão.

Levantei meu olhar percebendo onde eu estava. Paredes brancas, prateleiras com brinquedos antigos, coberta lilás, tapete felpudo. Estava no quarto de Marley. Merda! Ela ia me matar se me visse aqui.

Enfiei toda comida na minha boca mastigando de pressa. Não é que eu seja egoísta mas, era uma maravilha implicar Marco ainda mais quando se tratava de comida. Olho para o prato em minha mão e o coloquei na cômoda ao meu lado, abri uma fresta da porta vendo um silhueta surgindo no corredor iluminado apenas pela luzes coloridas que viam do andar de baixo. Torci para fosse Marco mas, pelo tamanho e as curvas. Com certeza não era.

Me levantei, pegando o prato em minhas mãos. Mas, antes que eu pudesse raciocinar em uma desculpa a porta se abriu.

Sorri para Marley.

— Surpresa? — balancei minhas mãos no ar, uma delas segurando o prato. Seu nariz ficou vermelho. Isso não é um bom sinal.

— O que está fazendo aqui? — ela olhou ao redor provavelmente procurando alguma evidência que eu tinha mexido em suas coisas.

— Me perdi, acredita?! Ainda bem que me achou, obrigado. Estou saindo — tentei passar por ela mas a mesma se colocou na minha frente segurando meu braço — Não fiz nada, juro, só me escondi do seu irmão.

Minha intenção era a afastar do seu toque mas quando peguei em seu pulso com firmeza  para fazer tal coisa ela soltou um gemido... De dor. Levantei minha sobrancelha, revesando meu olhar entre seus olhou e para onde minha mão tocou.

Marley me empurrou.

— Tá, só sai daqui — fiquei parado no meio do corredor encarando a porta ser batida com força.

Olhei para os lados, totalmente inerte e perdido em toda situação. A voz de Marco me chamou no andar de baixo, meus pés tomaram aquela direção mas minha mente estava na irmã do meu melhor amigo.