— Um urso me atacou, por isso o gesso — olhei para Marco que inventava a história para o porteiro — Minha mãe saiu para o trabalho mais cedo e meu amigo aqui, teve me arrastar.
O homem velho, com calvice e barrida de cerveja nos encarou com a sobrancelha levantada. Mordi a bochecha tentando conter o sorriso.
— Você não é o irmão da Marley, rapaz?
Droga. Marley era pontual e todos os funcionários a conheciam pelo fato dela passar a maioria dos intervalos com eles. Certamente, já contou sobre o irmão gêmeo com péssimas histórias. Marco colocou a mão na cintura olhando para o porteiro, tomei a frente empurrando de leve meu amigo.
— Senhor, é o primeiro dia de aula. Estávamos desacostumados a dormir cedo para acordar cedo — ou porquê voltei tarde para meu quarto.
O homem abriu os portões meio desconfiado, agradeci com um aceno. Ele resmungou algo como "na próxima vez, tentem arrumar uma desculpa melhor" mas não ligamos. Quando estávamos longe o suficiente, eu comecei a rir.
— Urso? Sério?!
— E pra onde iria minha dignidade de goleiro do hockey falando que escorreguei no gelo? Prioridades, Adrian. Prioridades — balancei a cabeça concordando.
Entramos na sala de aula, chamando a atenção de algumas pessoas. Kimberly, inclusive. A morena me olhou e eu caminhei até a única cadeira disponível já que meu amigo pegou a do canto que estava com mais fácil acesso. Infelizmente, a única cadeira era entre Kim e Marley. Engoli seco quando senti o cheiro da gêmea mas, foi a garota de trás que cutucou meu ombro me cumprimentando.
Trocamos breves palavras até que a professora pediu atenção. Eu gostava de Kim, até cheguei a pensar nela como algo a mais mas... Não dá! Ela é linda e simpática porém, não é para mim. Nunca conseguia olha-la e querer verena-la como acontecia com Becca e começava a acontecer com Marley.
Eu sempre escolhia as mais difícieis, Impressionante. Becca me deu um trabalho enorme, não julgava, vivia falando que ela tinha piolho.
Quando chegou no horário do intervalo vi quando a gêmea seguiu o caminho das arquibancadas do campo de futebol que raramente era usado por conta do frio. Inventei uma desculpa meu amigo e a segui, sem fazer barulho.
— Que susto! — protestou quando me sentei ao seu lado — O que está fazendo aqui?
— Refeitório estava lotado.
— Estava me seguindo — acusou.
— Não — mantive a feição séria.
— Adrian! — sorri, dando de ombros.
— Desculpa. Posso sair, está esperando alguém? — ela semi-cerrou os olhos.
— Conhece o Patrick do basquete? Pois é! — meu sorriso sumiu, ficamos em silêncio por três segundos até ela começar a rir.
— Não teve graça.
Marley parou de sorrir, seu rosto ficou sério, melancólico como em um dia nublado e chuvoso. Um vinco de preocupação surgiu na minha testa, odiava quando a via mudar de humor tão rápido. Parecia que ela tinha medo de se entregar aos sentimentos. Deixei minha bandeja de lado, e toquei seu queixo não deixando de reparar que ela usava o colar. Seu olhar foi direcionado a mim, junto com um sorriso forçado.
— Acho que preciso ir — balancei a cabeça.
— Não — pedi, com um fio de voz. Em poucos dias apreciava sua companhia demais.
Mesmo assim, ela se levantou me deixado desolado. Quando começou a descer os degraus, eu gritei já que não havia ninguém ali:
— Deixa a janela destrancada — Marley se virou para mim e não consegui conter o sorriso pequeno. Ela concordou balançando a cabeça, se virou terminando de se afastar.
Comi ali mesmo e antes do fim do intervalo estava na minha próxima aula. Dei sorte de ser incio de semestre e todos os professores estarem falando das férias que tiraram porque minha cabeça não se conseguiu se concentrar. Merda, não era cedo para eu me apaixonar?
Havia pouco tempo desde o último relacionamento, foram cinco anos amando alguém. Apenas para testar meus sentimentos, olhei para Becca que estava do outro lado da sala sorrindo para as amigas. Vamos! Cadê o frio na barriga?
Não teve. Nem uma sensação boa que eu sempre tinha quando a via. Não era possível que o amor ia tão rápido como vinha.
Passei as mãos no cabelo encarando a mesa. Eu não ia me afastar ou negar o que eu sabia que estava sentindo. Não! Isso não. Prometi a mim mesmo que eu ia seguir em frente. Ia ser um pouco complicado ou então, podia simplesmente sumir. Talvez, eu estivesse carente.
Fazia todo sentindo, Marley viveu comigo quase toda a infância. Passou alguns anos fora mas voltou. Os dois anos que ela viveu com o pai, foi como se ela não existisse. E quando voltou... Ela nunca falou e nem contou nenhuma história sobre morar no Calgary com seu pai.
Independente do que sentia, me vi escalando a árvore depois do jantar e falar para tia Helen que eu iria dormir. Me sentia um mentiroso e enganador.
Um sorriso surgiu no meu rosto quando forcei a janela e ela se abriu. Ela deixou aberta para mim. Entrei em seu quarto e no mesmo instante ela pulou da cama saindo da posição fetal. Sorri ainda mais ao receber seu abraço tímido e pela primeira vez ela que tomou a iniciativa do beijo.
— Oi — sussurrei, fazendo menos barulho possível — Tudo bem?
Ela não me respondeu, apenas me puxou novamente lata um abraço. Estranhei mas não recusei. Caminhei até a cama com ela grudada em mim e nos deitamos. .
No entanto, quando peguei em sua cintura e em seu braço — específicamente no pulso — senti ficar tensa e desconfortável. Meu objetivo era fazê-la se aconchegar mais em mi mas, com essas reações eu me afastei. Levantei-me da cama ficando em pé. Estava acontecendo de novo e dessa vez, eu não ia acreditar em desculpas. Marley não estava bem, as mudanças de humor frequentes, as notas baixas, não se permitir sentir e os olhos inchados de choro a maior parte do tempo.
Olhei ao meu redor por alguns instantes vendo telas de pintura. Meu cérebro trabalhou por alguns instantes... Não, não, não podia ser. Resolvi não tirar conclusões precipitadas e focar no que realmente importava. Marley.
Eu estava realmente preocupado e ia saber o motivo daquela expressão de dor em sua face.
Próximo capítulo vai falar sobre depressão, já quero deixar avisado pois alguém pode se sentir sensível ao ler. Lembrando que, nunca vou romantizar um assunto sério desse, ok?! O objetivo não é e nunca será induzir alguém a pensar que depressão é bobeira, porquê não é!
Escrevo sobre romance e esse livro passa a mensagem que Todos podem sim, encontrar alguém. Mesmo sem esperanças e passando por uma fase ruim.
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Te vejo no futuro.
RomanceAdrian é jogador do time de hockey de sua escola, aquele que todas as garotas são apaixonadas pelo simples fato dele ter um cabelo bonito e saber patinar. Ele acabara de sair um relacionamento de cinco longos anos, não estava disposto a procurar alg...