DEZ

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Beijei o rosto Kimberly, cumprimentando-a.

— Oi — ela disse baixo ficando corada.

A guiei até onde o quintal onde a maioria das pessoas estavam. No caminhei, olhei para a escada esperando que Marley descesse. Merda! Eu queria ir até lá. Ela sempre foi especial para mim, como se fizesse parte da minha família. Na verdade, ela, sua mãe e seu irmão eram minha família. E ver a dor e medo expressados em seus olhos foi... Doloroso demais.

Foi como se meu coração pudesse gritar, implorasse para que eu tomasse alguma atitude.

Kimberly que ainda estava em meu lado acenou para Marco, indo até ele e envolvendo-o em um abraço desejando parabéns. Em seguida, ela seguiu até uma rodinha de pessoas.

Meu amigo franziu o cenho para mim, vendo minha expressão preocupada que só ele conhecia. Balancei a cabeça em negação, como se dissesse que não era nada.

Me aproximei de Helen que estava perto da casinha de Hulk, provavelmente o vigiando.

— Querido, ainda bem que se aproximou — ela pegou minhas mãos — Chame Mar, ela disse que não estava bem mas a chame para pelo menos cantar parabéns.

Ofeguei, era isso que eu precisava.

Após concordar comecei a caminhar em direção a casa novamente. Desviei meu olhar que se encontrou com o de Kim. Ela sorriu de lado, levantei levemente minhas sobrancelhas. Ela estava afim de mim?

Sorri internamente mas, agora não era hora de flerte e mesmo se fosse eu não sabia se eu dava conta. Foi cinco anos sem ter a preocupação de conquistar alguém.

Subi as escadas verificando se não havia ninguém me seguindo.

Andei de um lado para o outro em frente sua porta tentando decipar meu nervosismo.

Dei três batidas de leve. Demorou uma eternidade para que a porta fosse aberta, a luz do quarto estava desligada mas devido a luz que vinha da janela foi possível vê-la.

— O que quer? — perguntou com a voz embarcada.

— Marley eu... — dei um passo em sua direção, me arrependi no mesmo instante que ela fechou a porta deixando só uma fresta.

— Fala pra minha mãe que estou dormindo.

— O que.. que aconte..— me interrompeu.

— Nada. Torci meu pulso no trabalho, nada grave. Doeu quando você segurou — suspirei, eu deveria acreditar?

— Sinto muito, fiquei preocupado — ela riu sem humor.

— Não precisa fingir, Adrian. Boa festa — e fechou a porta.

Passei a mão por meu cabelo jogando-o para trás. Droga. Droga. Droga.

Voltei para a festa avisando Helen que Marley não iria descer. Eu não aproveitei nada do aniversário, forçava alguns sorrisos para Marco, fugia de Kim por mais que ela fosse maravilhosa eu não estava com cabeça para isso. Tanto é que, aleguei estar indisposto e fui embora mais cedo que o normal. Claro que, fiquei até o fim da festa. Não ia fazer isso com meu melhor amigo.

Passei pelo correio, e sorri ao ver o envelope azul.

Corri para dentro, indo para meu quarto.

Não era pra ter chegado em ninguém. Não estava nos planos, desculpa se incomodei. Essa será a última carta.
Me sinto constrangida por esse engano. E meu nome? É melhor não dizer.

Só isso? Nem um "te vejo no futuro". Balancei a cabeça, incrédulo. Sem pensar muito, peguei a folha e a caneta. Olhei para frente, ainda dava pra ver as luzes da casa vizinha e uma certa pessoa. A morena que ignorei a noite toda. Kim sorria para as amigas e para Marco que estava com elas conversando. Meu amigo olhou para minha janela, por sorte, não era possível me ver do lado de fora por conta da iluminação.

Eu sabia que naquela noite eu não dormiria. Havia mais uma preocupação na minha mente, como se as cartas anônimas não bastasse.

Ok, ok, sem nomes pode ser? Eu gostaria de continuar recebendo suas cartas e não me pergunte o por quê. Também não estou na minha melhor fase mas, pensar que talvez possa existir alguém para eu amar de novo me deu um pouco de esperança para meu futuro. Amei alguém por muito tempo mas, não éramos destinados a passar a vida toda juntos. Ela me disse que eu encontraria alguém e dias depois recebi sua carta me chamando de futuro amor. Irônico, não?!
Olha, eu não sei quem você é e parece que nós dois não estamos prontos para nos conhecer pessoalmente. Me conta mais sobre você que eu conto mais sobre mim. Acredite, é estranho até para mim. Por algum motivo sua carta chegou até mim e a minha chegou até você, alguma coisa aconteceu. Uma coisa muito louca. Se eu acreditasse, diria que fosse coisa do destino.  Não desista, me mande notícias.

Te vejo no futuro.

Suspirei. Escrevi a primeira coisa que veio na minha cabeça que acreditava ser o certo. Devia dar uma chance, eu sentia isso. Mesmo que não soubesse se quem estaria mandando essas conrrespondencias fosse uma psicopata. Eu não tinha nada a perder mesmo.

Mais tarde posto mais!

Te vejo no futuro.Onde histórias criam vida. Descubra agora