Leocaster estava completamente envolvido pelo meu relato e me encarava, ansioso, aguardando pelo desfecho daquela memória.
— Não esperava menos de você, Tatianna! — ele comentou, empolgado. — Mas admito que ainda não entendi como toda essa confusão foi acabar da maneira que acabou... Você sabe... O fim que esses híbridos tiveram...
— Logo você entenderá — afirmei, sem emoção, retornando à exposição que eu fazia. — No momento em que fui tentar me entender com aqueles soldados, eu não imaginava que aquela noite terminaria de uma maneira muito diferente do que eu previra...
***
Aproximei-me do grupo que mantinha Roman cativo e os cumprimentei diretamente, sem fazer rodeios.
— Boa noite, cavalheiros. Gostaria de falar com vocês, se me permitirem.
Os homens olharam espantados para mim, pegos de surpresa com a minha presença no local, até então não detectada.
— Quem é você??? E o que está fazendo aqui?? — questionou um dos soldados, em um tom nada amigável.
— Sou sobrinha da diretora do orfanato e também uma das mantenedoras daquela instituição — informei. — Estou na cidade fazendo uma visita.
— Não me interessa quem você é ou o que faz, não devia estar fora de casa depois do toque de recolher! — o soldado me repreendeu, irritado. — Saia já daqui e não olhe para trás!
— Sinto muito, mas não poderei fazer isso enquanto vocês não me entregarem o Roman — rebati. — Ele é um dos jovens atendidos por nossa organização e um dos meus deveres é garantir sua segurança e bem-estar.
Ao ouvir aquilo, o soldado que parecia ser o líder daquele grupo se aproximou de mim e me segurou pelo braço, com força.
— Escuta aqui, sua cadela... — ele esbravejou. — Como eu já disse, estou pouco me importando pra quem você é ou pra esse seu palavreado cheio de firulas. Não pense que uma vadia qualquer pode chegar sem mais nem menos no meu posto de trabalho me dizendo o que fazer!
— Entendi — comentei, sorrindo. — Você precisa intimidar uma dama para conseguir mostrar aos seus coleguinhas que está mesmo no comando. Parabéns, um dia quem sabe você deixe de ser um lambedor das botas dos seus superiores e se torne um homem de verdade! — completei, com sarcasmo.
Pegando-me de surpresa, porém, o soldado, ao invés de responder à minha provocação, optou por um caminho mais prático e desferiu uma forte bofetada, que atingiu em cheio o meu rosto.
— Você mexeu com a pessoa errada, puta! — ele declarou, furioso ao ser afrontado. — Depois que dermos um fim nesse miserável desertor, eu e minha tropa vamos nos divertir a noite toda com você. Segurem ela! — ordenou ele, por fim, a dois dos homens que o acompanhavam.
Ele não me intimidara de maneira alguma; mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para me defender, no entanto, ouvi uma voz forte gritar atrás de mim.
— Soltem ela, seus bastardos!!!
Era Eugene que, contrariando minhas ordens, tinha saído do esconderijo e viera até onde eu estava, acompanhado de Vlad, com a intenção de me ajudar.
— Droga, ela não estava sozinha!! — praguejou o soldado chefe. — Homens, em guarda! Peguem seus rifles e matem todos esses desgraçados! — ele ordenou ao seu grupo, por fim.
A situação chegara a um ponto crítico e eu não tinha mais tempo. Se eu não agisse muito rápido, logo os três irmãos que eu vinha tentando proteger estariam mortos e todo o meu esforço até ali teria sido em vão. Foi por isso que, encurralada e sem escolhas, fiz minhas presas de vampiro aparecerem e avancei em alta velocidade rumo aos soldados, que já começavam a empunhar suas armas.
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O Clube da Lua: Laços Antigos (Contos / Livro 1.5 ✓)
FantasyExistem datas simbólicas que carregam consigo uma série de significados ocultos e que são muito mais do que meras celebrações ou festividades. Nessa coletânea de contos, acompanhamos personagens marcantes de "O Clube da Lua e a Flor Cadáver" revisi...