👑 Capítulo 6.3

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[AVISO DE GATILHO: este capítulo apresenta cenas que retratam homofobia e violência física. Se esses são assuntos sensíveis para você, proceda com precaução]. 


Encontrei uma pousada que ficava próxima à chácara dos lobos e ali aluguei um quarto. Já que havia decidido ficar na região por mais alguns dias, o mínimo que eu precisava era de um local para guardar as minhas ferramentas de trabalho, descansar e tomar banho. Eu havia me alimentado muito bem antes de deixar o território vampiro, então ainda aguentaria ficar um tempo considerável sem consumir sangue.

Depois de me instalar, usei o telefone da pousada para ligar para a base e passar um relatório sobre o andamento da missão. Eles precisavam saber que eu estava bem e que retornaria dentro do prazo estipulado. Antes de encerrar a chamada, aproveitei e perguntei de Tobias, já que estava curioso para saber como ele tinha se saído em sua missão no cemitério das gárgulas.

— Está tudo nos conformes com ele — o vampiro telefonista me informou. — Disse que também terminaria a tarefa dele no prazo. Vocês dois são amigos?

— Sim, somos — confirmei.

— Ele está com um dos nossos veículos, a missão dele exigia isso — explicou o telefonista. — Ele vai passar perto dessa região onde você está antes de voltar pra cá. Se você quiser, posso pedir pra ele ir até você e te dar uma carona.

— Ah, seria ótimo — respondi. — Melhor voltar com alguém conhecido do que ir sozinho, de ônibus.

— Vou entrar em contato com ele e o deixarei avisado então. Eu passo o endereço da pousada onde você está hospedado, tudo bem?

— Pode ser, obrigado! — agradeci. — Tem mais alguma coisa que vocês precisam saber de mim?

— Não, não, na verdade tenho apenas um recado do Daren — respondeu o telefonista. — Ele pediu que eu lembrasse os candidatos de que há algumas ferramentas preparadas especialmente por ele no kit que foi entregue a vocês, antes das missões começarem. Você sabe, caso você tenha algum problema. Eu daria uma conferida se fosse você.

— Tudo bem, farei isso — afirmei. — Vou desligar agora. Se precisarem falar comigo, é só ligar aqui pra pousada e deixar um recado, eu retornarei a ligação o mais rápido possível.

— Combinado, Alphaeos. Até breve! — despediu-se ele, por fim, desligando em seguida.

Assim que retornei ao quarto, fiz tal qual o telefonista tinha sugerido e dei uma olhada na pequena maleta que Daren, a mão direita do rei, tinha preparado para mim. Ali dentro estavam nossas ferramentas de costume: canivetes, algemas, gazuas... Mas um item em específico acabou chamando a minha atenção: um pequeno vidrinho, com um líquido púrpura em seu interior. Junto a ele, havia uma bula, com instruções de uso.

— "Soro sincericida" — eu li. — "Deixa o usuário mais suscetível em interrogatórios. Também confunde metamorfos e atrapalha sua metamorfose. Alta eficácia em lobos e panteras"... Hummm, interessante...

Sem pensar duas vezes, guardei o frasco no bolso do meu paletó. Se Daren imaginara que aquilo poderia ser útil, não custava nada me precaver. Como dizia o ditado, "o seguro morreu de velho".

E o precavido vive até hoje, assim como eu.


***


Os preparativos para a festa de aniversário começaram logo cedo, no dia seguinte. O lobo parrudo, que posteriormente eu descobri se chamar Antônio, me disse que iríamos concentrar nossos esforços do lado de fora da casa, já que a sua família costumava fazer suas celebrações ao ar livre. Não discuti e apenas fui fazendo conforme ele me indicava, ansioso para terminar logo com tudo aquilo.

O Clube da Lua: Laços Antigos (Contos / Livro 1.5 ✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora