Capítulo II - "Vocêquersermeuamigo?!"

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 Os três estavam sentados no tapete da sala em volta da mesinha de centro. Temari lia medicina dos horrores— livro que havia pegado na biblioteca pela manhã depois do encontro com um certo moreno que, na visão da loira, parecia uma lagartixa jogada no chão— enquanto tomava um chá de hibisco com mel para adoçar. Kankuro alternava o olhar entre um manual de instruções e um rádio antigo que a senhora que cuida da oficina que frequenta comentou chateada que tinha parado de funcionar, e se ofereceu para consertar para a mulher que era sempre amável com ele e os garotos. Gaara estava encostado no sofá, mais longe da mesa, olhando para sua pelúcia de urso— que havia o colocado "sentado" sobre suas pernas enquanto segurava os braços do brinquedo para que ele continuasse na posição que estava— e repassava seu dia na cabeça. Não entendia o porquê do garoto barulhento com marcas na bochecha ter falado com si e feito outras tentativas de aproximação enquanto estava na escola, e entendia menos ainda o motivo do loiro não lhe parecer uma ameaça como as outras pessoas, com exceção dos irmãos.

Quanto mais o ruivo pensava sobre isso, mais o menino estranho ia se tornando uma incógnita, uma dúvida, um ponto de interrogação gigante. "Será que eles sabem porque?" perguntou o pequeno a si mesmo, agora olhando na direção dos irmãos mais velhos. Bom, tentar não lhe custava nada, então tentou.

— Temari— Chamou baixo vendo esta erguer os olhos do livro— Um menino estranho falou comigo hoje...— Agora tanto Temari quanto Kankuro prestam total atenção no mais novo.

— Mexeram com você de novo, Gaara?— Começou a loira que não gostava nenhum pouco do modo como tratavam seu irmãozinho.

— Deixa ele falar, Temari. Continue, Gaara, por favor— pediu o moreno.

— Tá... Bom ele falou comigo de manhã, ele fala muito alto.

— E então...— Temari o encorajou a continuar quando ele ficou em silêncio.

— Perguntou meu nome e então eu empurrei ele.

— Espera, é por isso que o irmão do Deidara "tava" no chão quando a gente chegou?— O ruivo apenas concordou com um balançar de cabeça.

— E por que empurrou ele?— Prosseguiu a loira, que queria manter o rumo da conversa.

— Ele chegou perto de mim e... eu me assustei— desviou o olhar para o urso— Ah... também tentou falar comigo na escola.

Temari soltou uma risadinha— Acho que ele queria ser seu amigo, Gaara.

O ruivo virou a cabeça, em um movimento rápido, em sua direção, olhando surpreso e, um pouco, feliz. Mas sua pontinha de alegria se apagou quando se lembrou do que havia feito.

— Acho que ele não vai querer ser meu amigo mais..— Falou triste olhando para seus pés— Eu o machuquei...

— Explica melhor, irmãozinho— Pediu Kankuro.

— Na hora do lanche os meninos da turma começaram a fazer "aquilo" de novo, não liguei muito por ter me acostumado, mas aí um deles pegou meu a bola do Choji, sem pedir, e jogou em mim... Eu me irritei e peguei uma pedra que tinha do lado da cantina e joguei nele, só que ele desviou e... acabou acertando o Naruto...

— Ah...— Temari olhou para Kankuro com um olhar triste pela tristeza do irmão em pensar que perdeu a única chance de ter um amigo— Sabe.. Você pediu desculpa e falou que foi sem querer?— Gaara negou com um gesto.

— Quer fazer isso?— O moreno o olhava.

— Eu posso?

— Sim!— Disseram em uníssono e viram o olhar do menor se iluminar um pouco.

Remédio - (Gaanaru - Narugaa)Onde histórias criam vida. Descubra agora