Sóbrio. Rasa estava sóbrio. Com ele neste estado era impossível conseguirem escapar do ser que trazia consigo uma atmosfera pesada, era como se uma aura negra emanasse dele. Kankuro odiava do fundo de sua alma aquele rosto, seus batimentos aceleraram, suas mãos tremiam. Ah, como queria ter coragem e força o suficiente para enfrentar aquele a sua frente, mas qualquer movimento brusco resultaria em punições para si e seus irmãos. Então cerrou os dentes e tencionou a mandíbula para evitar qualquer coisa que colocasse em perigo as duas pessoas que mais amava. Gaara estava extremamente assustado, temia o que poderia acontecer. Apertava forte o urso nos braços se segurando para não chorar e pensando em todas as vezes que ouvira do patriarca o quanto aquela família seria mais feliz se, ao invés de sua mãe, ele quem tivesse morrido no parto. Temari ficava alternando o olhar entre o moreno e o ruivo, sempre evitava olhar diretamente para o pai. Procurava desesperadamente encontrar uma solução já que, quase nunca, se precisava de um motivo para o clima estranho.
Olhava para a distância entre Rasa e eles. Sim, teria tempo suficiente para segurar Gaara e Kankuro e os arrastar para dentro de um quarto, trancar a porta e os esconder ou fazer eles pularem pela janela. Ficaria e enfrentaria o mais velho sem se importar com o que aconteceria com si, já que os irmãos estariam seguros. Um plano desesperado que poderia dar certo se não fosse um por um detalhe importante que a deixaria sem tempo.
Apenas as portas de entrada e do quarto do patriarca possuíam trancas.
Anos atrás quando as portas foram trocadas por novas não houve qualquer pessoa que questionasse visto que, seus dois filhos mais velhos foram parar no pronto socorro por tentativa de suícidio— Segundo o laudo médico feito por um doutor próximo da família com base no testemunho de Rasa— e uma criança de seis anos não precisava de trancas. Para quem visse de fora teria total certeza de que ele era apenas um pai cansado e preocupado com o bem-estar dos filhos.
Temari estava parada, se sentindo completamente impotente e odiava essa sensação de não conseguir fazer nada pelos irmãos. Implorava silenciosamente para que não acontecesse nada com eles.
— Então.. Gaara. Você conheceu o filho mais novo do Namikaze, não é?— Perguntou calmo.
— Nami.. kaze?...— Questionou o ruivo um pouco confuso.
— Minato Namikaze— Pronunciou o nome com certo desgosto— Você está proibido de voltar a falar com ele— Disse firme, ainda com calma— Aquela família não é boa influência para você. Já viu aquela casa?! onde já se viu uma mulher mandar em, praticamente, tudo?!— O tom de nojo de sua voz ficava cada vez mais evidente— Sem falar no filho mais velho, ou seria filha? Uma completa vergonha!
— M-mas p-pai ele...— Gaara fora interrompido por um tapa forte e estalado dado em sua face que, pela força, se virou com tudo para o lado oposto da bochecha, agora, vermelha.
— Temari e Kankuro vão para seus quartos, agora!— falou arrastando o ruivo para a sala de estar e o jogando sentado no sofá em seguida.
Medo era o que o pequeno sentia. Aquela estranha calma estava se esvaindo do maior e isso o que apavorava mais ainda o pequeno Gaara.
— Você... como ousa me responder daquela maneira, ainda mais para defender aquele tipo de gente.
Ficou em silêncio por um tempo— M-mas o Naruto é meu a-am-amigo...
—ÃN? amigo?!— Desdenhava Minato e sua família. Não permitiria que mais um filho se envolvesse com eles— Você até parece seu irmão falando assim... Quer me dar mais uma decepção, Gaara?— Colocou a mão direita sobre o pequeno ombro de seu filho e começou a apertar— Quer me dar mais um motivo para te odiar, menino estúpido?!— O aperto de sua mão ficava cada vez mais forte— Você VAI me obedecer e não voltará a falar com aquela criança desprezível. Já basta a vergonha que são seus irmãos... Não preciso que você seja mais uma.
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Remédio - (Gaanaru - Narugaa)
FanfictionGaara não sabia lidar com novas pessoas, principalmente, quando essas são gentis consigo. Mas conhecer um certo loiro barulhento e cheio de energia fez o ruivo pensar, pela primeira vez, que gostaria de cuidar de outra pessoa que não fosse seus irmã...