De volta ao passado

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        LIA COOPER            

A noite estava extremamente escura, o chão da casa estava frio, o vento batia violentamente na janela do meu quarto, e uma chuva forte, com barulhos estrondosos, caia lá fora. Mas foi o som que vinha da sala, que realmente me assustou.

Desci os degraus da escada á passos lentos, sempre abraçada com Ted, meu ursinho de pelúcia. Eu acreditava que com ele ao meu lado, tudo estaria bem, afinal, foi isso que meu pai me disse quando me deu, e eu acreditava no meu pai. Quando cheguei, a porta da sala estava aberta, e vi minha mãe chorando enquanto a polícia falava algo que eu não entendia. De repente os olhos dela acharam os meus, e assustada, berrou:

- Isso tudo é culpa sua. Foi você que pediu para ele cruzar a cidade atrás daquela boneca idiota. E ele para te agradar, como sempre, foi lá, mesmo com essa chuva. E agora esta morto! Está me ouvindo? Seu pai esta morto!

Eu não queria acreditar. Eu não podia acreditar.

Meus olhos encheram de lágrimas rapidamente. E em seguida, como se os minutos anteriores não tivesse existido,  minha mãe me abraçou.
Ela ficou assim por alguns momentos, até voltar a me olhar e dizer as palavras mais terríveis que já tinha ouvido nos meus 8 anos.

- Seu pai esta morto Lia, ele morreu, não esta mais com a gente.

Comecei a chorar muito, derrubei Ted no chão e sai correndo. 

Suzana Cooper 

Quando os policiais me falaram que o Fernando estava morto, meu coração parou. Deus sabe que amei muito aquele homem, mais parecia que ele não me amava mais. E isso só aconteceu quando Lia nasceu. O seu amor se direcionou somente a ela. Sim, ele  amava só ela, vivia em prol dela, pra ele não existia mais ninguém. Claro, eu também a amava, mais também sentia raiva, porque ela tinha o que mais queria, o amor do Fernando. Naquele dia, ela cismou que queria uma boneca grande, que falava, fazia xixi e cantava. Mas perto de onde morávamos não tinha. Fernando e eu brigamos feio sobre isso.  Mais então, Fernando saiu e foi atrás da tal boneca, mesmo sabendo que iria chover.
Fernando  saiu  por volta das 18:00 e nunca mais voltou. A polícia contou que ele estava ao telefone quando bateu de frente com outro carro, morrendo na hora. A dor daquelas palavras eram imensas. E quando vi Lia parada ali, me vi gritando:


- Isso tudo é culpa sua. Foi você que pediu para ele cruzar a cidade atrás daquela boneca idiota. E ele para te agradar, como sempre, foi lá, mesmo com essa chuva. E agora esta morto! Está me ouvindo? Seu pai esta morto!

Vi seus pequenos olhos arregalarem e encherem de dor. Logo percebi que deixei minha raiva tomar conta, então a abracei. Seu corpinho tremia todo, e com calma dessa vez disse:
- Seu pai esta morto Lia, ele morreu, não esta mais com a gente.
Eu a vi correr, e não fui atrás. E conforme as horas indo passando, mais minha vontade de não vê-la aumentava. Ela era como o pai. 

(...)

Depois, do enterro, descobri que Fernando nos deixou uma grande dívida, então tive que vender a casa. Me mudei com Lia para uma casa menor,  perto do hospital onde trabalhava. Ali conheci Eduardo Sanchez, um homem extremamente lindo e sexy, que tinha acabado de quebrar o braço ao cair da moto. Ele foi rápido, confesso, pois já chegou pedindo meu número. Logo depois começamos a sair.


Um tempo depois 


- Sim eu aceito.
- Senhora Suzana? - perguntou o padre
Sem demora, respondi alegre:
- Sim, eu também aceito 
- Então, os declaro marido e mulher. 


Foi assim que me tornei a senhora Suzana Sanchez, dona do coração do advogado mais lindo do mundo. Mas ainda havia Lia sentada na primeira fileira, com a cara emburrada. Ela e Eduardo se estranhavam, na verdade, ela o renegava. E isso só aumentava minha raiva. Sim, eu amava minha filha, mais também sentia raiva, e não a queria sempre por perto.

Eduardo Sanchez

Quando vi Suzana no hospital algo me chamou atenção, e como já estava acostumado a dar em cima de todas as mulheres, pedi seu número, e sai com ela. Logo tudo ficou muito sério, porque me apaixonei por seu jeito. Ela tinha uma filha, linda, parecia uma princesa, mais por causa do pai que morreu a pouco tempo, suponho, ela não me aceitava muito bem. Quando me casai com Suzana, resolvi não forçar a barra com a pequena, mais sempre dava o que era necessário. Embora sentisse pena dela, pois vivia sempre sozinha. 

O tempo passou e Suzana engravidou, era um menino, tudo o que eu queria. Ficamos muitos envolvidos com isso, principalmente minha esposa. Ela queria todo seu tempo voltado ao nosso bebê, e com isso em mente pediu que eu mandasse sua filha para um colégio interno, alegando que não conseguiria dar atenção aos dois, já que logo Lia entraria na adolescência. Eu acabei concordando, mais até hoje me lembro dos olhos tristes e dos gritos da menina, quando a mãe a colocou no avião.

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora