Confissões

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Eduardo Sanchez


Quando acordei aquela manhã e vi minha esposa dormindo ao meu lado, me peguei perdido em pensamentos.


Suzana além de ser uma mulher linda e boa, também é muito auto suficiente. Foi assim desde que a conheci. Sua segurança e iniciativa me conquistaram de imediato. Eu quase não tinha que pensar sozinho, pois ela estava sempre um passo a frente, dando-me toda direção que precisava. Talvez fosse isso que me prendia tanto a ela, já que eu mesmo gostaria de ser assim.
Nunca nesses anos senti vontade de estar com outra mulher, pois ela sempre me bastou.

E agora? aqui estou eu traindo-a com a própria filha. Como pude fazer isso ? Como deixei as coisas chegarem a esse ponto ? Lia é só uma criança. E sempre que penso nisso, me sinto um lixo. Entretanto, não posso negar que quando estou com ela me sinto outro, como se eu não fosse eu.

(...)
Sai rapidamente da cama, tentando deixar meus pensamento para trás,  e fui direto ao banheiro tomar um banho. Logo em seguida Suzana me surpreende juntando-se a mim.

(...)

Já vestidos, começamos a conversar sobre o processo que perdi. E sem contar que a ideia foi da Lia, mencionei que estava querendo lançar uma nota sobre  o caso antes mesmo da própria imprensa. 
Suzana gostou muito da manobra em questão , e logo começou a correr atrás disso. Mas antes, ela me deu um sermão daqueles, expondo todas as minhas falhas. Confesso que me senti péssimo, mais ela devia ter razão, né?
(...)

Descemos para tomar café da manhã mais a mesa estava vazia. O que irritou muito minha esposa.
- Rosa! Rosa! venha aqui - Chamava aos berros.
Rosa veio correndo, como se sua vida dependesse disso.
-Sim senhor, me chamou ? - a empregada parecia preocupada.


- Porque a mesa do café da manhã  não está pronta?
Vendo a irritação de Suzana e o medo no rosto da empregada, resolvi interferir.

-Está tudo bem amor, a Rosa não deve ter tido tempo,  podemos comer algo rápido.

Sem nem ao menos olhar para Suzana, senti sua irritação.
Rosa então tentou explicar:

-  O que aconteceu foi que a senhorita Lia pediu que o café da manhã fosse servido lá fora, junto a piscina. Ela e o menino Jhon já estão lá a propósito. 

Suzana bateu o pé com firmeza e seguiu em disparada para o lado de fora da casa. Fui atrás. E a cena que se seguia era encantadora. Jhon estava rindo e contando algo muito entusiasmado, enquanto Lia lhe dada frutas na boca.

E o que dizer de Lia? Ela estava com a parte de cima de um biquini branco impecável, e seu rosto estava totalmente sem maquiagem, o que a deixava ainda mais linda.

Só parei de encara-los quando Suzana reclamou:

- Quando decidir fazer algo na minha casa, pelo menos me avise Lia, ainda mais se envolver a todos nós. 
Sem dúvida o clima de descontração e alegria foi rompido. O que me deixou bravo.

- Não seja dramática Suzana, foi só um café da manhã na beira da piscina. Não vê que eles estão se divertindo ? Só pare com isso! - Minha voz soou forte e irrita.
Todos olharam para mim. 

Suzana me olhou surpresa, com olhos arregalados e incrédulos, Jhon por outro lado, me olhava  com gratidão, e Lia ...  bem, Lia me olhava como se me visse por dentro. E aquilo me assustou.

- Se estamos resolvidos, vou comer algo no escritório. Os vejo de tarde. 

Sim, de maneira covarde virei as costas, e sai .

Suzana Sanches

Eu ainda estava muito chateada pela forma com que Eduardo avia me tratado de manhã.
Desde que nos casamos , essa foi a primeira vez que ele ousou discordar de mim, e foi a primeira vez também que ele teve coragem de me repreender. Mais o que mais me deixou irritou nisso tudo, foi que ele fez isso para defender uma ideia da Lia. Assim como Fernando sempre fazia.


Sério, minha filha tinha que ir pra faculdade de uma vez,  não dava pra aguentar mais aquilo,  porque além de passar o tempo todo desvirtuando meu filho, agora ela estava querendo colocar meu marido contra mim.
(...)

Para relaxar, resolvi ler um pouco. A verdade é que sentia falta de trabalhar no hospital. E distrair minha mente não era muito fácil.


Mas minha tentativa de distração não durou muito, pois logo fui interrompida por uma ligação indesejada: 


- Alô Suzana ?
Suzana: O que você quer ? Como conseguiu meu número?
- Você deveria estar fazendo outra pergunta. Como por exemplo, o que eu quero?
Suzana: eu sei o que você quer, e a resposta é não.
- Você tem certeza que quer arriscar seu segredo?
Suzana: Você sabe que não é isso que eu quero.
- Ótimo, então estou te esperando.
( tu tu tu tu tu )
(...)


Ainda olhando para o celular, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.
Quando foi que minha vida começou a sair dos eixos?
Besteira, eu sabia bem.
Afinal, a quem eu quero enganar? isso é tudo culpa da Lia. 

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora