Chegou a hora

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Eduardo Sanchez 

Sou do tipo de pessoa que odeia hospitais.
Não consigo ficar dentro de um sem me sentir angustiado.

Por esse motivo, resolvi ir até o lado de fora do edifício, para respirar um pouco.
Nesse momento, avistei uma pessoa vindo em direção á porta.
Me peguei sorrindo, quando percebi de quem se tratava.
Depois de um mês, meu coração começou a bater de novo.
Lia estava linda, e ao me ver, sorriu.
Mas ela não estava sozinha.
Ao seu lado havia um rapaz, alto, loiro, que não devia ter mais de 19 anos.
E sua fisionomia, me parecia conhecida.
Ambos estavam de mãos dados, notei depois.  Mas ao se aproximarem de mim, as soltaram. 

- Lia, o que estava fazendo aqui? - perguntei de imediato.
- Fiquei sabendo do acidento do Jhon , e queria saber como ele está.

Sua voz oscilava muito.
- Ele esta bem, embora tenha quebrado o braço. - respondi sereno
- Mas o que houve? 
- Foi um acidente, mas depois eu te conto melhor.
Seus olhos verdes fulminante, me encararam.
Eu poderia me afogar nesses olhos. - pensei

Perdi até a noção do tempo, mas creio que foi tempo suficiente para que o acompanhante de Lia, mostrasse indícios de que o momento estava sendo constrangedor. 

- Então ... eu sou Matheus Molina. - apresentou-se 

Mantive minha atenção nele.
- E eu sou Eduardo Sanchez. - disse estendendo a mão.
- Muito prazer senhor. 
Simplesmente fiz um gesto com a cabeça.

O clima ficou estranho, e foi Lia que o quebrou.

- Será que posso entrar para vê-lo? - perguntou referindo-se a Jhon.
- Claro, eu te levo. 

Tentei trocar algumas palavras com ela durante o caminho até o quarto, mas não consegui. 
Quando Suzana á viu entrar, fechou a cara, mas Jhon ao contrário ficou muito feliz.
Para o meu desgosto, Lia não ficou por muito tempo, mas foi o suficiente para deixar o ambiente mais leve e alegre.

Lia Cooper

Ter visto o Eduardo depois de tanto tempo, só fez minha saudade aumentar.
Não consegui falar com ele.
Mas tudo bem, a intenção não era essa. Eu tinha ido até lá para ver meu irmãozinho, que ficou imensamente feliz ao me reencontrar. 

Suspirei sem ao menos perceber.

- Esse suspiro foi de preocupação, ou de paixão? - perguntou Matheus a queima roupa.
- Nenhum dos dois. - Respondi. - É de cansaço mesmo.
Senti seu olhar percorrer meu rosto.
- Claro. Mas que bom que não foi nada grave né?
- Ainda bem . - respondi aliviada
- Fora que ele vai poder conquistar várias gatinhas com aquele gesso. Elas adoram
- Adoram é? Nem vou perguntar porque você acha isso, tenho medo da resposta.

Uma explosão em forma de riso abalou o carro.
- Acredite, eu quebrei o braço de propósito só para poder usar gesso.
-Não estou surpresa. - afirmei
-Sei que não. Mas ei, quem era aquele homem com quem você falou na porta do hospital?
Engoli em seco.
- meu padrasto. - disse tentando não parecer incomodada.
- Sério? 
Sua pergunta me parecia surpresa.
- Sim, porque?
- Por nada - disse dando o assunto por encerrado.

Logo chegamos em casa.

(....)


Suzana Sanchez

A semana passou voando.
Jhon estava cada vez melhor.
Eduardo por sua vez,  cada vez mais distância.
Até de quarto mudou.
Tentei contornar a situação, mais ele estava irredutível. 
Eu sentia o controle fugir entre meus dedos, e não gostava nada disso.

Todas as minhas investidas estavam sendo em vão.
Não dava mais para ser boazinha.
Eu teria que tomar uma atitude mais drástica.
E vou começar pelo problema : Ela.


Eduardo Sanchez 

Trabalhar sempre me fez bem, e ultimamente se tornou a minha salvação, assim como passar um tempo com meu filho.


Rever a minha princesa no hospital, naquela noite, só fez eu ter ainda mais certeza de que a queria na minha vida de novo.
Mas uma pergunta ficou pairando sob a minha cabeça:
"Será que ela e aquele rapaz estavam juntos?"
Não, não poderiam. Eu não suportaria perdê-la agora.

Eu precisava tomar uma atitude logo. 

Lia Cooper


MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora