PROVOCAÇÃO

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Alice Cooper

Em frente ao espelho do meu quarto, vejo como mudei. Não pareço em nada com aquela pequena menina que saiu dessa casa aos berros, implorando para não ser despachada. 

Hoje meus cabelos são longos, de um castanho claro, iluminado por suaves mechas douradas. Meus olhos verdes, agora estão ainda mais expressivos. E o que dizer do meu corpo? Seios fartos, bunda grande, e uma barriga chapada. Sim, me empenhei muito nos exercícios e na alimentação. No colégio, eu fazia parte do time de vôlei. Mais não foi só no físico que mudei. Depois da morte do meu pai, eu vivia atrás de afeto, queria agradar  todo mundo,  buscava carinho e compreensão por todos os lados, principalmente da minha mãe, que sempre me afastava. Eu suplicava por atenção, e me sentia um lixo.

Hoje, eu vivo para amar, para ser desejada, e para me fazer feliz. Não penso mais em nada, além de mim. Aprendi a me satisfazer e a me amar. Não vou mentir, voltei para atormentar a vida perfeita da minha mãe. Poderia muito bem ter ficado no internato até começar a faculdade, afinal, passei em direito, com louvor, mais antes, queria faze-la perder a paz. Sei que ela não vai saber lidar com a minha petulância e atitude, bem como meu padrasto, a quem ela dedica sua vida. 

E por falar em padrasto: Que homem lindo. Até agora não consigo tirar a imagem dele de sunga na piscina, ou do calor de sua pela tocando a minha. Quando ele saiu da água sem dizer nada ontem, percebi que a minha presença o afeta, embora, venha me tratando como uma criança. Ontem no jantar, ao me oferecer a sobremesa, ele deixou escapar :
- Quer um pouco criança?
E o pior de tudo é que seu olhar era muito paternal. Confesso que odiei isso. Mas o que eu deveria esperar? ele é meu padrasto. E que padrasto. Sério, ele mexe demais com a minha imaginação. Brincar com ele me faria muito bem e seria delicioso. Afinal, porque não ? seria apenas um joguinho, e ele merece ser perturbado um pouco, até porque ele concordou  com a minha mãe quando ela quis me mandar para longe, não é ?
(...)

Não tive muito tempo para ponderar meus pensamentos, pois eles logo  foram tomados por uma batida leve na porta.

- Pode entrar esta aberta - digo de maneira cautelosa. 
- Oi Lia, você quer brincar?  - perguntou Jhon, todo animado da porta. Ele realmente era uma criança linda.

- Claro, o que quer fazer ? perguntei sem demora.
- Qualquer coisa, mais tem que ser aqui dentro.
Achei aquilo muito específico. Então perguntei:
- Porque  só entro de casa?
Afinal, crianças amam brincar no quintal, ou até mesmo na rua. Meu pai e eu amávamos.

Todo seguro e sorridente, Jhon explicou:
- Mamãe diz que é mais seguro.

Claro que era isso. Minha mãe esta super protegendo ele. O que quer dizer, que a ele sim, ela amava muito. Então, eu usaria ele para atormenta-la. Jogar ele contra ela agora, não seria tão ruim.

Com esse propósito em mente,  me apressei ao dizer:
- A dona Suzana exagera demais. Brincar lá fora, é bom. Ela só não quer que você se divirta de verdade. 
- É mesmo ?   - Senti a duvida em sua voz.
- É sim, ela quer te prender, pra te vigiar. Mais eu vou te salvar.  - Digo  rindo
 - Vamos nadar um pouco na piscina, e depois brincar de pega pega no jardim. O que acha ?
- Parece legal demais. Mais mamãe ficará brava comigo. 
Sua voz falhou no meio da frase. O que significava que ela o deixa com medo.

- Não se preocupe, se ela for brigar com você, finja que não esta ouvindo. Depois falarei com ela.

Em forma de gratidão, meu peque irmão, rodeou os bracinhos  em minhas pernas, dando-me um  abraço animado.
- Obrigado, você é uma irmã muito legal. 


Eduardo Sanchez

Eu estava trabalhando em casa aquela tarde. Havia muitos documentos para serem colocados em dia. Estava no meio de um processo complicado e grande, que envolvia muito dinheiro. Não que isso seja um problema para mim, porque sou considerado muito rico. Mas meu ego é enorme e não admito perder um caso sequer. Mas minha concentração foi abalada, quando ouvi risadas vindo lá de fora. Confesso que nunca tinha ouvido nada parecido naquela casa. Eram risadas estridentes, vindas de pessoas que realmente estavam se divertindo. 


Quando olhei pela janela do escritório, que ficava no andar de baixo da casa, bem em frente ao jardim, vi Jhon correndo muito ofegante e feliz. Ele gritava: " você não me pega, não me pega "

 Foi ai, que avistei Lia correndo atrás dele, com um vestido florido, de alças finas, que ficava a uns 4 palmos dos joelhos mais ou menos. Não que eu soubesse algo sobre isso, mais  era realmente curto, o que deixava suas pernas bem a mostra.
"Será que ela pratica algum esporte, ou ao menos faz a academia? porque sério, suas pernas realmente são muito torneadas. "

Ela assim como Jhon, estavam se divertindo, era nítido.
Mas eu sabia, que isso daria problema, porque Suzana não gosta que  nosso filho brinque fora de casa, ela diz que é perigoso, e que ele poder vir a se machucar.
A verdade é que eu acho um grande exagero, mais como a amo, concordo com sua decisão.

Mais vendo aquela cena no gramado, percebo que estava errado. Era gostoso vê-los brincar, e isso me fazia querer sorrir como um bobo, como de fato estava fazendo.

  De repente então, começo a  imaginar, como seria bom sair para brincar com eles.
Mas minha imaginação não chegou muito longe,  porque uma voz, doce e muito suave, me fez voltar para a realidade:

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora