Novos começos

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Lia Cooper


Quando fui naquela boate, no meu aniversário, e conheci a Kira, senti uma energia boa, e uma conexão legal entre nós.  Apesar de termos passado pouco tempo juntas, havia uma grande chance de nos tornarmos amigas. Contando com esse fato, trocamos números. E foi isso, que acabou me motivando, a chamá-la para sair.  Afinal, seria legal vê-la de novo.

Passamos o dia no shopping, o que foi muito bom. Pois Kira sem querer, conseguiu levantar meu astral, e me fazer esquecer os problemas por um tempo.
Além de ver filme, comprar coisas aleatórias, conversamos muito. Trocamos ideias, nos conhecemos, fofocamos, e entre uma coisa e outras, descobrimos que  frequentaríamos a mesma faculdade, embora o curso não fosse igual. E mais, ela me convidou para morar com ela, o primo Matheus, Dora, Neto, e um carinha chamado Duca. Ambos também estudariam no mesmo Campus, e estavam de acordo em achar mais uma pessoa para dividir o espaço, e as despeças.  Fui convidada para preencher a vaga, e lógico que aceitei. 
 Para comemorar, saímos todos juntos, com o intuído de brindar.
(..)


Cheguei em casa 00:00, e ao entrar pela porta, me deparei com uma grande escuridão , exceto pela luz que vinha da sala de visita.
Fui cautelosamente até lá, e avistei Suzana de pijama, com uma taça de vinha na mão.
Ao meu ver, ela parecia nervosa, perturbada, e infeliz. 

Sorri de satisfação. 

 - Olha se não é Suzana Sanchez! - exclamei
Ela virou assustada para mim.

 - O que você quer ?  perguntou em tom de estresse
- Eu? nada. Mas e você ? Parece estar tão aflita.  - debochei

Dava pra ver a fúria em seus olhos 
- Sabe o que eu gostaria nesse momento? Que me deixasse em paz! - bradou.
- HMM, acho que não.  - disse cruzando os braços. - Qual é Suzana, me fala, o que aconteceu com seu castelo encantado? - ri
- Você se diverte me vendo assim né? - franziu a testa ao me encarar.
- Mas é claro. - confessei- Quem sabe, assim você entende um pouco do que eu passei.
Foi a vez dela rir.

- Você é uma piada. Acha que sua vida foi ruim? Por favor, você morou e cresceu fora, com o melhor estudo que poderia ter. E sua infância antes disso foi ótima. - falou de uma vez só, enquanto minha raiva crescia

- Eu tive uma infância ótima? Antes você vivia me ameaçando, e depois que meu pai morreu,  começou a me bater todos os dias, muitas vezes sem motivo. Quando nos mudamos pra cá, me obrigava a não falar com ninguém, mais uma vez usando de ameaças, até que um dia, 
 do nada, resolveu me mandar para aquele lugar horrível, onde eu mal conseguia respirar.

Comecei a bater palmas.
- REALMENTE Suzana, eu tive uma vida maravilhosa. 

Ela veio feito uma leoa pra cima de mim, e agarrou meu braço.
- Cala a boca. Só cala a maldita da boca!

A encarei.
- Tá nervosa? porque? Não era você, a mulher mais controlada, e feliz do mundo?
- Eu sou. - afirmou, embora seu corpo tremesse.

Sorri, e então sussurrei
- Não parece! 

Ela olhou no fundo dos meus olhos.
-  Isso porque você não sabe o que é amar e ser amada.

Tirei meus braços de sua posse, me afastei, e com a voz firme, disse:
- A única pessoa aqui, que nunca amou, e foi amada, é você. E sempre, será assim.

Ao sair pela porta, deixando-a sozinha, ouvi um barulho de vidro sendo quebrado. E á minha frente estava Eduardo.

Eduardo Sanchez

Desci as escadas, com o intuito de conversar um pouco com a Suzana. Mas ao me encaminhar para sala de visitas, me deparei com a Lia saindo de lá, muito afetada. Em seguida ouvi um barulho vindo do aposento em questão. Algo do outro lado parecia se romper, assim como algo parecia ter se quebrado dentro da pessoa que estava á minha frente.

- Lia, o que houve?  - perguntei preocupado
-  Nada. - respondeu já passando por mim.

Me virei, e imediatamente segurei seu braço, fazendo-a parar, e olhar em meus olhos.
- Me diga, esta tudo bem? - sussurrei 

Seus olhos estavam marejados, mas já não havia expressão em seu rosto.
- Entre, acho que ela precisa de você. 
- E você, não precisa ? 
Ela se afastou de mim em silêncio, enxugou uma lágrima que escorria, e apenas foi embora.

E  mais uma vez,  fiquei sem saber o que fazer.  Eu entrava?  ou ia atrás dela ?

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora