O acerto de contas.

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  Suzana Sanches

Meus olhos viam, mas minha mente se recusava a acreditar.
Parecia um pesadelo. Mas a realidade estava á minha frente.
Lia e Eduardo juntos. Ambos de roupão, e cabelos úmidos.

Ele estava com um semblante estático, e ela parecia estar chorando.

Por alguns instantes, consegui ouvir a voz do meu pai sair de dentro da minha cabeça, dizendo:
" Eu avisei, você é um lixo, nunca ninguém vai te amar, porque você não sabe o que é o amor "

Até tentei me livrar daquelas palavras, mas parecia que elas me perseguiam.
Vivi minha vida inteira em prol delas, ou melhor, na tentativa de provar que elas estavam erradas.
Só que mais uma vez, ali estava a verdade.

Meu corpo foi invadido por uma descarga elétrica. Os pelos dos meus braços se arrepiaram,  meu sangue ferveu e minha raiva explodiu em uma só ação.
Empurrei a pessoa parada á porta, com uma força que eu nem sabia que tinha, e cega de ódio, segui até meu alvo.
Agarrei um punhado de cabelo castanho na mão, e o puxei. Rapidamente, subi em cima da pessoa em questão e comecei a distribuir tapas. Seu corpo sequer se mexeu de baixo do meu.
Senti alguém me segurar por trás, com mãos fortes, e segundos depois, estava sendo colocada do lado oposto.

  Eduardo então, se colocou entre ela e eu.  
- VAGABUNDA. ISSO QUE VOCÊ É  - disse com a voz arrastada. - EU TE ODEIO COM TUDO QUE EU SOU. MALDITA SEJA VOCÊ.  - declarei

Dava pra ver o quanto minhas palavras á atingiam. Mesmo assim ela não se moveu.
- Chega Suzana! - bradou Eduardo.
Me virei para o dono da voz, que me olhou com desprezo.
Explodi.
- CHEGA ? CHEGA? MAIS EU NEM COMECEI. 
Ri de nervoso.
Depois, lancei um tapa em sua linda cara, deixando meus dedos marcados em seu rosto.
- VOCÊ TRANSOU COM A MINH A FILHA! - exclamei
Ele respirou fundo.
- Eu sei que errei, e não me orgulho nada disso. Por muito tempo me senti culpado, hoje, não mais. 
- NÃO MAIS ? eu sou a mãe do seu filho, que a propósito, está lá em baixo no carro.
Eduardo temblou.
- Vou busca-lo - disse já tomando partido.
Eu o segurei pelo braço.
- Para que? Para ele ver que o Pai esta transando com a irmã?

O vi engolir em seco, e sem medo, o  encarei por alguns minutos.

O silêncio era ensurdecedor.
Mas a culpada de tudo estava á poucos centímetros.

Devagar, me virei para Lia.

 - VOCÊ ESTÁ VENDO? A culpa é sua. SEMPRE é sua. - soltei, cheia de raiva
Ela me olhava com atenção.
Aquilo me irritou profundamente.


- Não vai dizer nada Lia? - ri alto- Claro que não, você é fraca como o SEU PAI. - debochei

E foi ai, que eu vi uma chama se acender nos olhos da minha filha.
Ela passou seu corpo para frente, me afrontando, e com o dedo indicador apontado para mim disse algo que não esperava ouvir:
- De qual pai esta falando? Do Fernando? AH, NÃO, claro, o Fernando não é meu pai. Então, só pode estar se referindo ao Caio, não é?

O Chão parecia ter se movido, e minhas pernas amoleceram. Não sei como consegui me manter de pé.  
- O que você disse? - perguntei
Lia inclinou levemente a cabeça para o lado.
- O que foi? Ficou surda? ..... Ah, claro, você não sabia que eu já estava ciente da verdade, não é?  Quer dizer, meu tio é meu pai, e meu pai, é meu tio.  Veja só quem é a vagabunda aqui. - disse com ódio.

Levantei a sobrancelha indignada. 
- VOCÊ NÃO SABE DE NADA.  - bradei, ignorando-a 

Em seguida, sem pensar muito, agarrei Eduardo pelos ombros. 

- Amor, olha pra mim. EU sou sua rainha, o amor da sua vida.  - disse enquanto o chacoalhava.
Eduardo desviou o olhar.
- Nosso casamento era perfeito, não acabe com tudo por causa dessa  biscate. - Supliquei, apontando para Lia.

Dessa vez, chamei sua atenção.
Eduardo fechou a cara, e seu semblante escureceu.

- Jamais volte a chamar MINHA mulher de biscate Suzana. E entenda de uma vez por todas que o nosso casamento não existe mais. - falou de modo firme.

(Eu queria matar alguém. )

- NÃO! NÃO E NÃO. VOCÊ ME AMA. - gritei desesperada

O mundo parecia estar desabando sob a minha cabeça.
O ar não passava pelos meus pulmões, e tudo se canalizava em pensamento sombrios. 

Vire o corpo para encarar Lia.
- EU VOU TE MATAR! -  exclamei
Lia por sua vez, sorriu.
- Como se isso fosse novidade para você, não é mesmo ? - Debochou. - Afinal, eu seria só mais uma na sua lista. 

Meu corpo congelou , assim como minhas feições.
- VOCÊ  não sabe do que esta falado.
Lia se aproximou de mim.
- Eu sei que foi você que matou o Fernando, e suspeito que o Caio  também. - Sussurrou perto do meu rosto.

Aquilo foi meu estopim. Não poderia suportar mais nada.
Eu precisava feri-la. 

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora