A REVELAÇÃO!

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Eduardo Sanchez

Era Domingo de Manhã, quando Caio Cooper foi enterrado.
Não havia muitas pessoas presentes no momento. Somente, a sobrinha, a ex cunhada, eu, meu filho Jhon, Matheus e os seus demais amigos. O ar estava quente e pungente.
Lia, como única parente de sangue do falecido, optou por não ter velório.
Aconteceu tudo muito rápido.

As pessoas ficaram em volta, paradas, tentando ocupar o espaço com lamentos e palavras de consolo. Jhon por exemplo, se agarrou as pernas da irmã, e ali ficou. Suzana por outro lado não parecia sentir nada, a não ser indiferença. Fiquei um pouco afastado, observando de longe, com medo de não suportar ver e sentir o sofrimento da minha princesa, e ir de fato consola-la como queria.

Por um momento, a sombra de uma figura alta, parou ao meu lado.
De fato, era alguém com quem não queria conversar.

- Deve ser estranho né? - perguntou Matheus enquanto cruzava os braços
O encarei.
- O que deve ser estranho?
- Transar com a irmã do seu filho. - disse á queima roupa.

Respirei fundo concentrando toda minha raiva, no ato de fechar as mãos, como se estivesse pronto para dar um suco em alguém.
- E o que você tem haver com isso? - retruquei de modo sério
Ele sorriu.
- Eu? Nada, afinal, quem sou eu ? - debochou.
Me virei, ficando cara a cara com ele.
- É melhor você não se envolver nisso. - ponderei

Ao descruzar os braços, e fazer menção de se retirar, o rapaz abriu um largo sorriso.
- Era você que não deveria ter se envolvido.

Sem mais, ele foi até Lia, a abraçou, deu um beijo em sua testa, e como um santo, foi embora junto com os amigos.

Estava perplexo com a falta de noção daquele rapaz. Ele não deve ter me dito aquelas coisas á toa. Teria que me preparar. Sem ao menos, saber do que.

Suzana deve ter aproveitado esse meu momento aéreo, para se aproximar , porque só notei sua presença depois de alguns segundos.

- Vamos para casa ? - indagou.
- Eu não vou voltar para casa. - disse de forma lenta, para que entendesse.
Ela suspirou, parecendo cansada.
- Vai mesmo continuar com isso?
- Já aluguei um apartamento. Minha secretária foi rápida como pedi. Depois mando um empregado ir pegar minhas coisas. - falei direto.
Era nítido sua irritação.
- Já falou isso para o seu filho?
Esse era o tipo de pergunta que eu sabia que faria.
- Sim! alias, mesmo que não goste, venho falando com ele sobre isso, desde o dia que me abri com você. A propósito, quando os papais do divórcio estiverem prontos, eu mesmo levo para você assinar.
Ela riu.
- Até lá, você já terá se arrependido, amor. Vamos ficar bem, EU sei.
Ao terminar, beijou meu rosto, foi até a filha, deu lhe um abraço seco, pegou Jhon e saiu pelo grande portão de ferro desbotado do cemitério. Me deixando ali chocado. Sua habilidade em ser sonsa, era realmente surpreendente.

Finalmente, depois de horas, consegui ter Lia nos meus braços. Pois ela veio até mim, e me abraçou.

- Quer ir embora? - sussurrei em seu ouvido.
- Por favor. - disse entre suspiros.
Pousei meus lábios em sua testa.
- Eu vou cuidar de você. - prometi.
- Queria passar o dia assim, abraçada com você.
Á afastei para poder ver seu rosto.
- E vamos ficar. Nem louco que vou te deixar agora.
- Mas, para onde vamos? - perguntou com voz baixa.
Dei um meio sorriso.
- Aluguei um apartamento perto do Campus.
Ela franziu a testa.
- Mais já ? Pensei que demoraria mais.
- Graças a Deus, não.
Ela tentou sorrir.
- Sorte minha então.
- Sorte a nossa , Vamos! Disse pegando em sua mão.
Mas ela parou.
- o que foi ?
- Antes de irmos para o apartamento, podemos passar na casa do meu tio? Os policiais disseram que ele possuía um cofre, e alguns pertences, com os quais gostaria de ficar. E como o imóvel é alugado, preciso ir logo.

MEU PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora