Pov Noah
Depois da notícia e visita que recebi, fiquei o resto do dia meio aéreo. Nem consegui trabalhar direito e com certeza meus alunos notaram que tem algo errado. Eu sou professor e amo isso, depois do meu filho, meus alunos são as coisas mais importantes para mim.
Falando no meu filho, eu descobri que o pai biológico dele existe e quer acompanhar a vida dele. Eu não posso perder Andy, ele é a melhor coisa que me aconteceu na vida. Eu não posso ficar sem ouvir os gritinhos dele de manhã, ou o chorinho dele quando quer alguma coisa. Não posso deixar de sentir meu coração aquecer cada vez que ele segura no meu dedo para mamar.
Saio da escola que dou aula e vou até a creche de Andy, que sorri largo quando me reconhece. Automaticamente eu começo a chorar, como eu posso ficar sem esse sorriso sem dentes que eu tanto amo?
-Oi filho! -abraço o corpinho dele no meu colo, ainda chorando. Ele resmunga e eu afasto ele do meu corpo. Andy passa a mãozinha no meu rosto, como se estivesse me consolando.- Vamos para casa?
(...)
Depois de colocar Andy na cama, geralmente eu sempre caía morto na minha própria cama, mas não dessa vez. Eu não conseguia pregar o olho e meu cérebro só pensava na possibilidade daquele tal Josh tirar meu filho de mim. Ligo para a única pessoa que poderia me acalmar nesse momento.
-Fala cabeção! -Sabina fala quando atende. Se fosse em outro momento eu a xingaria de volta, coisa de irmãos, mas hoje eu não consigo.
-Saby... -choramingo.
-O que aconteceu? Andy está bem? -pergunta preocupada. Como tia e madrinha do meu filho, ela é super babona e desconfio que ama mais meu filho do que eu. Eu entendo, não tem como não amar Andy.
-Andy está ótimo! -suspiro- Mas aconteceu uma coisa hoje... -conto tudo para ela. De como eu estava em mais uma manhã normal e apareceu um homem dizendo que meu filho era filho dele, de como eu me senti ameaçado, de como eu queria chorar. Eu chorei, na verdade.
-Noah, meu amor... -ela fala com a voz suave- Você quer que eu vá para aí com você? Ajudar a segurar essa barra?
-Não precisa. -Sabina mora em New York e eu em Los Angeles, seria muito cruel com ela, fazer se deslocar até aqui.- Inclusive, desculpa a hora que liguei.
-Que isso! Irmãos são para isso. -me permito sorrir um pouco.- Mas e aí? O que você vai fazer?
-Não faço ideia. -me atiro para trás na cama e olho para o teto do meu quarto.- Preciso conversar com Lamar para ver quais são os meus direitos e o que eu devo fazer nessa situação.
-Se você precisar fugir, pode vir para cá. -ela dá a ideia e parece atrativo, mas não posso deixar minha vida para trás e eu sei que não vou perder Andy. Espero pelo menos!
-Obrigado Saby, mas vou ficar por aqui e enfrentar o problema. -continuamos conversando mais um pouco. Sabina jura odiar esse cara, diz que não tem cabimento essa história toda e que se pudesse esmagava o tal Josh.
-Preciso desligar, maninho! -faz som de beijo- Se precisar de ajuda para esconder um corpo me liga. -rio e me despeço da minha irmã maluca.
Logo meus pensamentos voltam para o que aconteceu e o meu coração se aperta novamente. No mesmo momento, mando mensagem para Lamar, meu advogado e amigo. Explico toda a situação e pergunto sobre o que fazer.
Lamar: Ele não disse o nome dele?
Eu: Disse
É Josh Beau alguma coisa
Eu vou perder Andy?
Lamar: Não precisa se preocupar com isso
Você tem direitos e no seu caso, a justiça está do seu lado
Eu: O que eu faço então?
Lamar: Eu recomendo a conversar com esse cara
Exigir um teste de DNA
E entrar em um consenso com ele
Eu: Certo...
Vou fazer isso
Obg lamar
Agora eu estou mais aliviado... Andy é meu filho e não vai ser o pai biológico que vai tirar ele de mim.----------------------------------------------------------------
Pov Josh
Eu ainda não consigo acreditar que conheci meu filho. Ele é tão é lindo e está tão grande. Andy é o nome dele... Andy Beauchamp. Até combina.
Assim que cheguei em casa, liguei para Heyoon e minha mãe, contando sobre o encontro. Dona Úrsula está louca para conhecer o neto... Mas ainda é tão difícil. Não sei qual vai ser a decisão do pai adotivo do meu filho, eu entendo que seja estranho e ameaçador para ele, mas eu só quero acompanhar a vida do meu filho.
Caso o outro pai não aceite minha condições, eu vou recorrer a justiça. Poderíamos ter algo como guarda compartilhada, certo? Eu só sei que não vou perder nenhum minuto longe de Andy. Eu já perdi todo o processo da gravidez, perdi o nascimento, perdi seis meses da vida dele.
Meu celular apita avisando que recebi uma mensagem. É de um número desconhecido e se fosse em outro momento, teria ignorado.
Número desconhecido: Oi
Temos q conversar
Eu: Uh
É sobre o Andy?
Número desconhecido: Sim
Eu: Eu ainda não sei seu nome
Noah: Noah Urrea
Só reforçando, vc não vai tentar tirar ele de mim, não é?
Eu: Não
Eu nunca faria isso
Noah: Certo
Obg
Mas eu preciso ter uma confirmação de q vc é o pai dele
Eu: Amanhã mesmo podemos fazer o teste de DNA
Noah: Ok
Mais uma coisa
Caso vc seja mesmo o pai dele, oq vc vai fazer?
Eu: Eu quero acompanhar a vida dele
Nem q seja de longe
Noah: a
Entendi
Amanhã podemos nos encontrar no laboratório
Até
Ele não me confirmou nada, mas aceitar fazer o teste e me chamar já é um grande passo, não é? Estou ansioso para amanhã poder ver ele... Ainda não consigo acreditar que eu tenho um filho.
(...)
O pai adotivo de Andy combinou comigo de me encontrar cedo da manhã no laboratório. Eu saí duas horas antes do combinado, de tão ansioso. O laboratório nem está aberto, então fico esperando dentro do carro, enquanto observo o movimento da rua, que é quase zero. Toca uma música pop na rádio, a qual não presto atenção, porque estou ansioso para ver meu filho.
Eu não sabia que ser pai era isso... Eu não sabia que poderia amar um bebê em um dia conhecendo ele, eu não sabia que ia sentir meu peito se encher de felicidade só de saber que iria ver ele. Ser pai é muito bom e eu nunca vou perdoar a Layla por quase ter me impedido de viver isso.
Se ela tivesse me contado da gravidez, eu teria dado apoio e ajudado. Se ela escolhesse abortar, ficaria triste, mas apoiaria também... Afinal, o corpo é dela e ela quem carregaria o bebê. Entretanto, eu nunca teria deixado ela abandonar a criança. Isso foi egoísmo da parte dela e eu não quero nunca mais ver ela na minha vida.
Vejo um carro estacionar ao lado do meu e o outro pai de Andy descendo do carro. Não tinha reparado antes, mas ele não é feio... Quer dizer, ele é muito bonito e tem até uma pose de galã. Ele abre a porta de trás e pega meu filho no colo. No mesmo momento, abro um sorriso e saio do meu carro.
-Você já chegou? -ele nota e olha para mim, com Andy no colo. Meus olhos não saem do bebê, que está com uma carinha de sono e encostado no ombro dele. Tão fofo!
-Eu estava ansioso. -Noah assente e ajeita o bebê no colo para pegar a bolsa no carro.- Deixa que eu carrego. -ofereço minha ajuda. Ele está carregando uma criança, que não é tão pequena, no colo e ainda vai carregar a bolsa? Eu estou aqui.
Noah me olha desconfiado, mas resolve ceder, me entregando a bolsa e fechando a porta do carro. Vamos em direção ao laboratório, com ele andando mais a frente e eu seguindo. Andy olhava para mim sob os ombros dele e sorria, me fazendo sorrir de volta e fazer algumas caretas para ele rir.
-Bom dia! Nós gostaríamos de fazer um teste de DNA. -o moreno fala para a recepcionista e eu começo a suar frio. É obvio que eu sei que Andy é meu filho, eu sinto isso e ele até é parecido comigo, mas mesmo assim bate aquele medo de tudo ser uma mentira da Layla para chamar atenção, ou que as informações que consegui do orfanato tenham sido trocadas.
-Quem vai fazer o teste?
-Eu e ele. -aponto para o bebê.
-Seu nome e o nome da criança, por favor!
-Josh Beauchamp e... Andy Urrea. -Noah olha para mim, surpreso por eu ter falado o nome certo de Andy. Qual é?! Ele é meu filho, óbvio que decorei o nome dele e além de que ele também é o pai e o menino está registrado com o sobrenome dele. Nunca pensei em tirar o nome dele, só talvez acrescentar o meu.
-Logo chamamos vocês, fiquem a vontade. -a recepcionista fala e nós vamos nos sentar nas cadeiras.
Eu e o moreno não temos assunto nenhum, então fica um silêncio entre nós, que é possível ouvir o som baixinho da televisão que passava o noticiário local. Andy estava no colo dele, encostado no peito dele e me observava com aqueles olhos enormes, iguais ao meu, devo ressaltar. Sorrio para ele, que sorri de volta e eu sinto uma vontade enorme de tocar nele. Seguro a mão dele, que fica curioso e brinca com os meus anéis.
Olho para Noah e ele olhava para a cena um pouco triste. Eu sei o que ele está pensando, ele está se sentindo trocado, com ciúmes, com medo de perder o filho, com medo de perder o amor do filho. -Você sabe que nunca vai perder ele, não é? -ele levanta o olhar para mim e eu vejo a insegurança nele, vejo os olhos marejados querendo chorar. -Ele pode ter dois pais e pode ter certeza que ele já ama você demais.
Noah funga e assente, secando algumas lágrimas que escapam. -Obrigado! E se esse teste der positivo... Eu vou deixar você acompanhar a vida de Andy. -comemoro internamente e sorrio.- Mas você tem que cumprir sua promessa de nunca tirar ele de mim.
-Quanto a isso pode ficar tranquilo. -ele sorri fraco e continua me observando, até que um gritinho de Andy quebra nossos olhares. O Urrea mais velho olha para o bebê preocupado, mas ele só queria a nossa atenção.
-Você... Você quer pegar ele no colo? -olho surpreso para ele, que sorri como quem diz que tá tudo bem.
-Claro! -Noah coloca Andy no meu colo e eu poderia morrer nesse instante. Meu peito se enche de uma alegria imensa, e eu tenho vontade de chorar de felicidade. O bebê continua brincando com os meus anéis, enquanto eu quero guardar esse momento para sempre na minha memória.
Eu estou tão em paz!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Our Little Angel (Nosh)
FanfictionNoah, depois de anos na fila de espera, finalmente conseguiu adotar seu primeiro filho sozinho. O que ele não esperava, era se apaixonar pelo pai biológico de seu filho.