O primeiro ato

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O Prêmio Tanizaki.

Um dos prêmios literários mais prestigiados do Japão, entregues somente para aquelas obras de ficção ou drama do mais elevado mérito literário. O responsável pela obra vencedora recebia uma placa comemorativa, e um valor equivalente a um milhão de ienes.

O sonho de todo escritor, do que estava iniciando, até aquele que já tinha grande público. Independente do quão expressivo fosse, era natural que seu nome se elevasse caso ganhasse o tão cobiçado prêmio, a sociedade japonesa o colocaria um degrau acima. As livrarias o exaltariam, e a grande obra teria cartazes e propagandas espalhadas pela cidade, dada a comemoração.

O peso de se alcançar o Prêmio Tanizaki?

A fama.

Uchiha Sasuke sabia bem o que era isso. Há dois meses, no mesmo dia em que sua grande obra completou um ano de lançamento, ele venceu o Prêmio Tanizaki, conquistou o grande objetivo dos escritores japoneses. Na sala de sua casa havia uma bonita placa com seu nome, o título do prêmio, do livro, e a data em que o conseguiu; em sua conta bancária, um milhão de ienes.

O problema? Ele era fotografado enquanto tentava simplesmente fazer compras. E isso mexia consideravelmente com seu humor já bem ácido.


Sasuke era alguém que não gostava de chamar atenção, mesmo almejando grandes prêmios e alcançar posições de destaque, o queria fazer dentro de sua área, como escritor. Mas quando parecia ter se tornado uma celebridade que era perseguida, ele se incomodava.

Precisava pensar no que falar, em como se vestir, até mesmo no que comprar, porque era acompanhado de perto por um grupo de pessoas que queria sua atenção; e pensar que dois meses depois de ganhar o prêmio ele supôs que teria um pouco de paz, mas a cada dia passado sua fama parecia somente aumentar.

E isso estava atrapalhando não somente sua pessoa, mas seus relacionamentos interpessoais.

Sasuke já tinha chamado muita atenção para si mesmo no passado, quando admitiu ser homossexual, em uma afronta direta ao pai, com quem não tinha uma boa relação por esse fato. Essa parte as pessoas não sabiam, e ainda que ele tivesse sido bastante discreto em dar a informação, sem se colocar no centro das atenções, tudo que gerava mídia era inflamado pela própria mídia. Mas por sua postura discreta, esse fato extraordinário de sua vida se tornou um detalhe, depois de alguns meses de atenção.

Sasuke não admitiu ter qualquer relacionamento, e na época estava trabalhando em um livro que tomou as atenções quando ele aparecia em público.

A família Uchiha era muito conhecida na alta sociedade japonesa, e os filhos de Mikoto e Fugaku Uchiha eventualmente apareciam em alguma posição de destaque por seu trabalho. Sasuke certamente em um nível maior, dadas as circunstâncias, mas Itachi também dava as caras em noticiários específicos.

O primogênito da família era detetive, e trabalhava para seu tio, o Tenente Uchiha Madara. Ele comandava o departamento antissequestro, um prédio localizado próximo da grande instalação da Agência Nacional de Polícia. Madara trabalhava como detetive desde os vinte anos, e em sua vasta carreira naquela divisão já tinha se deparado com os mais diversos casos, e desde que Itachi ficara aos seus cuidados, vinha ensinando para o sobrinho tudo que aprendeu com a vida.

Sendo no noticiário policial, ou em cartazes de grandes livrarias, a família Uchiha estava presente na mídia japonesa. E Sasuke, ao ganhar o Prêmio Tanizaki, estava um passo além.

Para sorte de seu humor, os seguranças do mercado dispersaram o grupo que o seguia; ele agradeceu com um menear e seguiu com suas compras. Há algumas semanas sua casa não recebia um cuidado nesse sentido, de forma que estavam precisando comprar comida rápida todos os dias. Para Sasuke não era tão ruim, ele trabalhava de casa então suas preocupações eram diferentes sobre isso, mas como Itachi trabalhava todos os dias fora da residência, precisava se alimentar direito; Sasuke cuidava disso com bastante atenção.

O AnestesistaOnde histórias criam vida. Descubra agora