Itachi descartou o copo vazio na lixeira ao lado de sua mesa.
Seus dedos ainda estavam levemente mornos quando ele finalizou o café; era o segundo copo médio do dia, e enquanto sentia o gosto forte na boca já recebia o efeito colateral em seu estômago. O final do expediente levou os detetives para o bar próximo ao departamento, e como vinha acontecendo nos últimos meses, o Uchiha ficava sozinho, vendo pela janela ao lado de sua mesa a noite tomando conta das ruas da capital, protelando seu retorno para casa.
Itachi compartilhava, em um grande salão, o espaço com outros três detetives, com uma mesa de frente para a outra. No final ficava a sala de Madara, separado por uma porta em madeira envernizada; um retângulo de vidro fosco na mesma ostentava o desenho do símbolo da corporação, e o nome do Uchiha estava gravado na parte de cima, com a designação "tenente" ao lado de seu nome.
Itachi adentrou a sala assim que autorizado.
- Continua com a mesma cara de peixe morto.
O sobrinho revirou os olhos. Tinha a sensação de estar se repetindo dia após dia.
- Obrigado pela parte que me toca.
A sala de Madara tinha uma mesa grande de madeira em forma de L, com seu computador principal de trabalho, um monitor ao lado que no momento estava desligado, e o telefone; na parede logo acima tinha afixado um mapa da cidade, protegido por uma moldura. O Tenente também tinha uma cafeteira própria apoiada numa mesinha menor, e um armário do tipo arquivo; era um espaço bem organizado, livre de qualquer coisa que não fosse de necessidade do Uchiha.
Diferente da polícia que circulava pelas ruas, os detetives precisavam usar social, mas tio e sobrinho já tinham deixado seus paletós apoiados em suas cadeiras; Madara erguera as mangas de sua camisa branca até metade do antebraço, e Itachi afrouxou a gravata preta, sentindo-se mais confortável.
- Vocês continuam discutindo? – Madara trancou a porta e ligou o segundo monitor; um conjunto de câmeras apareceu no visor, todas da casa dos irmãos Uchiha. – É visível.
- Acho que o problema maior é esse tio, nós não estamos nem nos falando.
Itachi tinha os cabelos compridos como os de Madara, e se permitiu soltá-los; O Tenente já os usava de tal maneira.
- Se vocês continuarem com isso já sabem onde vão parar.
- Eu queria tentar me livrar desse sentimento de perseguição, mas não consigo.
- Não vai conseguir assim, só dizendo que quer tentar. – O cheiro do café do tio fez Itachi se sentir enjoado. – Você trabalha na polícia, não pode fingir que nada acontece como se fosse um conto de fadas, não funciona desse jeito. Mas na situação atual você está sufocando ele, e você também. Se não conversarem, nem o amor vai ser capaz de fazer esse relacionamento durar. – Ele parou um instante. - Itachi. – Se olharam nos olhos. – O amor sozinho não é suficiente para sustentar uma relação. Não aprenda isso quando não tiver mais volta.
Mas não era somente pela situação com Sasuke que Itachi vinha passando mais tempo no departamento, já que apreciava a companhia do tio, mas se tornou uma desculpa necessária desde que eles vinham se desgastando com brigas. No entanto, sendo uma forma de escapar, ou não, tio e sobrinho sempre tinham algo para conversar.
- Nós já pensamos sobre isso. – Itachi encarou o visor das câmeras de sua casa no segundo monitor. – E quando conversamos, fiquei com medo de dar razão para meu pai.
- Não fale assim, o Fugaku não se importou em ofender vocês dois no passado, não deve dar crédito para ele agora. – Com um comando, Madara abriu uma tela que mostrou o tempo em que a porta da garagem ficou aberta quando Sasuke voltou para casa. – Vocês precisam conversar e descobrir se o que gerou esse desconforto foi o Sasuke ter dito que é gay, ou não.
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O Anestesista
Fanfiction[ItaSasu][HashiMada] [Universo Alternativo] ~ [27/27] Uchiha Sasuke é um famoso escritor, internacionalmente conhecido por suas histórias com alto teor policial e médico, e por seu sucesso mais recente e que lhe rendera o famoso e cobiçado Prêmio Ta...