O sétimo ato

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- O Sasuke foi sequestrado!

Madara dirigiu tão rápido que seu carro quase bateu duas vezes, contra um caminhão, e depois contra outro carro.

Hashirama estava a seu lado, revendo os gráficos pelo celular. A porta tinha sido aberta pela primeira vez às onze da manhã; as câmeras principais já estavam dando interferência na imagem nesse momento, e apenas pela escondida foi possível ver a movimentação. Sasuke tinha sido retirado de dentro de casa já inconsciente, levado para um local do terreno onde não foi possível visualizar em que tipo de veículo fora retirado de lá. Marca; modelo. Nada.

A imagem importante, mostrando o sobrinho mais novo estava bastante nítida, e poderia ser mais bem analisada quando o coração do Tenente parasse de bater tão forte contra a caixa torácica. Hashirama o observava em silêncio, e Madara se mostrava tão calado quanto, incapaz de tirar aquelas imagens de sua mente. Eles chegaram em menos de meia hora ao bairro nobre, encontrando Itachi parado do lado de fora do quintal, com a arma ainda em mãos e o rosto marcado pelo choro, e o choque.

As luzes externas estavam ligadas, iluminando toda a área próxima da piscina e da garagem. Não havia nenhuma pegada ou marca sobre o chão de concreto.

- Eu toquei na porta. Não sei se vai precisar coletar alguma coisa.

Itachi tinha um tom de voz neutro; morto. Madara não quis contestar, seguindo para dentro da garagem enquanto procurava qualquer rastro que pudesse estar visível. Enquanto isso, Hashirama se distanciou ao passo em que tio e sobrinho voltaram para dentro de casa; o sistema de som ainda estava ligado.

- Eu olhei no tapete, paredes ou qualquer coisa que não precisasse tocar, estava tudo limpo.

- O Hashirama ligou para o perito, daqui a pouco vai estar aqui.

Madara afastou a porta com o cotovelo e adentrou o corredor, já atento nas paredes e no tapete, limpos. Sasuke tinha sido levado por aquele mesmo espaço, mas estava tudo incrivelmente organizado. Ele seguiu primeiro para a cozinha, onde encontrou o controle do sistema de som sobre a ilha; não o tocou, no entanto.

- Você já tinha olhado aqui?

- Não. – Itachi vinha atrás. Ele parecia em estado de choque pelo fato, não reagia a nada. – Estava dentro do escritório dele quando me ligou, depois eu saí.

A voz vacilou, porém Madara não se virou. A adrenalina estava tão alta que podia escutar seu próprio coração batendo forte. Da cozinha ele retornou para a sala, onde a cadeira estava fora do lugar, o tapete dobrado, como se tivesse sido empurrado, e a televisão ligada. Itachi não tinha mexido em nada, além de ligar a luz.

- Madara. – A voz outrora tranquila, porém agora séria, de Hashirama, chamou a atenção. – Eu falei com o Major, e ele autorizou a usar a força máxima da polícia assim que tivermos como começar a procurar. O perito vai estar aqui em dez minutos, consegui ligar para ele também, e com o laboratório do legista. O departamento vai ficar disponível a noite toda para analisar tudo que for coletado. – Ele se voltou para Itachi. – Mas eles vão precisar examinar a casa, filho. Tudo bem?

- Tudo. – Itachi estava começando a sentir seu autocontrole esvair. – Eu só quero descobrir como conseguiram entrar aqui mesmo com tamanha segurança e levar meu irmão. Só isso.

Madara estava se perguntando a mesma coisa. Não era à toa que as câmeras eram guardadas pela própria polícia, Sasuke passava o dia em casa escrevendo, precisava estar em um lugar que fosse de fato seguro, por isso o tio se preocupava tanto.

Ainda assim, aquilo aconteceu. E a casa estava tão limpa que não parecia ter ocorrido qualquer coisa. Madara estava se sentindo impotente; e algo muito fundo quebrou dentro de Itachi. Ele não parou para colocar seus pensamentos em ordem, tinha medo de suas reações. O perito chegou com sua equipe logo em seguida, e o próprio Hashirama o recepcionou.

O AnestesistaOnde histórias criam vida. Descubra agora