O décimo sexto ato

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Sasuke não acordou muito melhor no dia seguinte – ou seja lá quando fosse -.

A cada dia transcorrido ele parecia mais desorientado, e sua lucidez ia aos poucos o deixando. Vez ou outra conseguia sentir o Anestesista o tocando, e numa situação o ouviu dizer alguma coisa sobre seu provável estado, e o que deveria estar acontecendo em seu organismo.

- Saúde relativamente frágil. Ou seu corpo só absorveu rápido depois todos os sedativos, talvez os rins não estejam filtrando direito, ou o fígado pode estar tóxico.

O médico falava muito friamente, como se Sasuke fosse uma peça inanimada sendo usada para estudos. Na mente de Koji, o tempo estava chegando ao limite, não podia permitir que terminasse diferente da forma a qual tinha planejado.

Há quanto tempo não vinha imaginando o sequestro dele? Desde a entrevista passou a fazer solicitações de medicamentos no hospital, os quais vinha desviando, guardando consigo os frascos. Conseguiu muitos anestésicos dessa maneira, e também outros tipos, como os que usou para tratar a febre de Sasuke, e lidar com qualquer inflamação que pudesse surgir, até mesmo antibióticos de uso exclusivamente hospitalar ele conseguiu roubar.

E claro, os produtos comuns, como as luvas, seringas, gazes e agulhas, foram ainda mais fáceis, não teve qualquer estresse sobre isso. Para o desinfetante hospitalar precisou convencer a responsável de que necessitava do produto, mas por fim o conseguiu quando ninguém estava olhando, na tranquilidade com que geria suas ações.

A máscara ele aprendeu a moldar com resina, a mesma utilizada em tratamentos odontológicos, e teve toda a paciência de detalhar a peça, queria que Madara soubesse que ele seria o próximo a passar por suas mãos.

- Febre controlada, mas ainda está suando e tremendo, e os batimentos cardíacos estão irregulares. – Sasuke piscou lentamente e o mirou. – Você deve estar com intoxicação medicamentosa, seu corpo não aguentou tão bem os anestésicos, mas eu pensei que pelo funcionamento dos rins não acumularia tanto resíduo tóxico no organismo. Parece que me enganei.

Ele deixou Sasuke sozinho. O escritor vinha perdendo a consciência com frequência, de modo que Koji não usou mais qualquer anestésico nele, somente medicamentos para controlar o quadro e tentar reverter a intoxicação, mas o ambiente um tanto úmido do porão, a falta de alimento e a condição precária como um todo não o ajudavam, e ele não pretendia tornar a vida de Sasuke mais fácil.

- A penitência do seu pecado, imundo. Essa saúde frágil.

Ele seguiu as escadas para o segundo andar, de onde retirou uma pequena caixa com giz de lousa e um par de bisturis. Sasuke parecia no limite, ele não permitiria que passasse imune por suas mãos. Faria questão de cumprir a promessa de colocá-lo no inferno.

- Chegou a hora do seu julgamento.

xXx

Madara desligou o telefone no momento em que recebeu a ficha completa de Koji vinda do hospital. O gerente do RH enviara diretamente para Fugaku, que mandou ao Tenente.

- Consegui o endereço, telefone e e-mail, além dos documentos que vou pesquisar em sites do governo. – Os quatro detetives estavam em sua sala. – Neji, Shino, preciso que vocês vão até o endereço dele, eu já tinha solicitado um mandado antecipado no caso de precisar invadir a casa dele, mas por enquanto só façam uma sondagem. Itachi, Shikamaru, preciso de vocês para ligar em alguns lugares e me ajudar com a pesquisa burocrática.

- Qualquer coisa nós entramos em contato.

Neji se adiantou, saindo do departamento junto do parceiro. Enquanto isso, Itachi e Shikamaru ficaram responsáveis por algumas buscas na internet e ligações para confirmar outros dados. O RH do Uchiha tinha as informações básicas que aquele tipo de serviço precisava para funcionar corretamente e dentro da lei, no entanto, para a pesquisa policial não era suficiente.

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