O vigésimo primeiro ato

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Quando Madara deixou o quarto de Sasuke, o sobrinho teve um tempo a sós, letárgico tão logo que o tio foi embora. Ele encarou as ataduras em suas mãos, não conseguindo ver mais do que gazes limpas e bem arrumadas, permanecendo na mesma posição enquanto sua mente divagava sobre o momento atual.

E pensando sobre as palavras de Itachi, Sasuke dava razão para elas. Ele ainda não se sentia de volta para sua vida, parecia que algo lhe faltava para tal. Detalhes similares com aqueles que ele precisaria, quando sequestrado, para conseguir entender em que tipo de situação estava inserido. Seu corpo estava ali, mas Sasuke não se sentia de volta.

E ele adormeceu com uma estranha sensação de solidão.

xXx

Era a primeira vez que Itachi dormia em casa desde o sequestro de Sasuke, e o primeiro momento em que descansou verdadeiramente pelo mesmo motivo. Ele acordou apenas no final do dia, com a noite já tomando posse do céu primaveril, e logo que despertou já se adiantou para falar com Madara, porque o tio e o pai eram os que recebiam mensagens sobre Sasuke. Quando soube que o irmão estava bem, ele pode continuar com sua noite.

Continuar pensando sobre Sasuke, no caso. Sua mente não estava tranquila mesmo agora que ele tinha sido encontrado, a preocupação não havia diminuído, e tinha muito a ser dito sobre sua saúde. Conseguir ter conversado com o irmão mais cedo não significava estar tudo bem, e para Itachi não tê-lo ali ainda tinha um peso grande.

Ele preparou um café forte e se sentou sozinho na sala, ligando a televisão para que o silêncio não o abraçasse em totalidade. Era a primeira vez em vinte e quatro horas que Itachi conseguia um tempo para se senta e pensar um pouco sobre tudo que aconteceu desde o resgate de Sasuke.

Era estranha a sensação de que seu pequeno não estava ali ainda.

O corpo sim, mas Itachi tinha medo de ter perdido parte de sua mente para aquele porão fétido e ensanguentado. Ele ainda não sabia reagir direito a visão de suas mãos, de modo que foi tomado por um arrepio. Ao mesmo tempo em que estava tudo um pouco bem, talvez não estivesse. Não ainda.

O silêncio durou pouco, no entanto, quando seu celular começou a tocar incansavelmente. Era Mikoto.

- Oi mãe.

- Você está bem filho? Pensei que não seria bom ficar sozinho agora.

- Estou sim, obrigado. Só precisava de um descanso, e um café forte para começar a noite. - Ele sorriu ao escutar alguma observação dela sobre tomar cuidado com sua alimentação. - Vou me cuidar, prometo. A senhora está bem?

- Um pouco ansiosa com tudo, mas não surpresa por causa disso. Eu te liguei porque pensei que poderia vir ficar aqui, trazer as coisas que o Sasuke pediu e estar um pouco mais perto da família. Ainda estou pensando no nosso almoço.

Era bastante óbvio que Mikoto queria os filhos perto de si, Itachi sabia disso tanto quanto ela sabia que o filho tinha percebido sobre. Nenhum deles se culpou, não precisavam brigar sobre quem tentaria cuidar melhor de Sasuke, porque se de alguma maneira ele se sentisse sufocado sobre isso, seria pior, e eles queriam evitar qualquer tipo de atrito com ele.

- Eu posso levar algumas coisas para deixar no antigo quarto dele?

- Claro que sim Itachi, não precisa pedir. - Ela tinha um tom doce tão agradável de ouvir. - Faça o que achar melhor filho, eu só quero ficar um tempo junto de vocês de novo.

- Eu sei, toda essa situação me fez pensar na nossa família. Mas não quero falar sobre o passado difícil agora, daqui a pouco estou aí.

- Venha com cuidado, por favor.

O AnestesistaOnde histórias criam vida. Descubra agora