O décimo primeiro ato

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Itachi não tinha certeza se era por conta de toda a preocupação que estava sentindo, mas pareceu um pouco renovado depois de deixar a delegacia, tomando um pouco do ar fresco da tarde.

Quer dizer, ele ainda estava cansado, mas conseguiria passar mais algumas horas procurando entre as pistas que tinham. Agora que estavam com acesso ao celular e ao e-mail de Sasuke, esperavam conseguir encontrar algo mais relevante.

- Nós podemos olhar isso então, mas depois de tomar banho e comer alguma coisa. Não te vi almoçando hoje.

- Também não vi o senhor fazendo isso. Estamos quites?

Madara revirou os olhos. – Pode ser. Pelo menos a gente consegue avaliar com mais calma, e se tiver alguma coisa que te traga lembranças, sou somente eu que vou escutar.

- Pensar nisso me deixa tenso toda vez. Muito. – O sobrinho soltou os cabelos, incomodado. – Além da situação, eu ainda preciso tomar cuidado com o que falo para que ninguém desconfie de nada. É difícil.

- Posso parecer inocente dizendo isso, mas acho que isso só aconteceria se você dissesse algo muito específico, ou íntimo. E mesmo assim, o Sasuke é seu irmão, geralmente costumam dividir as coisas.

O sobrinho ficou em silêncio um momento. - Fiquei imaginando o senhor falando certas coisas com meu pai.

A risada de Madara fez bem aos ouvidos de Itachi.

- O seu pai é um homem muito sério, mesmo sendo meu irmão existem coisas que não eram possíveis de dizer para ele, não seria capaz de aceitar. Mas isso não existe de jeito nenhum entre você e o Sasuke, não importa o que diga.

O sobrinho não negou. – É verdade, nós sempre tivemos uma relação muito boa, então nunca foi um problema falar sobre certas coisas. E pensar sobre isso me desperta muitas lembranças.

Para Itachi, cada dia que se passava era um dia a mais sem Sasuke, e uma chance a menos de conseguir encontra-lo. Ele tentava negar e não pensar de maneira tão negativa, mas era difícil quando sua mente acalmava e a realidade lhe esbofeteava a cara, acusando que chegaria em casa e o irmão não estaria ali.

Às vezes Itachi pensava que ele poderia nunca mais estar, e o ar lhe faltava. Madara parecia mais durão sobre, mas também sentia quando estava sozinho e longe do trabalho, sem precisar lidar com tanta informação. Lidar com um sequestro era difícil, e depois daquelas setenta e duas horas eles já tinham a certeza de que não era algo que visasse um valor em resgate.

Já estavam quase no quarto dia e nenhum contato tinha sido feito. A mídia não sabia do que acontecera, mas Madara tinha certeza de que quem o fez sabia que a polícia já tinha conhecimento, e ainda assim ninguém entrou em contato. Para tio e sobrinho ficava cada vez mais certo de que aquilo tinha sido feito por vingança; ódio.

- O senhor acha mesmo que foi por ele ter dado a entrevista?

- Acho, mas não penso que seja só isso, então me sobram algumas dúvidas. Ou alguém sabe sobre vocês, ou quer dinheiro, ou quer fama tentando destruir as pessoas começando por alguém famoso. Também pode ser alguém querendo vingança sobre nossa família por conta do nosso trabalho, e viu o Sasuke como a pessoa mais vulnerável.

Itachi vinha pensando muito sobre isso. Ele sabia que o irmão não era a pessoa mais sociável, e por conta disso Sasuke estava sempre em casa escrevendo, de modo que para criar inimigos só se acontecesse alguma coisa que eles poderiam descobrir no celular ou computador, uma vez que o mais novo não gostava de sair.

Ou talvez...

- Eu acho que nós estamos ignorando o óbvio, tio.

Madara o encarou. Eles estavam em silêncio há alguns minutos, já próximos da casa do Tenente. – O que quer dizer?

O AnestesistaOnde histórias criam vida. Descubra agora