O nono ato

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Os gritos de Mikoto ecoariam para sempre pelos corredores da mansão Uchiha.

Madara a abraçou enquanto ela se debatia e esbofeteava seus braços, gritando e sendo envolvida por ele e por um pranto desesperado que a fez bradar até que sua garganta ardeu. Suas pernas perderam as forças e ela precisou ser amparada antes que viesse ao chão, incapaz de lidar com aquela notícia.

No momento Fugaku não estava em casa, mas quando escutou o grito da esposa e tentou descobrir de onde vinha, foi interceptado por Itachi, que lhe contou o que tinha acontecido. Ele sentiu o ar ser arrancado de seus pulmões como se um soco forte tivesse lhe acertado, e jogado longe.

Ele se adiantou em direção à Mikoto, que não parava de gritar, mas refletindo em seu silêncio sentiu como se tudo tivesse sido arrancado de si. As diferenças que existiam entre ele e o filho eram sobre seu relacionamento com Itachi, mas aquilo era totalmente desproporcional. Sasuke não estava ali, e Fugaku sentiu a dor de ter um filho desaparecido.

Mas quando encontrou Mikoto no escritório apoiada sobre Madara depois de ter jogado quase todos os livros das estantes no chão, ele soube que não poderia cair na frente dela.

- Não. – Fugaku a ajudou a se sentar. – Meu filhinho não. – Mikoto estava completamente inconsolável. – Você precisa encontrar ele Madara. – Sua voz não era mais do que algo que se perdeu misturado com as lágrimas, mas o Tenente entendeu.

Madara se ajoelhou diante dela e tomou suas mãos.

- Nem que seja a última coisa que faça na minha vida Mikoto. Eu vou trazer o Sasuke de volta nem que tenha de morrer para isso.

Ela ergueu o rosto choroso para o cunhado, mas estava incapaz de reagir a qualquer influência externa, como se nada que acontecesse pudesse lhe deixar mais devastada do que saber que Sasuke tinha sido sequestrado. Itachi a ficou observando de longe, se sentindo extremamente culpado por saber que o irmão não teve proteção suficiente.

Fugaku queria saber, entender o que tinha acontecido, mas precisava cuidar de Mikoto primeiro. Ele a levou até o quarto a contragosto, e fez com que se deitasse. Por um instante a Uchiha mirou qualquer ponto dentro do cômodo antes de encarar o marido, que sentou a seu lado. Quando Itachi lhe contou, Fugaku não teve tempo de fazer perguntas, pois os gritos agoniados da esposa o fizeram dedicar toda a atenção para ela.

- Eu não quero dormir Fugaku. Quero meu filho comigo.

- Sei disso. – Ele lhe tomou as mãos. – Eu vou falar com o Madara e entender o que aconteceu, mas não quero que você tenha uma síncope. Tenho certeza de que a sua dor é incalculável, mas precisa ficar bem para quando o Sasuke voltar. – A menção ao nome do caçula machucava, abria um abismo entre eles. – Por favor.

Mikoto não disse nada. Encarou Fugaku em silêncio e ele somente se retirou depois de lhe cobrir e deixar o quarto com pouca iluminação. Ele sabia que a esposa não ia dormir, ela também sabia. Ficar sozinha com seus pensamentos poderia ser extremamente desastroso, mas Fugaku achava que se ela ouvisse o que Madara e Itachi provavelmente sabiam, ficaria mais nervosa, o que poderia gerar uma situação extrema.

Por isso acreditava que era melhor que ficasse alheia ao que seria dito.

- Deixei ela deitada, mas acho que não vai ficar muito tempo. – Fugaku encontrou os outros dois na sala. Os três estavam com feições penosas. – Que diabos aconteceu?

- Muitas coisas eu ainda não tenho a resposta por conta de ser sábado. – Madara se adiantou a dizer. – Alguém entrou na casa, desmaiou o Sasuke e saiu com ele de lá. Conseguiu abrir os dois portões e a porta da senha.

- No dia do desfile do Imperador. Por quanto tempo não estava sendo planejado?

Fugaku sabia um pouco sobre como era a segurança na casa dos filhos, mas algumas coisas como a câmera escondida, não.

O AnestesistaOnde histórias criam vida. Descubra agora