Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]

Capítulo Seis - Parte I

Doze luas se foram desde a viagem dos reis, Mia estava acordada quando viu a carruagem se afastar antes que o sol se levantasse, mas não tinha se despedido de ninguém. Nem mesmo de Thor, que estranhamente, fazia-lhe falta nos longos dias vazios no castelo. E, apesar de sua confirmação, não acreditava que ele voltaria com seus pais.

Uma viagem de "negócios" a qual o próprio rei junto de sua rainha precisou estar presente, sem representantes, sem previsão de regresso. Sua mente estava atormentada por pura curiosidade. De qualquer forma, a viagem para o reino do Leste durava por volta de seis luas, se esse fora mesmo o destino, já estavam lá. Um enorme reino caracterizado por uma beleza incomparável a beira mar, ainda assim, menor que Skyblower afinal os dois maiores reinos se localizavam; um ao norte, outro ao sul.

As terras Ocidentais, um continente chamado de Reynes.

No período do Antigo Mundo, o mundo era repartido em três continentes; Falésia, Verdon e Reynes. Um longo histórico de guerras sangrentas as quais não são citados até hoje, graças ao um tabu criado pelo medo, fizera que o único conhecimento popular era que: as terras depois da fronteira do mar estão demasiadas devastadas e até hoje nunca recuperadas depois da guerra. As terras Ocidentais, que até então formavam o menor continente, não participaram da batalha. Com isso tivera a chance de crescer e ter autonomia.

Reynes era divido em quatro grandes reinos nos pontos cardiais; os maiores estão ao norte e ao sul. O único ponto de grande concentração política comercial conhecido também por ser a única ligação dos dois maiores reinos, era a Cidade-Livre construída nos últimos séculos, mas completamente reformada e aumentada na última guerra conhecida por "Os Dias de Escuridão". A Cidade-Livre era basicamente onde todos as mercadorias atravessam de norte a sul, a maior cidade do Reynes e chamada de livre por não pertencer a nenhum rei ou senhor. Mia nunca a visitara, mas ainda assim era seu sonho, e segundo aos seus cálculos, uma viagem esforçada de um cavalo e sem muita bagagem, a Cidade-Livre ficava somente dez sois e onze luas do Norte.

Diziam que lá havia de tudo, e ela não duvidou. Cidade grande, problemas grandes, fora a justificação do seu pai para nunca ter deixado nem um dos seus filhos conhecê-la.

– Você não consegue ver como demos sorte?! – Expressou Mia, cheia de empolgação. – Papai certamente, nunca nos permitiria ir, e agora ele foi para Wanderwell, ou seja, temos a chance de ir! Você se lembra como foi divertido a primeira vez que fomos quando mais jovens? – Ela propôs para Elliot sua magnífica ideia. Talvez a Cidade-Livre ainda estivesse muito longe do seu alcance, mas ela foi lembrada por conversas alheias de um pequeno festival nessa época do ano no centro do reino de Skyblower.

– Eu descobri que a irmã de Sor Kaufmann está doente e ele partirá para sua propriedade para fazer-lhe companhia – explicou com entusiasmo enquanto Elliot batia o pó imaginário de sua roupa se olhando no espelho, já podia notar como suas palavras não lhe surtiam efeitos. Mia o encarava pelo reflexo, de braços cruzados, no entanto ele apenas lhe mostrou um olhar confuso, tentando pensar sem sua consciência falando qual era o certo.

– Está bem, já que você prefere ficar aqui preso faça como quiser, no entanto, eu vou – Mia caminhou para a porta de seu quarto de cores azul celeste e branco.

– Mia, espere. Eu vou – Elliot disse, como ela esperava, ele sempre foi muito maleável. – Afinal você sempre se mete em problemas quando está sozinha – um sorriso vitorioso formou-se nos lábios dela e ela continuou caminhando até a porta.

– Ei, o que você fará agora?

– Irei descobrir o porquê estão mentindo para mim – respondeu com naturalidade, contudo no segundo seguinte Elliot contornou sua mão em seu braço pegando-a de surpresa. Questionou o que que ela estava pensando em fazer.