Capítulo Vinte e Seis

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Winston e Berbatov eram sagazes, por isso, a charada da gruta foi resolvida rápido. Eles deduziram que ela fora o lugar escolhido para manter a joia que Ceres protegia. Julieta explicou que quando mais jovem, ouviu histórias dos Caçadores Espíritas e como faziam as reencarnações: a água da gruta era a fonte deles, a cobaia destinada a receber o outro espírito, no caso Thor, teria que ingerir a água da Gruta junto dos restos mortais do futuro reencarnado, antes da magia.


Emily trouxera uma amostra d'água da Gruta consigo para examinar, na esperança de encontrar algo que reverta a situação. Mas nada seria concluído antes do nascer do sol e mesmo que ela não admitisse, a bruxa não poderia ajudá-lo.

Ninguém poderia, além de Ceres.

Mia tinha consciência que seus atos teriam grandes consequências e não teriam volta, mas daquela vez, ela estava tomando a decisão. Tinha por objetivo salvar o seu melhor amigo de infância.

E aquela seria a sua última chance.

A princesa tentava manter os detalhes de cada sonho que tivera claros na mente. Ela quis se despedir de todos, no entanto seria suspeito, então de forma discreta o fez, abraçou o irmão quando ele menos esperava, fez o máximo para não transmitir sua dor enrolada nos seus braços. Foi uma das coisas mais difíceis de sua vida e esperava que um dia ele fosse capaz de perdoá-la.

Evitou Lucky Berbatov, ela não o subestimava e havia medo de que ele sentisse algo errado por sua sagacidade. Quando Julieta foi embora, a princesa evitou que a porta batesse, para que ela pudesse sair sem fazer barulho algum enquanto todos estavam ocupados demais lendo aqueles livros na cozinha. O caminho inteiro verificou que ninguém a seguia, quando eles notassem sua ausência, seria tarde demais.

Antes que o sol se deitasse para uma longa noite de sono, ela já se encontrava diante a árvore Heilig. E então, pela primeira vez sentiu medo, mas não por si, por Thor. Matutava, ansiosa, para não esquecer nenhuma pergunta, e inquieta esperava a chegada de Joseph Borislav. Como o prometido, ela estava diante da árvore sagrada, desarmada e sozinha.

Apesar dela estar receosa, não temia que Joseph lhe traísse, afinal oferecia o que ele queria. Mia sabia que Sabrina não tinha conhecimento da situação, ela não arriscaria que ele a encontrasse uma noite antes do processo estar finalizado.

– Pontual – ouviu a voz de fundo. – Começamos bem nosso trato.

– Eu vim sozinha – disse firme, encontrando os olhos azuis de Thor.

– Eu sei disso, Amélia.

– Acharia melhor, primeiramente, você me explicar como acordá-la.

Joseph formou um sorriso perverso nos lábios.

– Você tem pressa, Amélia?

Ela atirou um discreto olhar vendo crepúsculo atingir o céu.

– Eu tenho muitas perguntas a fazer, não há o porquê perder tempo – retificou.

Joseph a fitou com um olhar emblemático, ele arrancou uma faca de sua cintura, se mantinha imóvel observando seus movimentos, preencheu seu pulmão com ar e conservou o silêncio.

Ele a rodeou.

– Você transborda magia – suas palavras a congelam. – As pessoas que cuidaram de você queriam de te proteger dela.

Mia sentiu sua garganta seca, ouvia o som dos passos esmagando as folhas secas sobre o chão, ainda pensou no momento que ele a atacaria pelas costas.

Não teria a chance de se despedir de Rosa, pensou e seu coração apertou. Lembrou-se de seus pais e sentiu um nó na garganta, estaria traindo a confiança deles, contudo eles fizeram escolhas por ela por toda vida.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora