Capítulo Quinze

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Tudo que ela acreditava tinha sido destruído. E agora, ela enxergava a vida com outros olhos; mentiras de seu pai, mentiras de sua mãe, mentiras de todos os mais próximos que lhe rodeavam. E talvez aquela fosse a primeira regra para ser aprendida da lista: nunca confiar em ninguém. Essa era sua nova realidade e, o trato havia sido feito. Mia seria Ceres.


E claro, havia outras regras exigidas pelos reis – como sempre –; a segunda regra mais importante era que obviamente Ceres seria um sigilo; a terceira era que Mia faria o possível para se proteger e proteger Ceres; quarta ela cooperaria com as "missões" e estaria disposta aos treinamentos para que Ela nunca tivesse controle sobre si; e quarta não arriscaria sua vida por Ceres – essa fora rainha a impor.

Tudo parecia ter mudado drasticamente. As reuniões por exemplo, antes eram supersecretas e sigilosas, agora Mia e Elliot faziam parte delas.

Mia se incentivava o máximo para não demonstrar o quão aterrorizada estava.

Em dois dias estavam organizando todas as pistas que tinham para chegar ao autor das ameaças e o campo de suspeitas estava cada vez mais vasto, alguém do castelo não era descartável, mas muito improvável pelo demasiado risco que o anônimo promoveria. Por um breve momento, Mia quis acreditar que o culpado de tudo seria Lucky Berbatov, contudo livrou-se quase completamente de tal suposição. Berbatov poderia ser hostil e nada confiável, mas acima de tudo era alguém esperto e conhecendo-o, o jogo já estaria clichê demais. Mia não o tornara a ver depois daquele último encontro, não sabia se o silêncio dele lhe preocupava ou lhe aliviava. Ela acreditava que ele ainda não tinha ido embora, não era uma pessoa maleável daquela forma.

Quanto a ela, Mia vinha travando uma batalha psicológica consigo mesma para que não se sentisse tão egoísta como se sentia. Negociando com seus próprios pais sua "libertação", como se fosse uma prisioneira. Mas, todos sabiam que não estavam num conto de fadas. Mia sabia que o rei de Skyblower e o rei de Wanderwell não estavam atrás do bem da humanidade e derrotar o homem malvado do outro lado do continente. Eles estavam levantando armas e construindo armaduras para uma futura guerra pelo próprio interesse de fartura de poder, e talvez para a infelicidade do rei de Skyblower, uma dessas armas era a sua própria filha.

Ela era a nova arma.

Thor esbarrou numa mesa e Emily o repreendeu: – Tenha cuidado!

– Eu morei aqui a minha vida inteira e nunca, nunca soube desse lugar – Mia olhou fascinada para o ressinto inundado pela poeira. Estavam num dos cômodos do castelo que esteve fechado por mais de uma década, era aqui onde trabalhavam os antigos feiticeiros do castelo, mas depois que os banirão, ninguém nunca mais entrou ali.

– Há quanto tempo será que ninguém entra aqui?

– Acho que terei trabalho dobrado por aqui... – Emily suspirou. Nos últimos dias, Emily estava mais falante do que nunca, ditando coisas sobre "controle espiritual, mental e físico" do corpo da princesa. Mia percebeu então como funcionava a personalidade da bruxa, ela observava e tirava conclusões sobre todos para depois apresentar-se de fato.

Thor, que examinava fracos no fundo da sala numa estante, comentou vagamente:

– Realmente, aqui precisará de uma boa limpeza.

Elliot invadiu a sala causando o movimento da poeira.

– Pelos deuses, que lugar é esse? – Perguntou ele, impressionado.

O propósito de estarem ali deu-se pela reunião daquela manhã:

– Isso não é brincadeira de criança! Minha irmã deu os seus últimos dias de vida para proteger Mia, Eliza fez um trato com vocês, o mínimo que deveriam ter feito era que a princesa estivesse preparada para o seu destino. – Emily rebateu sem paciência.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora