Capítulo Doze

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Seus olhos alcançaram uma garota no fundo da sala, Mia engoliu seco, era ela novamente. Olhou em volta e elas estavam naquele mesmo espaço vazio, como se estivesse numa caixa de cores claras, numa outra dimensão profunda da sua mente. A garotinha não lhe olhava, os olhos estavam fincados na parede a mantinham imóvel como uma estátua, ela cochichava. Tudo que Mia entendia era um mero "vim". Respirou, cada vez mais arfante, e tento alcançá-la para ver o seu rosto, diferente de outros encontros que já tiveram, nesse Mia era capaz de se mexer e falar. Pediu para que ela repetisse e entendeu o mesmo "vim". Apesar de sentir dificuldade para andar naquele vácuo, Mia tentou se aproximar e teve a sensação dela estar cada vez mais longe.


– Você pode repetir outra vez? – Sua voz ecoou. Ela fez um leve movimento com a cabeça como se apenas tivesse notado sua presença agora. – Por favor, olhe para mim, não precisa ter medo. Não lhe machucarei.

Mia viu os seus cabelos escuros se mexerem revelando suavemente a pele pálida que lhe dava um ar enfermiço, num movimento de desconfiança ela a fitou por cima do ombro e Mia paralisou. O ar fugiu de seu peito, seus olhos estáticos viram ela própria quando criança.

Vingança.

– Mia! – Gritou Rosa.

Mia acordou num pulo sobre a cadeira da penteadeira, novamente tinha fechado os olhos e caminhou para um sono sem ao menos notar.

– Me desculpe – murmurou colocando as mãos sobre seu rosto.

– Minha querida, está tudo bem?

– Sim – mentiu como de costume. – Apenas suas mãos em meus cabelos não me ajudam a afastar minha insônia.

Ela riu, acariciando a raiz do seu cabelo.

– Rosa, você acredita que sonhos significam algo?

– Claro, por mais malucos que sejam! Afinal por que passou à noite acordada, minha querida? Sabendo que hoje é um dia tão importante!

– Apenas não consegui dormir...

– Por algum motivo em especial? – Perguntou arrumando os últimos retoques de seu cabelo. – Thor talvez?

Mia abriu os olhos. E se levantou.

– Rosa, por favor, você tem mãos mágicas e está apenas me deixando com mais sono mexendo em meu cabelo. Ele está perfeito desta maneira – ela elogiou olhando todo o comprimento pelo espelho, estava mais enrolado do que de costume, preso na frente e solto atrás como uma cascata de caracóis negros e apenas uma mecha enrolada solta sobre seu rosto.

– Entendido, Thor é assunto proibido. Vamos à maquiagem?

– Não podemos dar um tempinho? – Perguntou com um olhar doce. – Por favor, estamos nesse quarto a tarde inteira e se eu ver mais algum produto de beleza enlouquecerei. Preciso de ar puro – Rosa hesitou dizendo que não tinham muito tempo. – Eu sei, mas por favor.

Ela não tivera tempo de sair do quarto o dia inteiro, precisava encontrar Elliot, porque sabia que mesmo que tivesse encontrado algo, ele não poderia ir aos seus aposentos.

– Cinco minutos e nada mais – ela cedeu.

– Obrigada! – Mia voou até a cama, apanhou seu sobretudo para esconder a camisola de seda azul que moldava seu corpo, em seguida, correu em direção a porta. Rosa gritou outra vez cinco minutos, mas Mia já corria pelo corredor.

Corria rumo ao quarto de seu irmão, e foi pega de surpresa pela movimentação do corredor com servos indo para cima e para baixo. Todos eufóricos para as preparações finais do baile. Seguindo no terceiro corredor deparou-se com uma figura ainda distante do lado oposto, mas totalmente reconhecível de sua mãe vindo na sua direção, enquanto discutia com Violetta e outros dois servos. Caso lhe visse, Mia teria de voltar para sua prisão particular, por isso ela deslizou sorrateira para a primeira saída do corredor e bateu de frente com nada mais, nada menos que o príncipe de Wanderwell.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora