Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]

Capítulo Dez

Quando o último floco de neve caiu, Mia soube que poderia contar os dias para sua estação predileta: a primavera. Quatro meses passaram-se mais devagar do que ela desejaria, mas também poderia afirmar que eles se foram de forma passiva e saudável, para quase todos:

Adam aprendera a andar e falar perfeitamente, até o outono ele tinha dificuldades preocupantes para sua idade com habilidades que para nós, depois de grandes, pareciam tão simples. Mia esperava ser para ele a irmã a qual ele pudesse contar, porque desde seu nascimento, ela já sabia que ele lidaria com a difícil distância dos pais.

As gêmeas pareciam crescer instantemente, Mia as acompanhou para se medirem da última vez e, levou um susto quando viu com seus próprios olhos que elas tinham esticado seis centímetros cada uma. Ainda assim, amava o simples o fato que elas eram as únicas que nunca se entediavam durante o inverno no castelo e inventavam inúmeras brincadeiras o tempo todo com a neve. Contudo, quando Alice adoeceu com uma forte gripe no meio da estação, o reino alardeou-se em preocupação, mas ela se recuperou na semana seguinte deixando um alivio em todos corações. Desde então a rainha as proibiu de saírem para brincar fora do castelo, entretanto elas foram criativas o suficiente para inventarem todos os dias brincadeiras lá dentro.

Quanto a Elliot, era a primeira vez que Mia o via de tal maneira: ele estava simplesmente nas nuvens com seu primeiro amor. Tinha passado o inverno inteiro tendo seus encontros secretos e românticos pelo castelo com Rebecca, eles fizeram por diversas vezes companhia a Mia durante a estação. Mas, ao pensar neles, Mia se entristecia, alguma hora e de alguma forma, eles teriam de terminar, afinal todos conheciam a história de casamentos entre classes sociais diferentes, eram trágicas. Mia não queria que seu irmão sofresse, porém ele sabia que o terreno por onde ele andava era instável e talvez, assim como ela, ele evitava pensar no fim.

Quanto a ela, por onde poderia começar? Não se atrevia dizer que não sentia falta de sonhar, de arriscar e de ser ela mesma, porém sentia que as coisas estiveram melhorando sendo a princesa exageradamente e cansativamente educada, carismática e sociável.

A verdade era que viver o real doía menos que viver a fantasia.

O inverno tinha sido longo, quatro meses pareceram eternos desde a partida do príncipe de Wanderwell. Duas semanas depois solstício de inverno, o rei Edvard anunciou que depois de uma temporada de outono inteira em Skyblower, eles estavam de volta para o Leste para o inverno e eles partiram tão rápido como tinham chegado.

Thor não pôde se recusar a ir, era seu reino.

Além do mais, ninguém sabia sobre a proximidade dos primogênitos, Mia estava incerta se poderia chamar aquilo de romance porque na maior parte do tempo que estavam juntos, se tratavam como verdadeiros amigos; conversas, brigas, piadas, empurrões e companheirismo, contudo quando estavam realmente sozinhos, quando Rosa se deitava para dormir, eles escapavam para os jardins ou para os pomares e se beijavam. Beijos que às vezes poderiam ser românticos e doces, mas às vezes, apaixonante e carnal. Era certo de que eles nunca deixaram de ser apenas beijos, foram poucas vezes que Thor atreveu-se a tocá-la.

Mia acreditava que de alguma forma ele se recusava a tirar sua inocência, por ser aquela princesa que fora criada numa bola de cristal – o que não deixava de ser verdade –, mas Thor parecia-lhe atrevido em algumas de suas histórias e ela já tinha tirado a dúvida, obviamente sendo um jovem homem, ele não era mais virgem. Apesar de terem intimidade, Thor se recusou a dizer o nome da felizarda, fora assim como a batizaram já que ele não dissera seu nome, isso levou Mia se questionar se ele tinha se deitado com alguma prima não tão distante. Dissera-lhe que tinha se deitado com uma única garota até suas viagens ao oeste, onde conhecera outro tipo de vida, uma vida boêmia a qual ele não gostaria de voltar, segundo ele.