Capítulo Oito - Parte I

18K 1.3K 925
                                    


Vim conversar sobre sua decisão – foi desta maneira na qual Mia adentrou no escritório de seu rei, aprumada e com uma voz fria. O rei como seu Conde encontravam-se no final da ampla sala retangular, e suas imagens estavam demasiadas claras pela luz gris da matutina que vinha da larga janela atrás deles, dando uma expressão suavemente onírica para ambos.

– Darei um tempo à sós para vocês – o Conde anunciou.

– Não, tenho certeza de que Amélia não demorará – o rei se antecipou, com o tom ainda mais gélido que o dela. – E poderia me dizer qual decisão você acha que deve debater comigo, Mia?

Ela endireitou os ombros e atravessou o escritório.

– As mais novas novidades de Vossa Alteza ter dado uma proposta enriquecedora a um viajante qualquer e o fato de estar colocando o nosso reino em risco. – Seu pai fez uma mesura congelante, mas ela não podia se deixar amedrontar.

– As notícias correm rápido – ele mergulhou sua pena no tinteiro preto e assinou um dos milhares papiros posicionados sobre sua mesa.

– Sempre correm. E quero acrescentar que também não estou de acordo sobre você não ter me consultado antes. – Mia percebeu o incomodo do Conde com o tom da princesa, seu pai fitou, logo deixando um sorriso indecifrável transparecer nos lábios.

– Eu fiz o primeiro contato com o senhor Berbatov.

Ele pousou a pena no tinteiro.

– Aonde você quer chegar, Mia? – Ele perguntou, apoiando as duas mãos sobre a mesa.

– Eu não estou de acordo que Lucky Berbatov trabalhe para este reino, seja no castelo, seja na estrabaria, seja na cidade. Ele não me parece alguém digno de confiança!

– Amélia... – ele começou, mas fez uma pausa semicerrando os olhos para entender o que estava escrito no papiro em suas mãos, continuou:

– Esse homem derrubou vários de meus soldados, invadiu esse castelo mais de uma vez, e a salvou de um incêndio...

– Que por acaso, fora ele que provocou! Desculpe-me meu rei, mas você sabe que ele fora o autor!

– Não venha na minha sala para me interromper Amélia, estou farto de suas teimosias! – Ele rugiu como um ogro. – Eu tenho motivos para recrutar esse homem e você tem motivos para ficar calada em relação a isso. Preciso de um homem de minha confiança e ponto final.

– E Lucky Berbatov está lhe parecendo uma ótima ideia? – Enfatizou, irritada. – Ninguém nesse bendito tem sua confiança! E, de repente, você decide confiar num mercenário qualquer?

– Quando você for rainha, Amélia, fará suas escolhas e ninguém poderá interferir. Eu sei exatamente que estou fazendo. Agora por favor... – ele estendeu seu braço para porta.

Ela rangeu os dentes.

– Se algum dia eu me tornar rainha, diferente de você, darei ouvidos para outras opiniões além da minha. Obrigada pelo seu tempo alteza. Então se retirou da sala. Apoiou-se sobre a porta, ao sair, e fechou os olhos tentando controlar as ideias embaralhadas contando até dez para saciar a sua vontade de quebrar alguma coisa.

– Eu... vim conversar com seu pai, mas parece que vou ter que entrar na fila.

A voz causou um frio na sua barriga e Mia abriu os olhos, encontrando os de Thor, parado na sua diagonal, apontando para a porta.

– Se o seu assunto for de interesse dele, ele o escutará. Tem tempo para todos, menos para as opiniões da filha... – ela forçou um sorriso, não precisava dizer em muitas palavras para Thor entender.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora