Capítulo Vinte e Oito

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– Como ela está? – Mia aflita perguntou rapidamente ao ver Soraya saindo do quarto de Emily.


– Ela ficará bem. Ela apenas perdeu seu controle. Uma prova disso é que ela ainda quer ouvir tudo o que vocês descobriram lá dentro.

– Forte como sempre... – ela acabou soltando um riso de nervoso e em seguida sentiu um aperto envolver seu coração. Seus olhos se encheram de lágrimas e para disfarçar sua expressão, Mia mordeu os lábios inferiores.

– Devo me desculpar com ela.

Quando tocou a porta, Soraya a impediu de entrar.

– Não. Não deve. Emily escolheu fazer isso, Mia. Pedir desculpas fará ela pensar que não foi o suficiente. Apenas deixe-a descansar.

– Emily se recuperou? – Anna quis saber ao sair do quarto onde dormia com sua irmã. Ela ainda carregava a poeira da cripta em suas vestes e corpo.

– Ela está melhor, mas repousará pelo momento – disse a bruxa, num tom gentil.

– Como está Savannah? – Perguntou Mia. – Ela já respira melhor?

– Sim. Aparentemente ela está melhor – respondeu aliviada.

– Bom, darei uma olhada em Savannah, conferir se precisa de alguma coisa. Descanse, Mia. Ficar acordada agora não te ajudará em nada.

Soraya caminhou até Anna e plantou um beijo na testa dela, levantando seu queixo e disse:

– Fora muito corajosa hoje, querida. Está na hora de descansar, eu cuidarei de sua irmã.

As bochechas de Anna coraram e Soraya adentrou no quarto.

– Ela tem razão, Anna. De fato, você foi muito corajosa hoje. Você teve o senso que eu não tive.

– Não se preocupe, Mia. Você apenas queria respostas – Anna apanhou sua mão –, não acho isso errado. Todos nós merecemos a verdade. Não se culpe, no final, todos nós sobrevivemos.

Ela sorriu, por mais que Mia soubesse que as palavras foram ditas na melhor intenção, apenas lhe fizeram sentir arrogante e egoísta.

II

A silhueta da garrafa de vinho que Mia observava pareceu se multiplicar de um momento para o outro. Ela disse para si mesma que seria o último gole daquele vinho doce com um toque irresistível de amora, no entanto ela notou que dissera a mesma coisa nos últimos goles de puro álcool. O braço estendido sobre a mesa apoiava a cabeça enquanto ela podia admirar a garrafa multiplicadora de vinho. Ela já tinha derramado tantas lágrimas e as sentias secas sobre as maçãs do rosto. Mia acreditava que ela se tornara totalmente seca e que nada mais havia para ser derramo. Por isso, agora, ria à toa, sentindo as estranhas voltas que sua cabeça dava mesmo quando estava parada.

Pensou que talvez estivesse ébria. Durante a madrugada.

Era uma boa hora para ficar ébria.

– Mia? – A voz levemente rouca de Lucky pairou na cozinha. Ela ergueu a cabeça e viu o ladrão na entrada do arco da cozinha. Obviamente ele ainda estaria acordado, porque Lucky nunca dormia, ao menos não na hora em que todos dormiam.

– Eu – disse, sua voz pareceu mole e ela acabou rindo. – Eu agora posso entender o porquê você bebe isto! É extraordinário!

Berbatov foi até a mesa e apanhou a garrafa.

– Você tomou quase toda minha garrafa de vinho de amoras!

Ela içou um olhar divertido, debochando de seu sentimentalismo por uma garrafa.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora