Capítulo Trinta

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Os pés de Mia recuaram ao ouvir a ríspida voz do rei, vindo do escritório. A porta estava entreaberta, a única fonte de luz era a penumbra que vinha da sala em direção ao breu do corredor. Dali, a princesa escutava a conversa de seus pais com uma convidada peculiar.

– Eu estou farto de seus joguinhos, feiticeira! – O rei bradou como um trovão, provocando um tremor na filha, ainda assim, ela se aproximou para continuar ouvindo.

– Pelos deuses, Acácia, peço que entenda nosso lado – a mãe choramingou. – Nós apenas queremos proteger nossa filha! Ela não está preparada para tudo isso!

– Eu já usei demasiada magia nessa garota, vocês não entendem?! Amélia absorve toda a magia que eu uso nela como se ela se alimentasse dela. Vocês se recordam muito bem como fora a última vez!

– Cirelli, não é a rainha que lhe implora. É uma mãe, desesperada e aterrorizada com o fato de perder sua filha... eu imploro.

Mia arregalou os olhos e seu corpo tomou um impulso por si próprio, no outro momento ela estava dentro do escritório.

– Por que você me perderá? – Questionou ela, abismada. Semicerrava os sensíveis olhos pela brusca mudança de luminosidade, avistou seu pai no lugar de costume em sua cadeira principal, depois viu a própria rainha ajoelhada aos pés de uma mulher desconhecida. A princesa fitou-a assusta. Era uma mulher de idade avançada de cabelos claros, seus olhos azuis como o oceano a observaram curiosamente.

– Eu a conheço?

Todos se levantaram surpresos.

– Amélia, não era para você estar aqui – seu pai repreendeu.

Ela não conseguia deixar de encarar a mulher de cabelos claros, sentia tê-la visto antes.

– Do que vocês estavam falando? O que há de errado comigo? – desviou o olhar para os pais, estava assustada.

A velha mulher lançou um olhar pensativo para o rei, prensou os lábios e respirou fundo.

– Amélia, venha até mim – ela pediu.

– Não irei até você até me dizer quem é.

A senhora soltou um pequeno sorriso amigável.

– Eu sou Cirelli, uma amiga distante, e eu quero te ajudar.

– Se quer me ajudar, então comece falando a verdade! – rosnou a princesa. A mulher lhe encarava, não brava, apenas com um olhar profundo e indecifrável.

– Amélia, te contaremos a verdade – a rainha disse. – Apenas venha até aqui. Sente-se.

A princesa não moveu nenhum músculo, examinava todos, arisca.

– Somos seus pais, minha querida. Não te faremos mal algum – a mãe continuou, seus olhos estavam avermelhados, ela esteve chorando.

Mia engoliu seco e devagar se aproximou.

– Você não precisa ter medo – a mulher pronunciou numa voz doce, estendendo a mão com sua aproximação. – Eu nunca iria machucá-la.

O rosto dela transmitia bondade e doçura.

Aflita, Mia procurou o olhar da mãe, atrás da tal feiticeira, ela acenou com a cabeça como quem dissesse que ela deveria confiar. A mulher abriu outro sorriso e lentamente, Mia lhe estendeu a mão.

Quando as mãos se tocaram, e um choque indolente atravessou o corpo da princesa, lhe assustando. No mesmo instante ela tentou se desvencilhar, mas a senhora firmou sua mão. Num clarão, Mia viu diversas memórias passarem por sua cabeça. Vi uma garota numa sala pedindo por vingança, logo se viu pintando um quadro, memórias que não pareciam ter vinculo umas com as outras, memórias que mesmo ela se lembrava de ter vivido.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora