Capítulo 2🍷Golpes do destino🍷

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Jogo a última batata descascada no panelão à frente. Esse foi o castigo por ser pega brigando com outra interna, trabalhar na cozinha do internato por duas horas diárias. Estou privada de fazer o que mais gosto, pois não sobra tempo para ir ao observatório.

O saldo positivo de tudo foi a amizade que ganhei de dona Rosa, a cozinheira do internato, uma excessão dos demais funcionários, sempre prestativa e maternal.

_ Droga! Quebrei outra unha. _ Munira joga uma batata deformada na pia.
Ela também foi punida com tarefas culinárias.

_ Tudo isso é culpa sua dos Anjos. _ Solta a faca e sai andando revoltada.

Dona Rosa e eu a observamos com as sobrancelhas erguidas. Já estamos acostumadas com os frequentes ataques histéricos de Munira.

A diretora Menezes entrou em contato com minha mãe para comunicar a advertência que recebi, mas até agora dona Maria não ligou para mim. Espero que não tenha ficado muito decepcionada ou que isso tenha prejudicado minha bolsa de estudos.

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Ao término das tarefas no refeitório, me surpreendo com alguém encostado ao lado da porta do lado de fora

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Ao término das tarefas no refeitório, me surpreendo com alguém encostado ao lado da porta do lado de fora...

_ Oi. Posso falar com você?

O aluno novo, que defendi no outro dia me aborda.

_Oi. Claro.

_ Rodolfo de Alcântara Vilaverde Filho. _ Estende a mão estufando o peito.

_ Nossa, pelo nome parece ser alguém bem importante. _  Analiso incerta se fiz bem em defendê-lo.

_ Que nada. Meu pai que é. Sou apenas um garoto com dificuldade em me enturmar.

O peito murcha um pouco e o rosto fica vermelho.

Pelo jeito, Rodolfo estava só tentando impressionar.

_ Vejo que conseguiu concertar os óculos...

Aponto com a cabeça.

_ Na verdade, esse é outro. Sempre ando com um reserva.

Conversamos enquanto caminhamos para a próxima aula.

_ Sinto muito pelo o que Munira fez no outro dia.

Rodolfo afirma com a cabeça.

_ Queria agradecer pelo o que fez. _ Endireita os óculos que escorregam no nariz.

_ Não fiz nada. Esquece.

_ Claro que fez! Poderia ter se omitido como os outros. A maioria prefere não se envolver em problemas alheios.

_ Não consigo ser assim. _  Solto o ar exasperada. _  Mas por que não se defende? Não permita que te tratem com desrespeito.

_ Já desisti faz tempo de bater de frente com gente como Munira. Aprendi que o quanto menos reajo, mais rápido me deixam em paz.

_ Isso não é certo. _ Suspiro inconformada.

Entramos juntos na sala para a próxima aula.

Apesar da timidez, Rodolfo conseguiu ficar mais próximo de mim e de Micaela. Talvez nos enxergue como aliadas, mas o incidente serviu para ganharmos uma nova amizade quase no fim do ano letivo. Coisas do destino...

 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora