Jogo a última batata descascada no panelão à frente. Esse foi o castigo por ser pega brigando com outra interna, trabalhar na cozinha do internato por duas horas diárias. Estou privada de fazer o que mais gosto, pois não sobra tempo para ir ao observatório.
O saldo positivo de tudo foi a amizade que ganhei de dona Rosa, a cozinheira do internato, uma excessão dos demais funcionários, sempre prestativa e maternal.
_ Droga! Quebrei outra unha. _ Munira joga uma batata deformada na pia.
Ela também foi punida com tarefas culinárias._ Tudo isso é culpa sua dos Anjos. _ Solta a faca e sai andando revoltada.
Dona Rosa e eu a observamos com as sobrancelhas erguidas. Já estamos acostumadas com os frequentes ataques histéricos de Munira.
A diretora Menezes entrou em contato com minha mãe para comunicar a advertência que recebi, mas até agora dona Maria não ligou para mim. Espero que não tenha ficado muito decepcionada ou que isso tenha prejudicado minha bolsa de estudos.
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Ao término das tarefas no refeitório, me surpreendo com alguém encostado ao lado da porta do lado de fora...
_ Oi. Posso falar com você?
O aluno novo, que defendi no outro dia me aborda.
_Oi. Claro.
_ Rodolfo de Alcântara Vilaverde Filho. _ Estende a mão estufando o peito.
_ Nossa, pelo nome parece ser alguém bem importante. _ Analiso incerta se fiz bem em defendê-lo.
_ Que nada. Meu pai que é. Sou apenas um garoto com dificuldade em me enturmar.
O peito murcha um pouco e o rosto fica vermelho.
Pelo jeito, Rodolfo estava só tentando impressionar.
_ Vejo que conseguiu concertar os óculos...
Aponto com a cabeça.
_ Na verdade, esse é outro. Sempre ando com um reserva.
Conversamos enquanto caminhamos para a próxima aula.
_ Sinto muito pelo o que Munira fez no outro dia.
Rodolfo afirma com a cabeça.
_ Queria agradecer pelo o que fez. _ Endireita os óculos que escorregam no nariz.
_ Não fiz nada. Esquece.
_ Claro que fez! Poderia ter se omitido como os outros. A maioria prefere não se envolver em problemas alheios.
_ Não consigo ser assim. _ Solto o ar exasperada. _ Mas por que não se defende? Não permita que te tratem com desrespeito.
_ Já desisti faz tempo de bater de frente com gente como Munira. Aprendi que o quanto menos reajo, mais rápido me deixam em paz.
_ Isso não é certo. _ Suspiro inconformada.
Entramos juntos na sala para a próxima aula.
Apesar da timidez, Rodolfo conseguiu ficar mais próximo de mim e de Micaela. Talvez nos enxergue como aliadas, mas o incidente serviu para ganharmos uma nova amizade quase no fim do ano letivo. Coisas do destino...
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Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1
RomancePrestes a completar dezoito anos, Alexandra dos Anjos terá que fazer uma escolha que definirá o rumo de sua vida. Estudou desde os quinze em um dos internatos mais conceituados do Rio de Janeiro enquanto a mãe esteve fora do país trabalhando como go...