Caio ajoelhada próxima aos seus pés. Olhos azuis aflitos me encaram. Ele estica o corpo e encosta a testa na minha. Seguro seu rosto com as duas mãos.
_ O que aquele monstro fez com você?!
Uma aflição insuportável invade meu peito ao imaginar tudo o que Cesare sofreu para chegar ao ponto que está.
_ Não era para você estar aqui. Te pedi para ficar no Castelo. Como conseguiu me encontrar?
_ Pare de se preocupar comigo. Precisamos sair daqui o quanto antes. Kiara está nos esperando. _ Digo tentando desatar os nós das cordas que o prende por tornozelos e pulsos.
_ Não adianta. Não vai conseguir desfazer essas amarras. Pensa que já não tentei?_ Ele se contorce. Noto que os pulsos e tornozelos estão feridos de tanto atrito.
_ Precisamos tentar outra coisa, então.
Olho ao redor buscando uma solução.
_ Espere! Tive uma ideia. _ Corro em direção a uma das tochas presas na parede.
_ O que vai fazer?_ Cesare me observa arrancar uma das garrafas cheia de querosene.
_ Vou atear fogo na corda. Precisa ser rápido para não queimar a pele. _ Explico preocupada.
_ Certo. Primeiro as cordas dos pulsos. Rápido!
Encosto a tocha na corda. Logo o fogo ateia no material seco. Cesare começa a puxar e se contorcer. O ajudo a afastar o fogo para não queimá-lo. Seus braços ficam livres rapidamente. Sorrio satisfeita. Faço o mesmo processo com as amarras dos tornozelos. Assim que fica livre, se levanta. Jogo a tocha no chão e me lanço em seus braços. Ele cambaleia para trás com o impacto. Está fraco e desidratado.
_ Sinto muito interromper os pombinhos, mas não vou conseguir segurar esses caras por muito tempo! _ Despertamos com o grito de Kiara que vem da porta.
_ Vamos! _ Me desvencilho do abraço, seguro a mão de Cesare e o puxo.
Ao chegar no vão da porta ele geme e põe a mão em uma das costelas.
Droga, aqueles malditos o machucaram muito. Devem ter deslocado suas costelas.
O apoio de um lado. Kiara vê seu estado e o apoia do outro. Seguimos apressados pelo corredor. No caminho, meia dúzia de corpos de homens caídos. Alguns ainda gemem tentando se levantar.
_ Fez um bom trabalho por aqui! _ Cesare comenta com uma careta de dor.
Pulamos os obstáculos humanos.
_ Rápido! Por aqui! _ Kiara nos guia pelo mesmo caminho que viemos.
_ Esperem! _ Cesare para em frente uma porta. A mesma que passamos anteriormente e ouvi a voz de Antonella.
_ Não temos muito tempo, Cesare! Precisamos sair daqui! Esse lugar é o quartel de Giuseppe. Vai chegar reforço e nossa equipe não vai dar conta!
_ Minha mãe está aqui. Vi quando aquele porco mandou prendê-la, porque intercedeu por mim.
_ Esqueceu que ela escolheu ficar com ele?
_ Mas continua sendo minha mãe. Não posso abandoná-la.
_ Não dá para agir com o coração nessas horas. Precisa ser racional, Cesare!
_ Sinto muito. Não consigo. Pode ir na frente. Leve Alexandra. _ Cesare desvia o olhar de Kiara para mim. _ Nos encontramos lá fora. Eu prometo. _ Tenta largar minha mão, mas não permito.
_ Não, eu fico com você.
Kiara revira os olhos impaciente.
_ Porque nunca me obedece?_ Ele franze a testa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1
RomancePrestes a completar dezoito anos, Alexandra dos Anjos terá que fazer uma escolha que definirá o rumo de sua vida. Estudou desde os quinze em um dos internatos mais conceituados do Rio de Janeiro enquanto a mãe esteve fora do país trabalhando como go...