Os primeiros prédios começam a surgir no horizonte indicando que estamos próximos de Sambuca.
A cidade foi projetada no alto de um morro. A torre principal de uma igreja se destaca.
O vilarejo é cercado por bosques e um lago. Diferente do centro, não se vê muitas pessoas circulando à noite.
Há muitos prédios antigos, a maioria com a mesma estrutura e tons amarelo alaranjado.
Enquanto o carro trafega pelas ruelas estreitas de pedras, noto que boa parte das edificações foram revitalizadas, mas ainda existem prédios que necessitam de reformas.
O carro circula uma praça e segue pela via que parece cortar a província ao meio. O motorista Mattias vai diminuindo de velocidade quando o veículo se aproxima de uma propriedade com grandes portões de ferro preto.
Trepadeiras cobrem parte do portão e se espalham sobre o muro alto. Um jardim gigantesco todo gramado e com pequenos arbustos se revela dos dois lados do caminho de pedra que leva à entrada principal da mansão majestosa.
O carro circula uma fonte seca com a estátua de um leão no centro e pequenas flores liláses plantadas no tanque, que talvez no passado tenha servido de depósito de água, e estaciona na entrada iluminada.
Ergo os olhos e percorro a faixada da propriedade de dois andares que exibe tijolos na mesma tonalidade dos prédios do vilarejo e muitas janelas que vão quase até o chão.
Nota-se que a edificação passou por sucessivas reformas, mas a família de Cesare fez questão de manter a arquitetura original.
Assim que descemos do carro dois cães negros surgem abanando as caldas. Os labradores, apesar do tamanho, parecem amigáveis. Cesare afaga as cabeças dos dois e sobe a escadaria de entrada seguido por mim e Nicollo. Mattias carrega minha mala mais atrás.
_ Buona notte, signore Leone! Benvenuto! _ Uma jovem senhora italiana de estatura mediana e cabelos negros e lisos na altura dos ombros nos recepciona.
_ Boa noite, Donatta. _ Cesare apoia uma bolsa de viagem no chão e volta-se para mim.
_ Quero que conheça Alexandra dos Anjos. Filha de Maria.
Donatta me observa com olhar curioso. Sua única reação é um arquear de sobrancelhas.
_ Alexandra estará sobre minha tutela até que complete a maior idade, como desejo de sua mãe. Espero que possa ajudá-la a se acomodar e adaptar-se em nossa casa.
_ Claro, signore. _ Donatta faz uma reverência com a cabeça e se dirige a mim. _ Me acompanhe, per favore.
Sigo Donatta acompanhada por Mattias, que me ajuda com a mala. Meus olhos percorrem rapidamente a sala de estar luxuosa. Mal dá para assimilar tudo de uma só vez.
Um lustre imenso de cristal pende do teto e o piso branco de mármore brilha a ponto de refletir minha imagem.
Me sinto em um castelo. Deslizo a mão direita pelo corrimão dourado da escadaria lateral que leva ao segundo andar. Passamos por várias portas fechadas que aguçam minha curiosidade.
_ O senhor Leone mandou preparar esse quarto para você. _ Donatta abre uma das portas e me dá passagem.
O ambiente é espaçoso e claro. Decorado em tons de rosa champagne e branco. Uma cama de casal com dossel e colcha de estampa floral ocupa o centro do quarto. Há ainda uma janela que vai do teto ao chão e que dá acesso a uma sacada. A cortina branca e fina balança suavemente com a brisa da noite.
_ É lindo... _ Desvio os olhos para Donatta que mantém as feições sérias.
_ Continuo achando um exagero preparar um quarto enorme desses só para uma garota. Mas o senhor Cesare insistiu, então quem sou eu para contestar. _ Ela sacode os ombros.
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Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1
RomancePrestes a completar dezoito anos, Alexandra dos Anjos terá que fazer uma escolha que definirá o rumo de sua vida. Estudou desde os quinze em um dos internatos mais conceituados do Rio de Janeiro enquanto a mãe esteve fora do país trabalhando como go...