A manhã passou rápida demais na companhia de Pietro. Ficamos por um bom tempo na casa da árvore. Jogamos e inventamos histórias. Mas durante o almoço o sorriso do menino murchou ao ver que seu pai não estava presente mais uma vez. Apenas Nicollo nos fez companhia.
Passei o restante da tarde explorando a biblioteca da mansão. A variedade de livros no lugar é absurda. Pietro se distraiu com um desenho animado no celular, enquanto li trechos de alguns exemplares. Os de astronomia são os que mais me atraem.
_ Quero que meu aniversário seja de fórmula 1. _ Pietro quebra o silêncio de repente.
Levanto o rosto e lhe dou atenção.
_ Nossa! Vai ficar uma festa bem legal.
_ Pena que tenho poucos amigos.
O menino faz beicinho.
_ Acha que se eu convidasse os meninos da Vila eles viriam?
_ Podemos tentar. Quando será seu aniversário?
Pietro olha para Nicollo.
_ Quinze de março. _ Nicollo responde por ele.
_ Também faço aniversário em 15 de março! Farei 18 anos.
_ Que legal! _ Pietro pula do sofá.
_ Podemos comemorar o aniversário de vocês juntos. _ Nicollo dá ideia.
_ Acho que não tenho muito o que comemorar esse ano. _ Suspiro.
_ Não diga isso, caríssima! Tenho certeza de que Maria não ficaria feliz em ouvir você falar assim. _ Nicollo se estica e segura minhas mãos.
_ Entendo que esteja sofrendo. Também sinto muito a falta dela. Mas sua mãe não gostaria de vê-la triste. Ela gostaria que seguisse em frente.
_ No momento prefiro não pensar em festas. Vamos ver.
_ Tudo bem. _ Nicollo dá tapinhas em minhas mãos.
_ Nicollo, você e minha mãe eram amigos muito chegados?_ Estreito os olhos ao sondar o rosto do secretário de Cesare.
Ele abaixa a cabeça e sorri. Acho que entendeu perfeitamente a intenção de minha pergunta.
_ Quer saber se sua mãe e eu estávamos envolvidos amorosamente? Não, não estávamos.
Me analisa antes de continuar.
_ Mas garanto que não foi por falta de vontade minha. Eu admirava demais Maria. Além de ter sido uma mulher linda.
Pela primeira vez percebo que Nicollo se emociona ao falar de minha mãe.
_ Uma pena que não tiveram tempo. _ Toco seu ombro.
Ele me observa surpreso.
_ Faria muito gosto em tê-lo como padrasto. Minha mãe sempre foi muito sozinha. Não tinha tempo para si.
_ Sei disso.
Nicollo sorri de um jeito triste.
_ Você me lembra muito ela. Não só fisicamente como na personalidade. Tenha certeza que sempre estarei aqui quando precisar, caríssima. Conte comigo para tudo. Você não está só, Alexandra.
_ É bom ouvir isso. Meus olhos se enchem de lágrimas.
_ Obrigada, Nicollo. _ Encosto a cabeça em seu ombro.
_ É bom saber que existe mais alguém nessa casa que se agrada de minha presença além de Pietro.
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Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1
RomancePrestes a completar dezoito anos, Alexandra dos Anjos terá que fazer uma escolha que definirá o rumo de sua vida. Estudou desde os quinze em um dos internatos mais conceituados do Rio de Janeiro enquanto a mãe esteve fora do país trabalhando como go...